Embora o ministro da Economia dê a entender que seria impossível pagar mais três parcelas de R$ 600, presidente da Câmara sinaliza positivamente à ampliação
Para ganhar tempo até o desenho de uma
nova política para os programas sociais do governo, uma das opções do
ministro da Economia, Paulo Guedes, é dar mais uma parcela do auxílio
emergencial de R$ 600, mas com o valor dividido ao longo de três meses.
Essa é uma das opções que estão na mesa de negociação da equipe
econômica.
Pelo cronograma atual, são previstas três parcelas do
auxílio emergencial. Agora, o governo estuda ampliar o benefício, desde
que o pagamento por mês seja menor.
Seria um modelo de transição
até que possam ser reformulados os programas sociais e encontrada fonte
de recursos para bancar o aumento de gastos permanentes. Uma negociação
que terá de ser feita com o Congresso para não estourar o teto de gastos
(mecanismo que proíbe o aumento das despesas acima da inflação) a
partir do ano que vem, quando não haverá mais o orçamento de guerra (que
livrou o governo de cumprir algumas das amarras fiscais para ampliar os
gastos no combate à pandemia).
A ideia é unificar os programas
sociais com o fortalecimento do Bolsa Família. A reformulação já estava
em curso antes da pandemia e agora ganhou urgência.
O custo
adicional da extensão do auxílio emergência ficaria em torno de R$ 35
bilhões a R$ 40 bilhões, diluído em três meses. Sem a ampliação, o
benefício já terá impacto de R$ 124 bilhões nos cofres públicos.
Fontes
da área econômica afirmam que a pressão pela extensão do programa nos
moldes atuais é grande por conta do longo período do isolamento, mas não
há recursos para bancar o acréscimo do programa de auxílio emergencial
no valor de R$ 600 por mais tempo.
A pressão parte do Congresso,
que tem apresentado propostas para a ampliação da rede de proteção
social após a pandemia da covid-19, que diminuiu a renda da população e
aumentou a pobreza no País.
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
diz que é preciso encontrar o equilíbrio “delicado” do auxílio na fase
pós-isolamento. Ele descarta, porém, estender o auxílio por três meses
no valor de R$ 600. “Não tem condições de estender tanto tempo”, afirma a
interlocutores.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
disse ter a “impressão” de que será necessário prorrogar o pagamento do
auxílio. Ele não deu detalhes de valores, nem do período pelo qual essa
renda poderia ser prorrogada. “Não podemos esquecer que o auxílio
emergencial é fundamental. Se a crise continuar ele vai ser tão
importante como está sendo agora”, disse.
Segundo o presidente da
Câmara, no entanto, é importante definir de onde sairão os recursos
para evitar que sejam criadas novas despesas. “Já coloquei alguns
parlamentares para estudar isso, para ter uma proposta que a gente possa
fazer ao governo de, se necessário for, continuar com o programa.”
‘Acima do previsto’
Em entrevista ao canal do YouTube do jornalista Magno Martins, o presidente Jair Bolsonaro disse que o pagamento do auxílio emergencial está “muito acima do previsto” e já contempla 51 milhões de brasileiros. “Entra a mãe solteira, outras pessoas e aí extrapola. E ainda querem prorrogar. Podem até prorrogar, agora paguem a conta depois. Subam de R$ 600 para R$ 10 mil e aí ninguém trabalha. Querem rodar dinheiro, mas aí depois vem a inflação”, disse Bolsonaro.
As informações são do jornal
Fonte: O Estado de S. Paulo.