Teoria popular afirma que a pesca de um peixe-remo é sinal que um desastre natural ocorrerá em breve
A captura de um peixe de quase 6 m de comprimento no Chile, causou pavor nas redes sociais. Isso porque o animal, apelidado de “peixe do fim do mundo”, tem uma má fama: segundo o folclore, toda vez que o animal é encontrado na superfície, seria um sinal de que um desastre natural irá acontecer em breve na região.
O peixe-remo, também conhecido como regaleco, é conhecido por habitar as profundezas marinhas, entre 200 a 1000 m de profundidade, e também chama a atenção pelo seu comprimento, que pode chegar a 11 m.
As lendas que envolvem esse peixe ganharam ainda mais força após os eventos em Fukushima, no Japão, em 2011, quando um terremoto seguido de um tsunami matou mais de 20.000 pessoas e destruiu a cidade.
Alguns meses antes do desastre, dezenas de peixes-remos foram vistos na costa japonesa, o que contribuiu para a crença.
No entanto, a lenda do “peixe do fim do mundo” é datada do século XVIII, quando foi publicada em uma seleção de contos estranhos no Japão, em 1743.
Todas às vezes que há registro da espécie ao redor do mundo, se cria um sentimento de que o pior está por vir naquela região.
Apesar dos boatos, não há nenhuma confirmação cientifica que confirme uma correlação entre o aparecimento deste peixe com a iminência de um desastre natural.
Em 2019, um estudo realizado por pesquisadores japoneses e publicado no Boletim da Sociedade Sismológica da América confirmou não haver relação entre as duas coisas.
Os pesquisadores separaram 336 casos de aparecimento do peixe-remo e do peixe-fita (Trichiurus lepturus, também envolvido na crença de anteceder desastres) entre 1928 e 2011. Em todos os casos analisados, exemplares das duas espécies foram pescados ou encontrados na praia.
A partir dai, a equipe passou a procurar evidências de terremotos de 6 pontos de magnitude que teriam acontecido em um raio de até 100 km da onde os peixes foram encontrados.
Nesta pesquisa, foi achada apenas uma correlação. O terremoto ocorreu na região de Chūetsu, no Japão, em julho de 2007. Nesse evento, 11 pessoas morreram e milhares ficaram feridos.
Orihara Yoshiaki, professor-assistente da Universidade de Tōkai, que liderou o estudo, disse que a equipe ficou frustrada ao chegar à conclusão da pesquisa:
“Ficamos desapontados, no início, pensávamos ter correlação, o que nos deu esperança. Mas após examinar os dados, ficou provado que não há nenhuma relação”, afirmou Orihara.
“Devo pontuar que o estudo só incluiu datas e localizações conhecidas, e que qualquer nova informação terá de ser adicionada na nossa base de dados. No entanto, eu duvido que casos adicionais terão uma consequência diferente dos resultados consolidados”, completa.
Fonte: R7