Chuvas de verão aumentam volume de água nas redes de esgoto, o que faz com que o animal migre para as residências
RESUMINDO A NOTÍCIA
- Escorpiões não têm predador natural em áreas urbanas e se reproduzem no verão
- Animais ferroam as vítimas para se defender. Picada é extremamente dolorida e perigosa
- Por causa do veneno, a orientação é buscar a UBS mais próxima o mais rápido possível
- O soro antiescorpiônico é produzido pelo Instituto Butantan
Em 2020, foram registrados 149,7 mil casos de acidentes com escorpiões no Brasil, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Apenas o Sudeste do país totaliza 70,9 mil ocorrências, seguido pelo Nordeste, com 58,7 mil.
De janeiro a novembro de 2021, houve 27,2 mil acidentes com escorpião e cinco óbitos em investigação no estado de São Paulo, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde. No interior do estado, Araçatuba, Presidente Venceslau, Jales, Bauru e São José do Rio Preto foram as regiões de maior incidência de casos. Em 2020, foram 36,1 mil ocorrências e sete mortes no estado.
Com o início do verão, é importante adotar medidas preventivas contra essa praga urbana. A estação, caracterizada por altas temperaturas e chuvas constantes, proporciona ao escorpião o ambiente perfeito para a proliferação e deslocamentos.
“O escorpião assim como outros insetos, em temperaturas quentes, tem o metabolismo acelerado. Eles saem dos esconderijos escuros e úmidos com as enchentes e buscam por frestas, fendas. São animais de hábitos noturnos. De dia é mais raro, mas podem se movimentar dependendo do grau de infestação”, explica Maria Fernanda Zarzuela, bióloga e coordenadora de desenvolvimento de produtos da Bayer.
O também biólogo e analista em saúde da Divisão de Vigilância de Zoonoses da Covisa de São Paulo, Gladyston Carlos Vasconcelos Costa, complementa: “O verão é o período de maior atividade, de reprodução e maior oferta de alimentos. As chuvas fazem com que sejam desalojados das galerias pluviais e de esgoto e se movimentem. A espécie em maior concentração é o escorpião amarelo. Você só encontra fêmeas na natureza e ela não precisa do macho para reprodução”.
O aumento do volume de água nas redes de esgoto faz com que o animal busque abrigos temporários. A proliferação vai depender das condições encontradas em terrenos e casas, como entulhos, lixo e mata.
Claudia Aparecida dos Anjos, de 45 anos, é moradora de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, e foi picada por um escorpião há cerca de dois meses. Ela teve de parar de trabalhar por uma semana como cabeleireira porque não podia mexer a mão.
“Eu estava em casa, levantei e fui fazer o café. Ele estava debaixo do prato na pia da cozinha e me picou. Como já apareceu escorpião outras vezes em casa, logo já pensei que era. Pegamos o bicho e levamos pro posto de saúde. Me deram um bloqueador do veneno, para ele não subir porque foi bem na minha mão, mas não adiantou e tive que ir pro hospital”, lembra.
Ela não precisou ser internada, mas teve de tomar injeções e medicamentos anti-inflamatórios: “Minha mão ficou muito inchada, eu não podia por a mão em nada, nem me trocar. Era uma dor louca, eu gritava, parecia que a mão repuxava sozinha. Foi uma semana de dor”.
Claudia mora em uma casa de madeira, perto de um rio. Ela lembra que, quando estava grávida do filho, chegou a encontrar um escorpião em cima da barriga dela. Sempre que se depara com um deles, ela mata porque, em geral, são grandes.
Após a picada, ela adotou alguns cuidados. “Tenho que bater as roupas, olhar bem e colocar em locais claros. Tomo cuidado e confio em Deus. Mas tenho medo de qualquer bicho agora”, revela.
Fonte: Lance