Essa foi a 14ª baleia encontrada morta no litoral capixaba, somente este ano, sendo que a média é de dez animais mortos por temporada
Uma baleia foi encontrada morta, na manhã desta segunda-feira (16), em uma praia de Marataízes, no litoral Sul do Estado. Inicialmente, o animal morto foi encontrado boiando sobre a água do mar, bem perto da areia. Em seguida, a carcaça foi parar nas pedras.
De acordo com o diretor do Instituto Orca, Lupércio Araújo, essa foi a 14ª baleia encontrada morta no litoral capixaba, somente este ano. O número é 40% maior que a média registrada por temporada, de dez ocorrências.
“Já passamos da metade da temporada e a gente já tem registrado, para o Brasil, cerca de 120 óbitos. Aqui no Espírito Santo, são 14 com essa de hoje. Então a gente observa que, em algumas temporadas aconteceu de ter um número maior de encalhes e alguns desses momentos foram bastante preocupantes. A gente acabou, depois de alguns anos, em conversa com outros pesquisadores, vendo que foi um fenômeno mundial”, destacou Araújo.
Na semana passada, uma outra baleia apareceu morta em Guarapari. Na ocasião, foram encontrados restos de placenta, o que indica que o animal teve um filhote pouco antes de morrer.
Não foi possível retirar a baleia, porque o local era inclinado e com areia fofa. Por isso, os funcionários da Prefeitura de Guarapari enterraram a carcaça na praia mesmo.
O diretor do Instituto Orca destacou que a presença de baleias no litoral capixaba é comum nesta época do ano. Ele explica que os animais saem da Antártica procurando águas mais quentes para se reproduzir, principalmente no nordeste brasileiro.
“Este ano teve mais um fenômeno atípico. Esses animais migram, nessa temporada, ao longo de toda a costa brasileira, chegando até o nordeste e, às vezes, até o norte do Brasil. Só que, neste ano, elas parecem estar concentradas na região de Santa Catarina. A maior parte delas, nessa temporada, veio a óbito exatamente no litoral de Santa Catarina, que tem o recorde com quase 40 indivíduos mortos”, afirmou.
Segundo o pesquisador, o aumento no número de encalhes e mortes de baleias também aconteceu em 2010. Os estudos feitos na época indicaram que esses animais, por alguma razão, estavam tendo dificuldade para conseguir alimentos. Com isso, não tinham energia para a migração.
“Isso pode ter relação com as alterações oceanográficas, em decorrência de alterações climáticas, como o fenômeno ‘la niña’, que a gente está vivendo neste momento. Isso, de certa forma, vai alterar todo o ciclo de vida desse animal, desde a parte de alimentação até o comportamento, e pode interferir de modo que esses animais, por exemplo, não se nutrindo muito bem, não consigam fisicamente exercer essa migração”, explicou Araújo.
“Então eles podem estar vindo, por exemplo, até a metade do caminho, até por não conseguir migrar, e também morrer mais facilmente em decorrência da dificuldade que é essa travessia, do desgaste, do gasto energético que tem em função dessa travessia”, completou.
Fonte: Folha Vitória