Proposta do secretário da Saúde é incluir no grupo pessoas de até 59 anos de idade. São 500 mil nessa faixa etária no Espírito Santo
A possibilidade de antecipação da vacinação para quem tem a partir dos 50 anos deixou esperançosa a cozinheira Maria Alice Duarte Lacerda
Com a vacinação ainda a passos lentos, a maioria das pessoas fora dos grupos de prioridade está em contagem regressiva para chegar setembro, mês em que, pela estimativa do governo federal, começará a tão sonhada imunização contra a Covid-19 para a população em geral.
No Estado, porém, o calendário poderá dar um salto significativo, pois o governo capixaba quer antecipar a vacinação para quem tem de 50 a 59 anos de idade.
O anúncio foi feito ontem pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
“Esse debate, eu estou provocando dentro do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e é possível que, nos próximos dias, o Conass se posicione oficialmente junto ao Ministério da Saude”, disse Nésio, explicando quais serão os próximos passos para que a proposta se concretize.
Contudo, esse número inclui pessoas que já podem estar imunizadas, a exemplo dos profissionais de saúde e, agora, da educação.
Pelo atual cronograma, o próximo grupo a ser vacinado seria o de pessoas entre 18 e 59 anos com comorbidade (doenças) já listadas pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, entre os quais estão os hipertensos e diabéticos.
A intenção do secretário é manter a prioridade para quem tem doenças raras, junto com obesidade mórbida.
Ele justifica que a mortalidade por Covid-19 no grupo de 50 a 59 anos é muito superior às faixas etárias inferiores.
“Temos boa parte da população acima de 60 aposentada, no entanto, entre 50 e 59 anos, há um número muito grande de óbitos acontecendo, em especial, entre os que têm comorbidades”, frisou.
“Entendemos que a vacinação desse grupo, que além de ter comorbidades, tem atividades econômicas e sociais ativas, o que aumenta a exposição aos riscos. Então, essa população deveria ser priorizada”, defendeu.
Ao priorizar esta faixa, grande parte das pessoas com comorbidades já estaria sendo beneficiada, alegou.
A reportagem acionou o Ministério da Saúde para comentar a possibilidade dessa inclusão, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.
“Estou ansiosa”
A possibilidade de antecipação da vacinação para quem tem a partir dos 50 anos deixou esperançosa a cozinheira Maria Alice Duarte Lacerda.
Ela tem 52 anos, mora em Vitória e contou que não foi diagnosticada com Covid-19, mas já perdeu ao menos 15 amigos para a doença em Belém (PA).
“Minha filha trabalha na saúde, em Belém, e pegou Covid no ano passado. Ela foi internada, mas, graças a Deus, venceu. Agora está imunizada. Eu não tenho comorbidades, apenas estou acima do peso e tenho quadro de alergia muito forte. Estou ansiosa para chegar a minha vez de ser vacinada”, relatou.
Vacinação
A vacinação no Espírito Santo segue neste momento para idosos acima de 60 anos, além de profissionais da saúde.
O governo do Estado também está antecipando com a reserva técnica (5% de cada remessa que chega destinada a eventuais perdas) a vacinação de trabalhadores das forças de segurança e salvamento, além dos professores da rede pública e particular.
Mais doses
O Estado vai receber hoje pela manhã mais 70.400 mil doses de vacinas para dar continuidade à imunização contra o novo Coronavírus (Covid-19).
Para a décima quarta remessa, serão entregues 57 mil doses da vacina Covishield (Oxford/Fiocruz) e 13.400 doses da Coronavac (Butantan).
O Estado fará o envio aos municípios de 39.907 doses para dar continuidade à vacinação do público de 60 a 64 anos (já há 81% das 190.034 doses necessárias para o grupo).
Também serão encaminhadas doses para trabalhadores da saúde e quilombolas, além de doses da reserva técnica destinada aos trabalhadores da educação.
Além disto, há segundas doses para os trabalhadores da saúde e idosos de 70 a 74 anos.
Próximos grupos
Pelo Plano Nacional de Imunizações, após os idosos, serão vacinados as pessoas entre 18 e 59 anos com alguma comorbidade, ou seja, doenças como diabetes, hipertensão, obesidade, entre outras.
No entanto, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou ontem que irá propor que sejam priorizadas todas as pessoas entre 50 e 59 anos, além de pacientes com obesidade mórbida e doenças raras.
Argumentos para antecipar pessoas entre 50 e 59 anos
O secretário Nésio Fernandes afirma que as pessoas nessa faixa etária têm apresentado altas taxas de mortalidade pela Covid-19.
Além disso, como têm atividades econômicas e sociais ativas, estão mais expostas aos riscos.
Outro motivo, segundo o secretário, é que grande parte das pessoas com comorbidades ainda não vacinadas está incluída nessa faixa etária e, assim, pacientes com doenças associadas já estariam protegidas.
Discussão
A possibilidade de antecipar a vacinação das pessoas entre 50 e 59 anos em geral será levada pelo secretário Nésio Fernandes à reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) nos próximos dias.
A entidade deve avaliar a proposta e o tema pode ser levado pelos secretários ao Ministério da Saúde.
Hoje, pessoas com idade entre 50 e 59 anos não faz parte dos grupos prioritários para a vacinação, apenas aquelas que têm alguma comorbidade, deficiência ou que estão inseridas em alguma categoria priorizada, como professores, policiais, portuários, motoristas e outros.
A expectativa era que esse público em geral só fosse vacinado após todas as prioridades, o que está previsto para acontecer após setembro.
Números de pessoas dos próximos grupos prioritários no Estado
Pessoas de 60 a 64 anos de idade: 190.034.
Pessoas com comorbidade: 393.566
Pessoas com deficiência permanente: 148.611.
Pessoas em situação de rua: 778.
População privada de liberdade (presidiários): 23.528.
Funcionários do sistema de privação de liberdade: 3.269.
Trabalhadores de educação do ensino básico: 51.930 (antecipado pelo governo).
Forças de segurança e salvamento: 12.615 (antecipado).
Forças Armadas: 1.361 (antecipado).
Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário: 19.577.
Trabalhadores de transporte ferroviário: 4.738.
Trabalhadores de transporte aéreo: 382.
Trabalhadores de transporte aquaviário: 1.117.
Caminhoneiros : 33.454.
Trabalhadores portuários: 18.834 .
Trabalhadores industriais: 135.610.
Fonte: Fonte: Governo do Estado e Ministério da Saúde.