Em entrevista exclusiva, Flaviana Ventura contou que Fernanda era sua única filha e que sempre fez de tudo por ela
A mãe da jovem Fernanda Pereira, de 24 anos, morta a tiros pelo próprio irmão no último final de semana, no bairro Jacarandá, em Guarapari, falou sobre os momentos de terror e desespero que viveu no último sábado (5), quando viu a filha ser assassinada.
Em entrevista exclusiva à TV Vitória/Record TV, Flaviana Ventura contou que Fernanda era sua única filha e que sempre fez de tudo por ela. A jovem estava prestes a se formar em Direito e trabalhava como assistente comercial em uma transportadora.
“Fernanda era meu tudo, a minha base, minha força, minha vida. Era por ela que eu lutava, trabalhava e sempre quis dar o melhor pra ela, fazer o melhor. Ela era responsável, trabalhadora, lutadora, cuidadora. Amou muito o pai, cuidou muito dele e sempre se preocupava comigo. Hoje fomos na faculdade e pude ver que ela era muito mais do que isso. Ela passou isso para várias pessoas. Minha joia rara, que vai ficar sempre na minha memória”, disse a mãe.
A jovem foi morta no sítio da família e o suspeito do crime é o irmão dela por parte de pai, de 46 anos. Além da filha, o irmão de Flaviana também foi baleado por três disparos, mas mesmo ferido, ele conseguiu correr para o meio de um matagal e ficou escondido para não ser morto.
“Eu queria que fosse eu naquele momento, porque é muito difícil você não poder fazer nada. Mesmo ela machucada, baleada, ela empurrava meu pé, pra eu sair de frente dela. Foi uma cena muito difícil para qualquer mãe”, disse ela.
A mãe pede justiça pela filha e afirma que Fernanda teria sido morta por conta dos bens deixados pelo pai, que tinha outros quatro filhos, além da jovem.
“Muitas mãe já choraram pelos seus filhos. Hoje eu peço justiça, que todas as mães possam orar para que esse assassino seja preso. Ele levou minha vida, roubou os sonhos e parou a vida dela, simplesmente pelo dinheiro, pelo interesse. Eu sinto que ele não tinha amor, ele é um ser desprezível, não tinha sentimentos.”
Segundo a mãe de Fernanda, a discussão começou por conta de um quarto. A perícia encontrou sete perfuração no corpo da jovem. Já o tio, durante a briga, para tentar defender a sobrinha, foi baleado cinco vezes.
“Ele se alterou e acho que foi o motivo que ele precisava. A gente chegou e sentou, perguntei como ele estava e ela ficou ali comigo uns três minutos. Depois, ela foi no quarto e voltou, pedindo para ele abrir a porta do meu quarto.”
Flaviana contou que os dois começaram a falar um pouco mais alto, então o tio de Fernanda chegou na varanda para entender o que tinha acontecido e também acabou ameaçado pelo suspeito, que colocou a mão na cintura e mostrou um facão.
“Ele levou a mão no facão e meu irmão jogou o facão longe. Nisso, ele entrou e já voltou atirando, indo em direção à Fernanda. Eu e minha cunhada começamos a gritar e a parceira dele, que estava perto, não fez nada, nem tentou segurá-lo”, disse Flaviana.
A mãe de Fernanda contou ainda que tentou salvar a filha, e que no momento do crime, ela só pensava em ir para cima do homem e tirar a arma da mão dele.
“Muita vontade de entrar ali, tirar a arma dele. Se eu pulasse nele, o que poderia acontecer? Eu me culpo, porque poderia ter pulado. Tudo o que eu queria é que aqueles disparos parassem. Só pedia pelo amor de Deus que ele parasse. Falei que estávamos indo embora e ele continuou, sem piedade alguma”, desabafou ela.
Suspeito escondeu chave do carro
A mãe relatou, com detalhes, os momentos de desespero que passou depois dos tiros, tentando salvar a vida da filha que ainda estava viva, e do irmão. O que ela não sabia é que o suspeito havia escondido a chave do carro para que eles não fugissem.
Depois do crime, o homem sumiu e Flaviana acabou ficando no local com a namorada de Fernanda, que saiu pedindo ajuda em outros sítios. Com medo, os vizinhos não ajudaram, e depois de andar a pé por bastante tempo, as duas encontraram um bar e chamaram a polícia.
“Como é roça, as pessoas ficam com medo, não são acostumadas a ver essas violências. Eu pensando que ele poderia vir atrás da gente, mas conseguimos chegar no bar e começamos a ligar. Ali, chamaram a polícia e os policiais pediram para que a gente não saísse do carro”, contou ela.
Mãe soube da morte da filha dentro da viatura
A notícia de Fernanda, segundo a mãe, veio da pior forma possível. Enquanto ela e a nora esperaram dentro da viatura, um policial, através do rádio, avisou que a jovem não tinha resistido.
“Eu tinha perguntado para o policial se ele tinha filhos e ele disse que sim, então perguntei se ele sabia de algo, mas ele não sabia. Foi quando o rádio tocou dentro da viatura e eles disseram que a Fernanda Pereira tinha ido à óbito. Ali eu já entrei em desespero, não lembro de mais nada. Ela tinha chegado com vida, mas não resistiu”, desabafou a mãe.
O irmão de Flaviana, que foi atingido nas costas, barriga e perna, ainda continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da Grande Vitória. Ele passou por cirurgia e está estável. Agora, a mãe não sabe como vai viver sem a filha.
“Vou ficar esperando ela chegar da faculdade, perguntando se tem janta. A nossa vida era assim. Não sei como vai ser. Minha filha, minha filha única… Só o senhor vai me dar forças”, disse ela.
Fonte: Folha Vitória