Com pouco tempo de trabalho, treinador estreia no Glorioso em jogo decisivo contra o Náutico pela Copa do Brasil e tenta superar rótulo de treinador ultrapassado
Quando a bola rolar entre Botafogo e Náutico, nesta quarta-feira, às 21h30, no Estádio dos Aflitos, em Recife, terá início a nova “Era Autuori” no Glorioso. O treinador contratado após a saída de Alberto Valentim tem um duplo desafio pela frente. De um lado, precisa fazer engrenar um elenco com muitas caras novas em relação à última temporada, missão em que o antecessor falhou. Por outro, o velho conhecido da torcida, em especial pela memória do título brasileiro de 1995, precisa apagar a desconfiança em razão dos trabalhos mais recentes, que não foram tão bem sucedidos. Tudo isso em meio a um processo de transição do futebol para o modelo S/A, em que a torcida alvinegra deposita esperanças de novas conquistas.
O pouco tempo de trabalho não vai permitir ainda ao técnico mudanças profundas na equipe. As crítica mais frequentes tem recaído sobre o sistema defensivo e a falta de criatividade. O primeiro teste será logo uma partida decisiva, fora de casa, pela Copa do Brasil, competição que garante boas receitas aos combalidos cofres do clube, a cada etapa. Em entrevista coletiva na véspera do confronto, Autuori afirmou que vai exigir, ao menos, uma atitude vencedora dos comandados, apesar do pouco tempo de trabalho.
– O desafio foi lançado. Um jogo fora de casa, decisivo. Sem a menor possibilidade de mostrarmos o que queremos ser. Alguma coisa do que queremos vamos mostrar. Principalmente em relação à atitude, como a entrega ao jogo, o fato de jamais desistir e a consciência tática. A gente sabe da importância da Copa do Brasil, gera muito grana. Será um jogo difícil – disse.
Autuori inicia a quarta passagem pelo Glorioso. Além da campanha que resultou em título nacional em 1995, ele este à frente da equipe em 1998 e 2001. Aos 67 anos, o novo comandante, no entanto, descarta a nostalgia. Na apresentação, há uma semana, deixou bem claro que vai dar uma resposta às críticas de que estaria ultrapassado com resultados.
A partir de hoje não vou mais me referir a esse tempo (1995). Já foi, é a história do clube. Queremos criar um solo fértil. Nosso olhar tem que ser para a frente e dentro dessa nova oportunidade que existe para o Botafogo. A idade chega para todos. Mas ser velho é quando você joga âncora em águas passadas e não se preocupa com a mudança dos contextos – filosofou quando apresentado.
Experiente e com um currículo vitorioso, Autuori foi a
aposta da diretoria para tirar o melhor futebol do japonês Keisuke
Honda, principal reforço para a temporada e atender às expectativas
elevadas de dez entre dez botafoguenses. O entusiasmo com a chegada do
craque oriental precisa ser correspondido e a cobrança pode aumentar
ainda mais, se confirmada a chegada do mafinense Yaya Touré, outro astro
internacional do esporte.
Rival em reconstrução
Adversário
do Botafogo, nesta quarta-feira, o Náutico vive uma reconstrução após
anos turbulentos. Gestões complicadas aliadas à falta de planejamento no
clube culminaram no rebaixamento do Timbu à Série C, em 2017. Há dois
anos, quando teve início a presidência de Edno Melo, os alvirrubros se
organizaram, conseguiram um título estadual e foram campeões da Série C
do Brasileirão, do ano passado.
Em 2020, sob o comando do técnico Gilmar Dal Pozzo, o Náutico realizou uma pré-temporada de 45 dias e fez onze contratações. Ao todo foram dez jogos, seis vitórias, três empates e uma derrota, com 17 gols anotados e apenas seis sofridos. O time é vice-líder do Estadual e do grupo B da Copa do Nordeste.
O ponto forte da equipe é a bola aérea. Dos 17 tentos na temporada, nove tiveram origem na bola parada, com destaque para Jean Carlos cobrador de faltas, escanteios e penalidades.
Em conversa com o LANCE!, o executivo de futebol do clube pernambucano Ítalo Rodrigues falou sobre os critérios adotados na montagem do elenco.
– Quando assumimos no final de 2017, sabíamos das dificuldades no ano seguinte. Nos reunimos e traçamos o perfil dos atletas com os quais queríamos trabalhar. Priorizamos atletas de força e velocidade, vencedores e com potencial de virarem ativos para o clube. Dentro da dificuldade financeira, conseguimos ser mais assertivos – explicou o dirigente.
Fonte: Lance