A empresa japonesa aposta na virtualização do sistema e no formato aberto, cujas vantagens são não depender de um único fabricante
A NEC, empresa japonesa de telecomunicações, quer voltar a investir em infraestrutura de conexão móvel no Brasil, com foco especial para o 5G, a quinta geração de conexão para celulares e que virou alvo de disputas geopolíticas entre Estados Unidos e China. A empresa japonesa aposta na virtualização do sistema e no formato aberto, cujas vantagens são não depender de um único fabricante para montar a rede de conexão.
Isso pode acalmar os governos receosos de recusar os investimentos da empresa chinesa Huawei, maior player internacional, e também de fugir da pressão americana, que não quer ver Pequim tomando frente nessa corrida tecnológica.
Por que a NEC quer entrar na briga do 5G, motivo de disputas geopolíticas?
É uma oportunidade para voltarmos a ser um grande player no mercado global de telecomunicações. No Japão somos grandes fornecedores dessa tecnologia e 80% da nossa receita ainda vem de lá. Queremos surfar nessa onda do 5G para fazer uma expansão global.
Qual a vantagem do OpenRAN, em vez do formato fechado de fabricantes como Huawei, Ericsson e Nokia?
As operadoras não ficam tradicionalmente presas à rede de um único fabricante. É possível aproveitar as características de cada fornecedor e integrar as “peças” desses diferentes parceiros, igual a um grande Lego. Nós queremos montar esse Lego com uma rede híbrida para os clientes.
Qual é a estratégia da empresa para o Brasil?
A gente se vê como um grande orquestrador de tecnologia no País, que é um mercado gigantesco, maior que o japonês. O plano é ter um laboratório pronto no início de 2021, antes mesmo dos leilões de definição de frequência pela Anatel. Depois, queremos fazer teste de conceito, que ainda não conseguimos fazer com as operadoras brasileiras. E, dependendo da frequência que o governo brasileiro adote, a NEC pode fornecer equipamentos próprios para a infraestrutura.
Ter a Huawei fora do mercado abre espaço para negócios?
É uma oportunidade entrar no mercado após o bloqueio de um fabricante, mas a gente vem investindo em OpenRAN muito antes dessa briga entre Estados Unidos e China. O banimento de uma fabricante é mais uma alternativa e a discussão joga um holofote sobre os métodos alternativos de telecomunicações, que é onde a NEC se posiciona. Mas, com ou sem a Huawei, nós vemos oportunidade no 5G brasileiro.
Fonte: O Estado de S. Paulo