Reportagem da Itatiaia teve acessos aos registros dos crimes cometidos pelos bandidos

Os crimes cometidos por integrantes da quadrilha do ‘novo cangaço’ mortos em confronto com a polícia em Varginha, no Sul de Minas, somariam 636 anos de cadeia, caso todos fossem condenados pela Justiça.

Apenas quatro dos 26 mortos não foram identificados pela Polícia Civil.O repórter Renato Rios Neto, da Rádio Itatiaia, teve acesso com exclusividade às fichas dos suspeitos já identificados que foram mortos após o confronto com policiais militares do Bope e do Grupo de Resposta Rápida da Polícia Rodoviária Federal (PRF).  Ouça aqui!

Pelo balanço parcial da forças de segurança, entre os 26 criminosos mortos são pelo menos 15 passagens por furto, 26 por assaltos à mão armada, quatro por homicídio, oito por tráfico de drogas, nove por porte ilegal de armas, sete por lesão corporal, quatro por ameaças e sete passagens por receptação. Como alguns desses casos aconteceram em outros estados do país, ainda não é possível dizer em quais crimes eles já foram efetivamente julgados e condenados.Porém, considerado as penas máximas previstas na legislação penal brasileira, seriam 636 anos de prisão.

Perfil 

Entre os suspeitos já identificados, chama a atenção, por exemplo, a ficha de Júlio Cesar de Lira, de 36 anos, da Baixada Santista, mas com atuação no Triângulo Mineiro. Ele tem passagens por roubo à mão armada, estelionato, lesão corporal e tráfico de drogas.

Já José Filho de Jesus Silva Nepomuceno, de 37 anos, natural do Maranhão, era foragido da Justiça justamente por ser suspeito de ter feito um crime de novo cangaço em na cidade de Miguel Alves, no interior de Piaui. 

Gerônimo da Silva Souza Filho, de 29 anos, que teve o corpo levado para Porto Velho em um jatinho fretado, tem passagens por homicídio, porte ilegal de arma, entre outros. 

O caseiro de um dos sítios, Adriano Garcia, de 47 anos, tem nada menos do que sete passagens por furto. Fontes da polícia acreditam que ele teve participação efetiva no auxílio à quadrilha durante os dias em que os criminosos estiveram lá. 

Outros fatos que chamam a atenção. Eduardo Pereira Alves, de 42 anos, foi abordado pela polícia em março deste ano na cidade de Monsenhor Paulo, próximo a Varginha, justamente porque um gerente do Banco do Brasil suspeitou que ele estaria observando demais a rotina da agencia bancária. 

Entre os criminosos mortos está também Ricardo Gomes de Freitas, de 34 anos, da cidade de Uberlândia, que tem passagem por estelionato, mas que também seria torneiro mecânico. As quadrilhas do novo cangaço costumam ter em seus quadros torneiros mecânicos para manutenção e fabricação de armamentos e explosivos. 

Relembre 

A operação conjunta da PM e da PRF teve início nas primeiras horas do último domingo (31)  em dois sítios nos arredores de Varginha. Os suspeitos reuniam um arsenal de guerra nos dois imóveis no perímetro urbano de Varginha, como metralhadoras ponto 50, armamento que derruba até aeronaves. Conforme a polícia, houve confronto e um intenso tiroteio. Os 26 criminosos morreram. 

Há indícios de que os suspeitos mortos no confronto com a polícia eram membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.

O que é novo cangaço?

Usada para designar quadrilhas especializadas em grandes assaltos a bancos, a expressão “novo cangaço” foi cunhada há cerca de três décadas no Brasil. Bandos são responsáveis por crimes de grande repercussão, como o assalto à unidade do Banco do Brasil em Araçatuba, em São Paulo, onde os suspeitos pretendiam R$ 90 milhões e impactaram o país com imagens de populares usados como escudos-humanos. 

Em Minas Gerais, bem como em outras regiões do país, os suspeitos não chegam às cidades sem estar munidos com forte armamento – como metralhadoras de alto calibre capazes de derrubar aeronaves, fuzis e pistolas; alguns utilizam também carros blindados, e coletes balísticos são itens indispensáveis para esses criminosos. As ações do novo cangaço são marcadas por extrema violência. 

Fonte: Itatiaia