Moradores da região ouviram a criança, conseguiram achar a família e fazer o resgate
Depois do deslizamento no morro da Barreira do João Guarda, no Guarujá, nesta terça-feira (3), o choro de uma bebê de três meses, que estava embaixo dos destroços, salvou a vida dela e dos pais. Moradores da região ouviram a criança, conseguiram achar a família e fazer o resgate. Os vizinhos se esforçaram, mas não foi possível resgatar outros dois integrantes da família, Allana Granero de Oliveira, de 3 anos e Aliffer Adaílton Granero, de 6.
Fabiana Granero, desempregada e avó das vítimas, mora no morro em que a família foi soterrada, mas de acordo com ela, o local onde vive não foi atingido pela terra.
Fabiana morava em uma residência dividida em duas partes com os dois filhos mais velhos. A filha tinha três filhos, só a bebê sobreviveu. Seu outro filho dormiu com ela no dia do temporal e não foi atingido pelos deslizamentos.
“Eles perderam tudo, móveis, roupas. Mas o mais dolorido são as vidas que se perdem, nada paga isso. Minha filha e o marido só foram socorridos a tempo porque a bebê chorou e as pessoas conseguiram localizar onde eles estavam pelo choro da menina. Eles estavam cobertos de tantos escombros que foi mais de uma hora para a comunidade conseguir tirar eles de lá, mesmo assim os três sobreviveram”, explicou.
Mais abaixo dos escombros, estavam Alliffer e Allana. Os moradores não conseguiram socorrer as duas crianças a tempo. Seus corpos só foram retirados quando o corpo de bombeiros chegou no local do desastre. Samuel Alves dos Santos, ex-marido de Fabiana também foi localizado sem vida.
As três vítimas sobreviventes do deslizamento foram levadas para o hospital, mas já foram liberadas. O velório e sepultamento de Aliffer e Allana aconteceu nesta quarta-feira (4).
“Minha filha está abalada, é um sentimento que não da para explicar. Todos choraram muito. O mais difícil é só sermos enxergados pelo poder público em momentos de tragédia. Os moradores do morro precisam de estrutura. Ninguém mora no morro porque gosta, mora porque não tem condições de estar em um lugar melhor”, desabafou
De acordo com relatos de Fabiana, a família necessita de doações, móveis e coisas para o cuidado do bebê. Todos que sobreviveram estão morando na casa dela. “É pequena, mas é o que temos agora. Eu to tentando me manter bem para cuidar dos meus filhos”, contou.
“Até agora não tivemos apoio e nunca tinham nos orientado do risco. Há uns meses atrás abriu um buraco enorme no meio da rua e eles foram lá, examinaram e tamparam o buraco, só isso. O problema é que esperam o pior acontecer para tomarem uma atitude”, alertou.
Números do desastre
Nesta quinta-feira (5), o número de mortos nos deslizamentos da Baixada Santista subiu para 27. As desaparecidos somam 22 distribuídos por Guarujá, Santos e São Vicente.
Segundo a Defesa Civil do Estado, havia 151 desabrigados em Guarujá, 3 em São Vicente, 150 em Santos e 102 em Peruíbe.
Fonte: Jornal de Brasíla