O Salão São Tiago, no Palácio Anchieta, em Vitória, recebeu, na noite
desta terça-feira (17), a cerimônia do Prêmio Humaniza 2019. Em clima
de festa, foram revelados os ganhadores da premiação em três categorias.
Realizado pela Secretaria de Justiça (Sejus) em parceria com a
Secreteria de Direitos Humanos (SEDH), o Prêmio reconhece os servidores
que trabalham para transformar e humanizar o sistema prisional capixaba.
Nesta edição, 67 inscrições foram realizadas, contando com 40
semifinalistas. O evento fecha a XI Semana Estadual de Direitos Humanos.
Os
candidatos são escolhidos após análise criteriosa da banca julgadora,
composta por pesquisadores e especialistas que têm reconhecida atuação
no campo das políticas prisionais, nas áreas de políticas públicas e
sociais e de gestão.
Na categoria Atitude Humanizadora, o
primeiro lugar ficou com a servidora Glécia Pereira da Silva, do Centro
Prisional Feminino de Colatina (CPFCOL). Na categoria Gestão
Humanizadora, o ganhador foi o Centro de Detenção Ressocialização de
Linhares (CDRL) e o primeiro lugar na categoria Projeto Humanizador
ficou com a “Fábrica de Sonhos”, desenvolvido na Penitenciária Agrícola
do Espírito Santo (Paes).
O Prêmio Humaniza é dedicado aos
servidores da Sejus que são reconhecidos por seus esforços individuais e
coletivos em promover e qualificar o trabalho no âmbito dos direitos
humanos, com foco na dignidade e respeito.
Premiação
O
governador Renato Casagrande prestigiou a cerimônia de entrega do
Prêmio Humaniza 2019. Ele celebrou a iniciativa dos servidores
homenageados em promover iniciativas produzem esperança e gera
oportunidades a quem está em privação de liberdade. “Se na sociedade
manter um ambiente de equilíbrio e harmonia já é difícil, existe uma
dificuldade em manter esse equilíbrio com quem está em cárcere. Como
gerar esperança no coração dessas pessoas? É importante estarmos
premiando nossos servidores. Vocês fazem a diferença. Vocês estão
plantando uma esperança no coração de quem necessita”, disse.
Casagrande
também ressaltou os resultados das políticas públicas do Governo do
Estado na redução do numero de detentos no sistema prisional. Ele
afirmou ser possível prender menos e também diminuir o número de crimes.
“Tivemos
bons resultados no sistema prisional neste ano. Um dos pontos de maior
tensionamento que temos é a quantidade de pessoas que estão no sistema
prisional. Desde 2014 temos um numero fixo de vaga, mas o número de
pessoas que entram chega a 1500 ou até mais por ano. Chegamos a ter dez
mil detentos a mais do que a quantidade de vagas em nosso sistema
prisional. Chegar ao fim do ano e ver que o índice de crescimento da
população carcerária caiu muito, ao mesmo tempo em que estamos reduzindo
homicídios. Mostramos que é possível prender menos e reduzir a
criminalidade, qualificando as prisões”, apontou o governador.
O
evento contou ainda com a participação dos secretários de Estado da
Justiça, Luiz Carlos Cruz, e de Direitos Humanos, Nara Borgo, além de
servidores das unidades prisionais e das áreas administrativas. A Banda
da Sejus, formada por inspetores penitenciários, abrilhantou o evento
com músicas que falam de transformação, tempos melhores e perseverança,
como “Amor pra recomeçar”, de Frejat; “Daqui só se leva o amor”, de Jota
Quest; “Viva a vida”, de Felipe Duran; “Nunca desista”, Munhoz e
Mariano, entre outras.
Em seu discurso, o secretário Luiz Carlos
Cruz enfatizou o empenho dos servidores penitenciários para a gestão de
um sistema cada vez mais humano. “A entrega do Prêmio Humaniza
representa o esforço constante de cada servidor aqui representado em
contribuir com um sistema cada vez mais justo e humano. A missão dos
servidores da Sejus é muito nobre. São vocês que atuam em várias frentes
para oferecer um tratamento digno ao apenado e, com isso, proporcionar
mais segurança à sociedade, agindo de forma ética, com disciplina,
estratégia, mas, acima de tudo, promovendo cada ação com valor humano.
Essa é uma grande missão”, destacou.
A presidente da Coordenação
Executiva do Prêmio Humaniza 2019, Maria Jovelina Debona, ressaltou a
qualidade dos projetos apresentados a cada ano. “O Prêmio Humaniza é um
reconhecimento para as boas práticas realizadas no sistema prisional. A
cada ano, vemos a dedicação e qualidade das iniciativas apresentadas.
São ações que dão brilho ao servidor penitenciário e estimulam a
reintegração das pessoas privadas de liberdade com uma gestão mais
humana e inovadora”, lembrou.
Entrega ao governador
Durante
a cerimônia do Humaniza, o governador recebeu de presente artesanatos
desenvolvidos por internos nas unidades prisionais do Estado. Entre
eles, dois bonecos feitos em crochê, com a caricatura de Casagrande. O
artesanato foi desenvolvido pelos internos Delduquer José do Nascimento e
Emerson Saidler, da Penitenciária de Segurança Média I (PMSE I), no
Projeto Reabilitarte.
O interno Francione Salvador, da
Penitenciária Estadual de Vila Velha I (PEVV I), entregou ao governador
uma tela, pintada por ele, com a imagem do Palácio Anchieta. A arte foi
confeccionada no Projeto Despertando a Imaginação.
Vencedores
A
servidora Glécia Pereira da Silva, do Centro Prisional Feminino de
Colatina, conquistou o primeiro lugar na categoria Atitude Humanizadora.
Ela, que atua no Projeto Oficinas de Vidas, também realiza as escoltas
da unidade prisional, sendo a responsável pelos encaminhamentos de
internas a atendimentos externos. O trabalho, desempenhando com postura,
ética e disciplina garantiu a ela a primeira colocação no Prêmio.
Para
ela, a premiação é um reconhecimento aos 17 anos de dedicação ao
sistema. “Faço meu trabalho de coração. Nós tratamos todas elas como
seres humanos e tentamos incentivá-las a buscarem um novo caminho. Na
nossa unidade, a direção cria espaço para os servidores e oportunidades
para os internos”, afirmou Glécia da Silva.
O Centro de Detenção e
Ressocialização de Linhares foi o primeiro colocado na categoria Gestão
Humanizadora. O diretor da unidade, Nelson Merçon, destacou que
incentiva o desenvolvimento de projetos na unidade para a valorização
dos reeducandos e de sua equipe. Na unidade, internos participam de
projetos, oficinas, com vários espaços de trabalho e de multiplicação de
conhecimento que contribuem para a retomada de vida dos apenados. O
destaque fica por conta da Radio Vox que além de entretenimento, leva
conhecimento e minimiza a tensão no ambiente penal.
Além disso,
os servidores da unidade contam com espaço de terapias, barbearia,
salão, centro de treinamento, dentre outras ações, que dignificam o
trabalho do inspetor penitenciário e dos demais servidores, humanizando o
ambiente. Quanto aos familiares e à sociedade em geral, o tratamento
dispensado a eles e a abertura dada pela gestão resultam uma parceria
que tem dado muitos frutos.
“Temos na unidade uma rádio, cuja
programação é feita por reeducandos e para reeducandos com assuntos que
interessam a eles. Esse projeto, inclusive, foi premiado nesta
solenidade. Os desafios são muitos, mas trabalhamos juntos e recebo esse
prêmio em nome da equipe por toda a dedicação deles em avançar e
aprimorar a nossa unidade”, comentou Merçon.
A iniciativa Fábrica
de Sonhos, da Penitenciária Agrícola do Espírito Santo, foi a vencedora
na categoria Projeto Humanizador. Desenvolvido desde outubro de 2016, o
projeto tem como uma de suas finalidades a de proporcionar a reinserção
gradativa do reeducando ao convívio social por meio de seu trabalho e
qualificação profissional. A reflexão para práticas humanizadoras
através da confecção e entrega de brinquedos e produtos nas instituições
para crianças, bem como a reparação de lapsos junto à sociedade civil
na busca do respeito, solidariedade, ética e moral.
“Recebemos o
primeiro lugar com muita satisfação. Acreditamos que projetos como este e
os demais desenvolvidos na unidade podem transformar pessoas. Tudo que
fazemos é com dedicação e amor, que se reproduz em gesto de
solidariedade”, celebrou Leizielle Marçal, diretora da Paes.
FINALISTAS
CATEGORIA ATITUDE HUMANIZADORA:
EM 1º LUGAR:
GLÉCIA PEREIRA DA SILVA – Centro Prisional Feminino de Colatina
EM 2º LUGAR:
WALLACE FERREIRA DE OLIVEIRA – Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim
EM 3º LUGAR:
JOSÉ PAULO NASCIMENTO – Penitenciária de Segurança Média I
CATEGORIA PROJETO HUMANIZADOR:
EM 1º LUGAR:
FÁBRICA DE SONHOS – Penitenciária Agrícola do Espírito Santo
EM 2º LUGAR:
RÁDIO VOX – Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares
EM 3º LUGAR:
COLHENDO BONS FRUTOS – Penitenciária Semiaberta de Vila Velha
CATEGORIA GESTÃO HUMANIZADORA
EM 1º LUGAR:
CENTRO DE DETENÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO DE LINHARES
EM 2º LUGAR:
PENITENCIÁRIA REGIONAL DE LINHARES
EM 3º LUGAR:
CENTRO PRISIONAL FEMININO DE COLATINA
MENÇÃO HONROSA:
CENTRO PRISIONAL FEMININO DE CARIACICA
PENITENCIÁRIA DE SEGURANÇA MÉDIA 1
CENTRO DE DETENÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO DE LINHARES.
QUEILA ROSA DE SOUZA MERCÊS – PENITENCIÁRIA REGIONAL DE BARRA DE SÃO FRANCISCO
FRANK MULLER NASCIMENTO LOYOLA – PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE VILA VELHA III
PROJETO DA GESTAÇÃO PARA A VIDA – Centro Prisional Feminino de Cariacica
CENTRO DE TREINAMENTO PRL – Penitenciária Regional de Linhares
DIONISIO CARVALHO