Anvisa diz que só reconhece cinco medicamentos para emagrecer como seguros. Cantora do Calcinha Preta usava fórmulas com diversos componentes para perder peso
O laudo do óbito da cantora Paulinha Abelha, de 43 anos, apontou que circulavam no organismo da artista 17 substâncias, dentre elas anfetaminas e barbitúricos, que podem ter a levado à morte.
Como o Folha Vitória já noticiou, o Domingo Espetacular, da Record, teve acesso ao documento, que, dentre outros medicamentos, destaca o remédio Venvanse (nome comercial da substância Lisdexanfetamina) como um dos identificados.
Mas, na prática, quais são os riscos que isso pode trazer? À Coluna Pedro Permuy, o cirurgião digestivo Felipe Mustafá destaca: “A automedicação é extremamente perigosa, os pacientes podem ter sua função hepática e renal prejudicada e isso pode ser a curto, médio e longo prazo”.
Segundo o médico, “a função renal e hepática afetadas, dependendo do tratamento, é possível reverter”. “Só que a sequela neurológica é irreversível. Temos que mudar essa cultura da automedicação e o fácil acesso a essas drogas rotuladas como emagrecedores facilitam o uso indiscriminado e causando danos a saúde da população”, conclui.
Quando morreu, Paulinha enfrentava meningoencefalite, hipertensão craniana, insuficiência renal e hepatite.
A nutróloga que acompanhava a cantora há cerca de dois anos no tratamento para emagrecer e que prescrevia algumas das substâncias manipuladas, com mais de 20 componentes, disse que Paulinha era atendida por uma equipe multidisciplinar.
O QUE DIZ A ANVISA
Questionada, a Anvisa diz que somente produtos registrados como medicamentos podem ter indicação terapêutica para perda de peso e tratamento contra a obesidade.
“Por lei, os medicamentos só podem ser comercializados por farmácias e drogarias independentemente da categoria do medicamento (sintético, biológico, fitoterápico, homeopático, dinamizado, entre outros)”, ainda diz nota enviada à coluna. “Dessa forma, todos os produtos anunciados como emagrecedores e que não estejam registrados na Anvisa são produtos ilegais”, analisa
Atualmente, a agência destaca que há cinco medicamentos aprovados pela Anvisa para tratamento de obesidade, sendo: Orlistat; Cloridrato de Lorcasserina; Liraglutida; Cloridrato de Bupropiona; Cloridrato de Naltrexona; e Sibutramina.
“Estes são os únicos medicamentos aprovados para esta finalidade. Como são medicamentos, só podem ser vendidos em farmácias e drogarias e com prescrição por profissional habilitado. A indicação terapêutica varia de acordo com as substâncias e como tal a prescrição deve ser avaliada por um profissional médico”, termina posicionamento do órgão.
Fonte: Folha Vitória