A EEEMF Primo Bitti foi reaberta para acolhimento de pais, alunos e professores
Cerca de 20 dias após os ataques aos colégios de Aracruz, que deixou 4 mortos e vários feridos, a EEEMF Primo Bitti foi reaberta para acolhimento de pais, alunos e professores. Foi um retorno marcado por abraços e muita emoção nesta quarta-feira (14).
Bryan estava no refeitório da escola no momento em que o atirador entrou no local. Para se salvar, o estudante teve que pular o muro. Ao retornar para a escola, ele disse que ainda se sente inseguro, com medo, mas também tem esperança.
“Teve muita gente que se machucou, pularam da escola lá de cima, a gente teve que sair correndo e pular o muro”, contou Vieira.
Carmem Santos levou flores para homenagear todos que de alguma forma foram impactados pelo atentado. Uma forma de apoiar a própria filha Emily nesse retorno.
“Ela me chamou para vir aqui, eu disse: ‘Ah, minha filha, mas eu preciso ir?’, ela: ‘Ah mãe, é porque eu não tô querendo ir na escola sozinha’, eu disse: ‘Tá bom minha filha, então amanhã a gente vai pra eu te acompanhar pra ver como é que é'”, relatou Carmem.
Mesmo com o apoio da mãe, a aluna sabe das dificuldades que enfrentará na readaptação a escola.
“Acho que não vai ser muito fácil retornar, mas é uma coisa que pode acontecer em qualquer lugar e não é culpa da escola. Então, é um pouco difícil, mas eu sei que eles estão tentando o melhor deles pra dar suporte pra gente”, disse Emily.
Escola passou por intervenções após o atentado
A Escola Primo Bitti passou por uma reforma após o ataque. Os muros foram pintados com novas cores, mas para quem conhece cada canto da escola, as marcas não são apenas físicas.
Por isso, o retorno dos estudantes, pais e funcionários está sendo realizado gradualmente, com rodas de conversas, atendimentos psicológicos e com a arte.
“O nosso principal foco aqui, essa semana, é o acolhimento e o cuidado dos estudantes. Então, nessa semana nós recebemos os professores no espaço escolar, fizemos rodas de acolhimento, estamos com diversos parceiros que já tem experiência em trabalhar com esse tipo de contexto e cuidando da saúde mental, tanto dos funcionários de toda a escola, como dos alunos”, contou Priscila Nascimento, da Ação Psicossocial Escolar.
Algumas partes da escola ainda estão em obras e devem ser concluídas nas próximas semanas. O local por onde o atirador entrou e portão que ele quebrou foram demolidos e serão substituídos por um muro para aumentar a proteção.
Veja a programação completa de reabertura:
De acordo com a Secretaria de Educação (Sedu), a programação de reabertura vai contar com atividades culturais e esportivas e foi pensada justamente para reconectar a comunidade com o ambiente escolar. Mas não há obrigatoriedade de participação, uma vez que muitas pessoas podem não estar prontas para este reencontro.
Dentre as atividades, que acontecerão nos turnos matutino, vespertino e noturno – para este último, ainda será enviado o informe específico – os presentes receberão oficina de teatro, fotografia, esportes, jogos para expressão de sentimentos e rodas de conversa.
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Para receber os alunos, foram designados profissionais de psicologia que estarão a postos para atender os estudantes diante de qualquer necessidade ou ocorrência que possa surgir no reencontro.
Quatro pessoas morreram e duas continuam internadas na Grande Vitória
Dos 12 feridos no ataque, 2 continuam internados em hospitais da Grande Vitória. Duas mulheres de 51 e 37 anos estão no Jayme Santos Neves, em estado estável. Quatro pessoas, sendo três professoras e uma aluna de 12 anos, morreram. Além da Escola Primo Bitti, uma unidade de ensino particular também foi ano do atirador.
Já o adolescente de 16 anos autor do atentado continua no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Estado. Ele foi julgado pela Vara da Infância e Juventude e ficará por até três anos internado. O jovem precisará passar por uma avaliação judicial a cada 6 meses. A Polícia Civil continua investigando o caso.
Pai de adolescente é afastado e investigado na PM
O pai do adolescente que invadiu duas escolas em Aracruz foi afastado das funções operacionais da Polícia Militar. A corporação também instaurou um inquérito para apurar a facilidade em que ele teve acesso às armas do pai. O policial militar, pai do garoto, irá atuar apenas em atividades administrativas durante as investigações.
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O adolescente de 16 anos, segundo a polícia, confessou o crime. Em depoimento à Polícia Civil, o jovem disse que aproveitava para manusear as armas do pai, que é da Polícia Militar, sempre que ficava sozinho em casa. Segundo o adolescente, antes que os pais retornassem, ele colocava as armas no mesmo lugar para que o pai não desconfiasse.
Fonte: Folha Vitória