Ministério da Saúde já oficializou a intenção de comprar 38 milhões de doses do imunizante
A Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) uma reunião no dia 16 de março no qual vai pedir autorização para uso emergencial da sua vacina, informou o diretor-presidente do órgão regulador brasileiro, Antonio Barra Torres.
A informação foi prestada por Torres próximo ao encerramento, na noite de quinta-feira (04), de audiência pública no Senado para discutir ações para o enfrentamento da pandemia de coronavírus, entre elas a vacinação no país.
A documentação segue em submissão contínua, processo adotado pela Anvisa para acelerar a liberação das vacinas contra a covid-19, o qual permite a análise dos dados de estudos com o imunizante por etapas, assim que eles são gerados, e não apenas ao final, quando todas as informações forem reunidas.
O infectologista Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, explica que o imunizante é fabricado por meio da tecnologia do adenovírus vetor, assim como a vacina de Oxford, que já está em aplicação no Brasil.
Conforme descrito pela Janssen, os adenovírus são um tipo de vírus que causam o resfriado comum que, ao serem modificados para desenvolver a vacina, não se replicam e não causam resfriado. Quando a pessoa recebe a vacina composta do adenovírus, o corpo inicia um processo de defesa e produz anticorpos contra aquele invasor, o que cria uma memória no corpo contra o coronavírus.
“Outra parte do processo envolve o código genético do próprio SARS-COV-2. Ele possui em sua superfície externa uma espécie de coroa, formada pelos chamados ‘spikes’, ou espigões, que são os responsáveis pela ligação do vírus às células do corpo humano. Para produzir a vacina candidata da Janssen, um pedaço da proteína ‘S’, presente nesses espigões, é colocado dentro do adenovírus (que é o vetor, ou transportador)”, explicou a empresa por meio de nota.
O imunizante não necessita de refrigeração abaixo de zero, o que o torna compatível com os canais de distribuição padrão de vacinas, facilitando sua distribuição. “A grande vantagem é ser uma vacina de dose única, o que permite imunizar o dobro de pessoas”, afirma Kfouri.
A Johnson & Johnson anunciou que a vacina foi 72% eficaz na prevenção da doença nos Estados Unidos e alcançou uma taxa de 66% de eficácia global, em um teste realizado em três continentes e com variantes múltiplas do vírus.
No dia 8 de janeiro, o laboratório notificou um evento adverso grave ocorrido com um voluntário brasileiro durante os testes da vacina. Por razões éticas, o evento em si não foi divulgado e, de acordo com a Anvisa, as vacinações não foram interrompidas porque todos os voluntários já haviam recebido o imunizante.
Fonte: R7