Dayana Mary Umbelino que ajudar pessoas que, assim com ela, sofrem nas ruas com o vício em drogas e álcool
Entre idas e vindas, Dayana Mary Umbelino passou 23 dos 32 anos de vida nas ruas. Ex-usuária de drogas, a carioca chegou em Vitória ainda na adolescência para morar com a mãe, os irmãos e o padrasto. Após três semanas de convivência familiar, fugiu de casa, foi parar na Vila Rubim e por ali ficou.
Após anos de abuso de crack e álcool, Dayana acaba de celebrar um feito histórico: a aprovação em primeiro lugar no curso Técnico em Segurança do Trabalho. No ano que vem, ela irá estudar no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Essa é o primeiro passo na caminhada para alcançar o sonho de ser psicóloga.
“Comecei com loló no Rio de Janeiro, depois conheci o crack e fiquei só no crack, e álcool depois. Foi muito difícil, apanhava na rua, os outros me roubavam. Só tinha amigos quando tinha droga“, contou.
Para deixar a situação ainda mais difícil, Dayana se envolveu em um relacionamento abusivo por nove anos. “Morei com ele nove anos, fui casada no papel. Apanhava muito. Depois a gente se separou”, contou.
Um novo começo
Após todo o sofrimento, uma reviravolta estava se formando na vida da carioca. Essa mudança tinha nome: Centro de Referência Especializado da Assistência Social Para População em Situação de Rua (Centro Pop) que, por diversas vezes, tentou resgatar Dayana, que se recusava a aceitar a ajuda.
“Eles lutaram por mim. Se não fosse o Centro Pop, eu não estaria aqui, não teria conseguido. Passei no Ifes, que emoção! Claro, não foi fácil, foi muito difícil, mas o Centro Pop foi uma referência.”
Dayana abandonou a escola na 6ª série, mas decidiu voltar às salas de aula na 1ª série do ensino fundamental e refazer tudo direito.
“Primeiro larguei o crack. A minha psicóloga, Karina, foi me inspirando, meu sonho é ser psicóloga. Conheci as professoras do Centro, a primeira coisa que pensei foi: eu quero psicóloga. Eu preciso estudar. No início me dava vontade de desistir, mas, tanto o trabalho das professoras, quanto o do Centro me incentivaram muito“, relatou.
A tão sonhada formatura
A formatura no Ensino Fundamental foi um momento, além de muito esperado, extremamente emocionante para Dayana, que agora se prepara para sua nova etapa no Ifes. “Foi lindo, eu chorei tanto. Primeira formatura da minha vida. Digna, sem droga, sem nada, numa escola. Foi lindo!”
O sonho de ser psicóloga, agora, segue mais vivo do que nunca e o objetivo é apenas um: ajudar pessoas que, assim como ela, sofrem nas ruas.
Foto: Folha Vitória