Cobrado por não brilhar em campo, desta vez o rubro-negro mostrou o futebol vistoso tão exigido pelos torcedores, sobretudo no primeiro tempo
Não foi nada fácil o retorno do Flamengo ao Maracanã após sete jogos disputados longe do estádio. Já no aquecimento, jogadores, diretoria e o técnico Paulo Sousa sofreram com as enormes cobranças das arquibancadas.
Com boa apresentação, vitória por 3 a 0 sobre a Universidad Católica, e classificação antecipada às oitavas de final da Copa Libertadores, a equipe superou as adversidades, amenizou a crise e ganhou paz para se reencontrar na temporada de altos e baixos.
Cobrado por não brilhar em campo, desta vez o Flamengo mostrou o futebol vistoso tão exigido pelos torcedores. Sobretudo no primeiro tempo, no qual criou bastante chances e poderia ter ido ao intervalo com vantagem ainda maior que os 2 a 0 tivesse caprichado um pouco mais.
Pedro, no fim, ainda ampliou, garantindo um respiro ao técnico Paulo Sousa – terceira festa ao lado do treinador na beira do campo – e com a torcida deixando as vaias e cobranças de lado para aplaudir a apresentação segura.
O Flamengo entrou em gramado sob enorme pressão pela falta de resultados positivos. Indignados, os flamenguistas ensaiaram diversas músicas em tom de cobrança. Queriam “raça, respeito, disposição e comprometimento.”
O técnico português Paulo Sousa, ainda sofrendo com o fantasma do compatriota Jorge Jesus, e o goleiro Hugo Souza, por causa da falha no empate por 2 a 2 com o Ceará, eram os alvos principais.
Nas arquibancadas, foram flagrados vários cartazes com “Fora Paulo Sousa” e também pedindo o retorno de Jorge Jesus, que já foi para Portugal sob a promessa que não retorna ao Brasil. O grito de “mister” também se fez presente.
O goleiro sofria com vaias a cada toque na bola. Ele levou um gol por cobertura no 2 a 2 do Ceará e a torcida queria vê-lo fora do time. Santos, seu reserva, está machucado. A diretoria não passou despercebida.
“Fora (Rodolfo) Landim”, e “Fora (Marcos) Braz”, também traziam os cartazes, cobrando as saídas do presidente e do vice de futebol. Eles ainda foram vítimas de coros ofensivos, com palavrões e que diziam que o clube não precisa deles.
Com tamanha cobrança, o jogo começou tenso. Em dois minutos, Andreas e Matheuzinho já estavam pendurados ao levarem cartão amarelo por falta em Saavedra. Na beirada, Paulo Sousa pedia calma.
Viu Gabriel perder boa chance e logo vibrou em repeteco dos lances de gols contra o Ceará. Cruzamento de Arrascaeta e cabeçada de Arão para as redes. Terceiro gol seguido em cabeçada do volante e assistência do uruguaio.
Diante de um rival frágil e vibrando como há tempos não se via, os flamenguistas foram rapidamente “ganhando” as arquibancadas. O time festejou junto, na beirada do campo, em roda na qual estava o comandante português. Demonstração de apoio ao chefe em momento tenso.
Muito superior em campo, o Flamengo demonstrava que os gols seriam questão de tempo. Após desperdiçar algumas oportunidades, o time ampliou em linda trama que começou na defesa.
Bruno Henrique recebeu na esquerda e rolou para Arão achar Arrascaeta. O uruguaio tocou para Matheuzinho cruzar, Bruno Henrique ajeitou de cabeça e Everton Ribeiro deu peixinho para ampliar. Linda jogada coletiva e nova festa em volta de Paulo Sousa.
Há tempos devendo futebol, Éverton Ribeiro foi um dos destaques dos 45 minutos iniciais, enquanto Gabigol novamente perdeu chances incríveis. Hugo, nervoso, quase entregou antes do intervalo. A trave o salvou.
O goleiro teve 15 minutos para colocar a cabeça no lugar e também foi importante após o intervalo. Depois de novos protestos no retorno ao gramado, Hugo Souza fez duas boas defesas e acabou ganhando uma trégua, ao ser aplaudido após o segundo lance.
Visivelmente satisfeito com a vantagem aberta, o Flamengo voltou cadenciando mais as jogadas nos 45 minutos finais e apenas partindo nos contragolpes.
Em um deles, o cruzamento de Matheuzinho quase termina com gol de Gabigol. O atacante chegou um pouco atrasado no carrinho e se desesperou por mais uma vez não conseguir marcar.
Já com mais de a metade da etapa jogada, o português resolveu poupar Bruno Henrique, Gabigol e Matheuzinho, já visando compromisso com o Goiás, novamente no Maracanã, desta vez pelo Brasileirão. A torcida veria nova boa intervenção de Hugo em cabeçada de Zampedri.
Querendo jogar mais, Pedro “imitou” o camisa 9 e perdeu gol feito. A redenção veio depois, com o centroavante não desperdiçando sua segunda oportunidade na noite. Um belo gol, driblando duas vezes o marcador antes de mandar para as redes.
FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 3 X 0 UNIVERSIDAD CATÓLICA
FLAMENGO – Hugo Souza; Matheuzinho (Rodinei), Rodrigo Caio, Pablo e Ayrton Lucas; Willian Arão, Andreas Pereira (Gomes), Everton Ribeiro e De Arrascaeta (Victor Hugo); Bruno Henrique (Lázaro) e Gabriel Barbosa (Pedro). Técnico – Paulo Sousa.
UNIVERSIDAD CATÓLICA – Pérez; Asta-Buruaga, Paz (Tapia) e Parot; Astudillo (Rebolledo), Saavedra, Cuevas, Fuendaliza e Gutiérrez; Valência e Zampedri. Técnico: Rodrigo Valenzuela.
GOLS – Willian Arão, aos 6, e Everton Ribeiro, aos 38 minutos do primeiro tempo; Pedro, aos 44 do segundo.
ÁRBITRO – Jhon Ospina (COL).
CARTÕES AMARELOS – Andreas, Matheuzinho e Willian Arão (Flamengo) e Astudillo, Tapia e Gutiérrez (Universidad Católica).
RENDA – R$ 2.493.062,50.
PÚBLICO – 43.532 presentes.
LOCAL – Maracanã, no Rio.
Fonte: Folha Vitória