Flamengo e Athletico-PR decidem nesta quarta (4), às 21h30, no Maracanã, quem fica com a vaga para as quartas de final da Copa do Brasil .
Em julho do ano passado, os dois times também se encontraram na competição. Mas, em jogo, estava uma vaga para a semifinal.
A surpreendente conquista da vaga pelo Furacão, nos pênaltis, após dois empates em 1 a 1, naquela ocasião, abriu caminho para o título da equipe paranaense sobre o Internacional , em setembro.
E a eliminação, que poderia minar o moral e ser uma maldição para o Flamengo, acabou parecendo ter contornos de benção, já que o time conquistou todos os campeonatos que disputou depois daquele dia, exceto pelo Mundial de Clubes .
Já o Athletico, ainda que tenha chegado ao título, passou por um processo inverso logo depois da conquista.
Em que pese ter conquistado o Campeonato Paranaense na atual temporada, um título tão secundário que o clube o disputa na maior parte do tempo com um time sub-23, o Furacão começou a se dissolver justamente após levantar a Copa do Brasil.
Dentro e fora de campo, o Athletico que busca reverter o placar de 1 a 0 do jogo da última semana, na Arena da Baixada, é um arremedo daquele que bateu o Fla e rumou para a conquista.
Dissolução do elenco, atritos, demissões e punição da Fifa: quase tudo vem dando errado para o Furacão.
A começar pelo primeiro encontro dos clubes após aquele jogo, em janeiro deste ano, quando o Fla fez 3 a o no Athletico e ficou com a Supercopa do Brasil.
Troca no comando
O primeiro sinal da derrocada do Athletico foi a saída do técnico Tiago Nunes.
Cerca de dois meses após a conquista da Copa do Brasil, o treinador acertou com o Corinthians para comandar o time a partir de janeiro de 2020.
Apesar do acerto, Nunes se ofereceu para cumprir o contrato até o fim da temporada, o que daria ao time tempo para contratar um substituto com calma e fazer uma transição sem percalços.
Mas o presidente Mario Celso Petraglia, muito contrariado com a saída de Tiago, não aceitou. Para o lugar dele, o Athletico contratou Dorival Júnior, ainda em dezembro.
A questão com Nunes ficaria ainda pior em fevereiro deste ano, quando o técnico processaria o clube por irregularidades contratuais e não pagamentos de prêmios, inclusive pela conquista da Copa do Brasil.
A audiência do processo acontecerá ainda neste mês de novembro.
A saída de Tiago foi só o começo. O time encampou um desmonte ainda em 2019.
Diáspora
Entre negociações e empréstimos não renovados, 15 jogadores deixaram o clube, muitos deles titulares.
Em dezembro, o lateral Madson, atualmente no Santos, foi devolvido ao Grêmio. Mesmo mês em que o atacante Marco Ruben foi devolvido ao Rosario.
O ponta Marcelo Cirino rumou para o CQ Danqdai, da China, no mês seguinte.
O meia Bruno Guimarães, jogador de seleção brasileira, foi para o Lyon em janeiro de 2020 – mesmo mês em que Léo Pereira foi justamente para o Flamengo.
Rony, um dos maiores destaques da conquista, se transferiu para o Palmeiras em fevereiro deste ano. E Robson Bambu foi para o Nice em julho.
Questionado por tocedores, o presidente Mario Celso Petraglia disse não poder fazer milagres se clubes e jogadores não quiseram renovar empréstimos e outros quiseram ser negociados.
Com a transferência de Bambu, o clube chega a R$ 300 milhões arrecadados. O montante, é claro, não vai integralmente ao clube e será deduzido em impostos, comissões e outras partes.
Atritos direção x torcida
Como todos os clubes, o Furacão teve prejuízos devido à pandemia de COVID-19.
Mas em vez de conceder descontos para manter a base de sócios-torcedores, como quase todos os clubes fizeram, o presidente Mario Celso Petraglia instou os associados a pagarem o valor cheio, o que gerou atritos com a torcida.
Em julho, a Fifa anuncia que o Athletico está punido, impossibilitado de resgistrar atletas até julho do próximo ano, devido a uma irregularidade na contratação do atacante Rony, hoje no Palmeiras.
O clube inscreveu o jogador no Brasileiro de 2018 sem ter o documento de liberação do Abirex Nigata, com quem ele tinha vínculo. A punição começa a ser cumprida em outubro.
No campo, o Athletico até conquista o Parananense, em agosto, mas a experiência com Dorival Júnior não dá certo, e o técnico é demitido pouco tempo após o título.
Primeiramente, o auxiliar Eduardo Barros assume. Há uma semana, Paulo Autuori foi contratado para tentar arrumar um time que patina em campo.
O atrito da diretoria com a torcida, iniciado em abril, se intensifica em outubro. Insatisfeito com reclamações de torcedores acerca do desmanche do time, Petraglia chama o Athletico de “Time de Bairro”, e diz que ele é que transformou a agremiação no que é hoje.
No mesmo mês, Paulo André se demite do cargo de diretor de futebol que assumira há um ano e a cmissão técnica fixa é reformulada, o que inclui mudanças no departamento médico e o desligamento de Eduardo Barros.
Embora classificado para as oitavas da Libertadores, o time não dá mostras de que possa ir longe na competição continental, onde vai encarar nada menos que o River Plate.
Insatisfeita com os resultados no Brasileiro, no qual o time é vice-lanterna com 16 pontos, a torcida aproveitou o feriado de Finados, na última segunda (2), para protestar, chamando o time de morto.
Por tudo isso, para o confronto com o Flamengo, o Athletico, ainda mais depois do resultado da partida de ida, é ainda mais azarão que em 2019.
Mas se a eliminação parece próxima, o negócio é apostar na superstição.
Já que a maré de azar iniciou-se com uma conquista que teve classificação diante do Flamengo, quem sabe a bastante plausível eliminação seja o ponto de partida para uma reviravolta positiva.
Fonte: Espn