O Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo ficou estabilizado no terceiro trimestre de 2019. O indicador de PIB Trimestral é uma estimativa calculada pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e foi divulgada nesta quarta-feira (18) em coletiva à imprensa, na sede do instituto, em Vitória.

O diretor presidente do IJSN, Luiz Paulo Vellozo Lucas, abriu a coletiva explicando os movimentos que garantiram a estabilização do PIB no terceiro trimestre. Segundo ele, o comportamento negativo da indústria vem acontecendo desde o primeiro trimestre. “São efeitos prolongados dos mesmos fatos negativos, a começar pela paralisação das atividades da Samarco, também os rearranjos acionários no setor de celulose, além da redução da produção no setor de petróleo. Por outro lado, a agricultura continua crescendo, à exceção do café Arábica por causa da bienalidade, mas o Conilon cresce muito, assim como os setores de serviço, transporte e o comércio”, disse.

De acordo com Vellozo Lucas, essa movimentação do comércio demostra a confiança das famílias e gera expectativas de crescimento da economia, assim como o aumento das importações. “E o que queremos destacar neste terceiro trimestre é o crescimento do comércio exterior. As importações capixabas voltaram a crescer depois da mudança da alíquota do Fundap e as exportações também. A economia capixaba é três vezes mais aberta ao comércio exterior e isso é um fator de dinamismo extraordinário”, afirmou.

O PIB nominal foi de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2019, totalizando R$ 123,6 bilhões em valores acumulados em quatro trimestres. Tomando por base o trimestre imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais, o indicador recuou -1,8%, primeira retração após três altas consecutivas. No confronto com o mesmo trimestre do ano anterior e no acumulado do ano, o PIB estadual ficou estável (0,0%), apresentando variação nula. Como visto, no acumulado em quatro trimestres registrou acréscimo de +0,5%.

O diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Pablo Lira, ressaltou a importância das ações do Governo no Estado para garantir a sustentabilidade da economia. “O Espírito Santo vem cumprindo seu dever de casa, mesmo em um momento de adversidade. Observamos as estratégias estruturantes, como a constituição do Fundo Soberano e o Fundo de Infraestrutura, garantindo bases sólidas para a economia, bem como com o equilíbrio e boa avaliação das contas públicas, destacada pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) desde 2012. Isso coloca o Estado em um patamar diferenciado no País”, pontuou.

No acumulado do ano, houve resultados negativos das indústrias Extrativa (-17,2%) e de Transformação (-8,7%), que foram compensados pelas altas no Comércio varejista ampliado (+4,7%) e nos Serviços (+0,1%). A diferença em relação a base de comparação anterior é que no acumulado do ano o Comércio varejista ampliado foi o principal responsável por balancear a retração na Indústria, uma vez que os Serviços ficaram praticamente estáveis.

O avanço de +6,3% do Comércio varejista ampliado foi determinante para a variação positiva de +0,5% no PIB estadual. Isso porque tanto as Indústrias Extrativa (-11,5%) e de Transformação (-5,9%) como os Serviços (-0,6%) apresentaram retração. Contribuiu também para a ligeira expansão da economia capixaba a previsão de alta na produção de várias culturas da Agricultura, entre as quais destacaram-se as variações em: café Conilon (+7,9%), mamão (+14,2%), abacaxi (+9,2%), cacau (+5,3%), pimenta-do-reino (+2,6%) e cana-de-açúcar (+0,2%).

O coordenador de Estudos Econômicos do IJSN, Antonio Ricardo Freislebem da Rocha, fez a apresentação dos dados do terceiro trimestre do ano. “O comportamento da economia depende da confiança dos investidores, dos agentes econômicos. A gente ainda acredita em um fechamento positivo no ano. Isso porque, no acumulado até o terceiro trimestre, recebemos sinais dos diversos setores. O mercado de trabalho, por exemplo, tem apresentado um saldo positivo de três mil novos postos de trabalho. Por isso, a gente acredita em uma retomada econômica ainda em 2019”, explicou.

Os dados completos constam no documento publicado pelo IJSN. A estimativa de PIB é calculada trimestralmente pelo Instituto e tem por objetivo um acompanhamento mais atualizado da economia do que o PIB anual, cujos resultados apresentam defasagem de dois anos. O cálculo do PIB Estadual é realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Panorama Econômico

No trabalho divulgado nesta quarta-feira (18) pelo IJSN consta ainda o Panorama Econômico do Espírito Santo, também referente ao 3º trimestre de 2019. A publicação apresenta uma análise detalhada dos movimentos econômicos captados pelo PIB Trimestral nos diferentes setores, além de outros dados e análises sobre Agricultura, Indústria, Comércio, Serviços, Comércio Exterior, Inflação e Mercado de Trabalho capixabas.

A produção industrial apresentou queda em todas as bases de comparação, com exceção da comparação com o trimestre anterior (+1,7%). O desempenho negativo deve-se às quedas na Indústria Extrativa – efeito da tragédia de Brumadinho, que refletiu negativamente na extração e produção de minério de ferro, e à queda na produção de petróleo e gás. Na Indústria de transformação, a queda foi por causa da retração na fabricação de celulose, papel e produtos de papel e na metalurgia.

O comércio apresentou variações positivas em todas as bases de comparação, com exceção da comparação contra o trimestre anterior, impulsionado pelo desempenho do varejo ampliado (setor de veículos, motocicletas, partes e peças). O setor de material de construção apresentou retração na comparação interanual, acumulado do ano e acumulado em quatro trimestres.

O setor de serviços apresentou crescimento em todas as bases de comparação, com exceção do acumulado em quatro trimestres (-0,6%), devido ao desempenho negativo nos serviços prestados por profissionais, administrativos e complementares, serviços de Informação e comunicação e outros. Apesar das reduções, o consumo das famílias, segmento de grande importância do setor, apresentou crescimento.

Entre os dez principais produtos da agricultura capixaba, seis apresentaram previsão de elevação da produção para este ano, comparativamente ao ano passado. O café, principal produto agrícola, apresentou estimativas bastante diferentes para o Conilon e o Arábica. Para o Conilon, a previsão é de aumento na área plantada e na produção, enquanto que para o Arábica, a previsão é de queda, principalmente na produção (-31,4%), devido à bienalidade dessa cultura.

O presidente do Sindicato do Comércio de exportação e importação do estado do Espírito Santo (Sindiex), Marcilio Machado, também participou da coletiva e comemorou os dados apresentados.  “Está havendo uma retomada da economia e acreditamos que para ano de 2020 há grandes chances de duplicarmos o comércio exterior. As importações cresceram 23% de janeiro a novembro deste ano, maior do que o crescimento do Brasil como um todo e isso é um bom sinal de que as exportações e o PIB serão maiores em 2020”, afirmou.

As exportações do agronegócio capixaba alcançaram US$ 360,4 milhões no terceiro trimestre de 2019, redução de -13,2% em relação ao trimestre anterior, decorrente das vendas de celulose (-31,3%) e pimenta (-37,5%). Os principais produtos exportados no trimestre foram café em grão (42,07%), celulose (40,89%) e pimenta (3,92%). A participação das exportações do agronegócio no total exportado pelo estado no trimestre caiu para 10,7%, menor participação desde o primeiro trimestre de 2016.

Em relação ao comércio exterior capixaba, que somou US$ 5,0 bilhões no trimestre, os resultados foram positivos em todas as bases de comparação. Em relação às exportações (+92,4% na comparação contra o trimestre anterior), destaque para a exportação de uma plataforma de petróleo (US$ 1,5 bilhões).

A inflação no terceiro trimestre na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) ficou em -0,5% (abaixo do Brasil que ficou em 0,3%), influenciado principalmente pelo grupo “Alimentação e bebidas” (-1,7%). No acumulado em quatro trimestres, a inflação atingiu 2,1% na RMGV (abaixo do Brasil que ficou em 2,9%) e abaixo do centro da meta estabelecida para a inflação brasileira no ano (4,25%). Influenciaram nessa base de comparação: Alimentação e bebidas (+5,0%) e Educação (+4,6%). No acumulado do ano a inflação atingiu 1,7% na RMGV e 2,5% no Brasil.

Em relação ao mercado de trabalho, que apresentou resultados positivos em todas as bases de comparação (exceto na comparação contra o trimestre anterior), observa-se um desempenho positivo, com saldo de +18.385 empregos no acumulado até o terceiro trimestre, fortemente influenciado pelos setores de Serviços (+10.038), Indústria de Transformação (+3.210) e Construção Civil (+3.025). A queda no terceiro trimestre (-637) foi decorrente da Agropecuária (-4.670). A taxa de desocupação no terceiro trimestre alcançou 10,6%, representando redução de 10 mil desocupados em relação ao mesmo trimestre de 2018.

O rendimento habitual médio de todos os trabalhos no 3° trimestre de 2019 foi estimado em R$ 2.158,00, para o Espírito Santo, não apresentando variação estatisticamente significativa.

No mercado formal – dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia – os empregos referentes ao terceiro trimestre de 2019, apresentaram saldo negativo de -637 postos de trabalho no Espírito Santo. Neste trimestre, o estoque de empregos no Estado alcançou o patamar de 739.352 vínculos de emprego, valor -0,11% menor em comparação ao registrado no trimestre anterior.

PIB Trimestral do ES – 3º Trimestre de 2019

Panorama Econômico do ES – 3º Trimestre de 2019