De acordo com especialista, o resultado apenas reforça a suspeita de que a imunidade contra o coronavírus pode ter prazo de validade

Desde que pesquisadores de Hong Kong relataram o primeiro caso confirmado de reinfecção pelo novo coronavírus, causador da Covid-19, o alerta para a doença está redobrado. Na ocasião, o paciente era um homem de 33 anos que pegou o vírus, foi curado e quatro meses depois, voltou a ser contaminado.

A confirmação veio após os pesquisadores checarem, com exames confiáveis, que o vírus responsável pela segunda infecção tinha um material genético ligeiramente diferente do que havia invadido o organismo desse homem tempos antes.https://imasdk.googleapis.com/js/core/bridge3.432.0_en.html#goog_1645484496PublicidadeBotão para controlar o volume da publicidade

Ou seja, não é que o mesmo vírus havia se escondido em algum canto do corpo para voltar a aparecer. Era realmente outra infecção. O fato foi relatado em um estudo, publicado em um periódico científico.

Apesar de, em um primeiro momento, a notícia provocar certo pânico, não há motivos para desespero. “Primeiro porque essa pequena mutação não torna o vírus mais perigoso do que já conhecemos”, afirma o virologista Paulo Eduardo Brandão, professor da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com o especialista, o resultado apenas reforça a suspeita de que a imunidade contra o coronavírus pode ter um prazo de validade. “Isso era esperado. É um padrão dos integrantes da família desse vírus”, aponta.

Em outras palavras, é possível que quem já pegou Covid-19 volte a ser infectado pelo novo coronavírus tempos depois. Mas, no momento, não se sabe se isso é uma regra, ou exceção. Os cientistas agora buscam outros casos semelhantes para tornar os dados mais robustos.

De qualquer jeito, se isso acontecesse, não seria uma questão inédita para a humanidade. A vacina da gripe, por exemplo, deve ser tomada anualmente. No Brasil, ela é oferecida gratuitamente na rede pública de saúde para certos grupos de risco.

A diferença é que, no caso da gripe, a reaplicação é realizada porque o vírus influenza sofre mutações constantes — e diferentes cepas ganham espaço a cada ano. “A revacinação para a Covid-19 não teria a ver com a mutação do agente infeccioso, mas com a baixa duração da imunidade”, comenta o especialista.

Fonte: Folha Vitória