Desde junho, o Departamento Médico Legal de Vitória está participando do Cadastro Nacional de Banco de Perfil Genético, mais uma forma de identificar corpos não reconhecidos
Todos os anos, em média 100 corpos são enterrados em Vitória sem o reconhecimento de familiares. Somente de janeiro a junho deste ano, 44 corpos em todo o Espírito Santo ficaram no Departamento Médico Legal (DML) para serem reconhecidos por 30 dias.
De acordo com a auxiliar de perícia do DML, Ellen Moreira, mesmo após o sepultamento, os corpos ainda podem ser identificados. Isso é possível porque o departamento guarda informações como impressões digitais, DNA e fotos das vítimas.
“A gente já atendeu vários familiares até de outros estados além de familiares de pessoas que viviam em situação de rua, que o parente demora a perceber que entrou em contato e quando busca a informação no DML às vezes já se passaram vários meses. Mesmo passado esse período, é importante que a família faça contato porque nós temos todas essas informações guardadas”.
Dos 44 corpos enterrados pelo DML em 2021, que não foram reconhecidos por familiares, 16 foram identificados por análises próprias do departamento, mas é preciso que parentes entrem em contato com o DML para que certifiquem essa identificação.
“Esses 16 que foram identificados foram aqueles que a gente sabe o nome, mas não conseguimos fazer contato com familiares. Os demais a gente não sabe o nome, mas temos as características”.
A maioria dos corpos, segundo o DML, são identificados por meio de impressões digitais ou alguma característica física como altura, sinais particulares e tatuagens.
Com esses dados, o departamento monta uma pesquisa, baseada na data em que a pessoa desapareceu com as características fornecidas pela família.
Desde junho, o DML de Vitória também participa do Cadastro Nacional de Banco de Perfil Genético. Outra forma de identificar os corpos não reconhecidos.
“Nós estamos cadastrando as famílias que desejarem fornecer o DNA para esse banco. Esse material será comparado com os cadáveres que já foram sepultados pelo DML, então, mesmo que a família compareça agora não tem problema pois o material é armazenado e inserido nesse banco de perfis”, afirmou a auxiliar de perícia.
Atualmente, existem 10 corpos no DML da capital aguardando reconhecimento e outros 20 espalhados pelos IMLs no interior do Estado.
Nesses casos a identificação deve ser feita por parentes de primeiro grau, como pai, mãe e irmão. Caso não tenha possibilidade de liberação do corpo por um familiar mais próximo, a pessoa que vai liberar pode recorrer à Justiça, ou à Polícia Civil.
“A gente pede para que eles compareçam ao DML e nos forneçam o perfil dessa pessoa como nome, afiliação e até documentos. Com isso, nós vamos fazer a orientação e o encaminhamento para essa família buscar auxílio judicial para conseguir essa liberação”.
Fonte: Folha Vitória