De acordo com dados do governo estadual, dos mais de 258 mil casos já confirmados da doença, 112 mil são de pessoas nessa faixa etária, o que representa 43,3% do total. O aumento dos casos tem elevado também os índices de internações de pessoas jovens.
Dos mais de 258 mil casos de Covid-19 confirmados pelo governo do Espírito Santo até esta quinta-feira (7), mais de 112 mil são de pessoas com idades entre 20 e 39 anos. Isso significa que os jovens representam 43,3% do total de casos do estado – o maior percentual entre todas as faixas etárias.
Autoridades em Saúde alertam que, ao mesmo tempo que as festas clandestinas contribuem para elevar os índices de transmissão da doença, a demora dos jovens para buscar atendimento médico agravam os sintomas da Covid-19.
“Eu não estava conseguindo me mexer porque eu não estava conseguindo respirar. Vinha uma tosse muito forte e eu perdia o fôlego. Então, eu sei o quão foi difícil, eu sei o que é subir para a UTI e ficar três dias fazendo um tratamento super intenso, de praticamente não conseguir dormir”.
O relato é de keylla Cunha. Aos 31 anos, a especialista em marketing deixou o hospital esta semana após enfrentar um quadro grave de Covid-19, que comprometeu 50% de seus pulmões. Uma prova de que, ainda que as chances de que a doença evolua perigosamente em pessoas jovens sejam menores, elas podem acontecer.
Keylla Cunha, de 31 anos, precisou ficar internada para o tratamento da Covid-19. — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Até o momento, de acordo com o governo estadual, 199 vidas de jovens já foram perdidas desde o início da pandemia.
Em relação aos índices de contaminação, pessoas entre 30 e 39 anos são as mais afetadas, sendo que quase 65 mil casos foram registrados.
Números altos, que se contrastam com as festas clandestinas e praias lotadas, que vêm sendo registradas no Espírito Santo, apesar dos alertas feitos pelas autoridades em saúde.
Mais jovens internados
O aumento de casos já se reflete no aumento de internações nos hospitais, onde o cenário, segundo especialistas, é crítico.
De acordo com a médica cardiologista e intensivista Carolina Freitas Borlot, a situação se agrava, pois os jovens tendem a demorar mais para procurar atendimento médico.
“Os jovens procuram ajuda, normalmente quando a situação já está um pouco mais agravada, quando dá oito dias de sintoma. Se tivesse começado o tratamento inicial já nos primeiros dias, a doença poderia não se desenvolver dessa maneira. Atualmente, eu tenho 10 pacientes na UTI. Desses, dois são jovens, com trinta e poucos anos”, relata a médica.
Uma situação que Keylla também pôde observar durante o período em que esteve internada para o tratamento da Covid-19, conforme ela conta.
“Dentro do hospital, conversando com os médicos, eles têm falado que tem havido muitos jovens se internando nos hospitais com sintomas mais graves. A gente acha que não vai acontecer nada grave com a gente, a gente acha que vai passar como uma gripe, mas na verdade pode agravar sim. Então, como a gente está se expondo mais, as festas que estão acontecendo, a gente que está indo pra praia, a gente que está fazendo tudo, está correndo mais risco”.
Risco de transmissão para idosos
Outro ponto destacado pelas autoridades em saúde é que o aumento da transmissão entre os jovens pode elevar o número de casos entre outras faixas etárias, inclusive entre os idosos e pessoas com comorbidades, que compõem o grupo de risco para a Covid-19.
Por isso, mais uma vez, a médica Carolina alerta: “A pandemia não acabou, vamos aguardar, vamos ficar no isolamento em casa, seguindo as medidas de proteção, vamos esperar sair a vacina porque agora não é hora de sair na rua achando que a vida está normal”.
Fonte: G1