A ‘onda’ da profissionalização do futebol no Brasil – que abrange clubes como Cruzeiro, Botafogo e mais recentemente Coritiba – chegou ao Espírito Santo. Um grupo de empresários capixabas assinou ontem (24) um acordo vinculante para tornar o Rio Branco uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF), para empenhar um investimento de R$ 50 milhões em 10 anos. O grupo T2R SPORTS é capitaneado pelos fundadores das startups Zaitt e Shipp, Rodrigo Miranda, Tomás Scopel e Renato Antunes, e negociava em sigilo desde janeiro a aquisição do clube. Fundado em 1913, o Rio Branco é um dos mais antigos clubes do estado e disputa com a Desportiva a preferência da torcida capixaba. Entenda os detalhes da transação abaixo.

“Objetivo é chegar até a série B e colocar o clube entre os 40 maiores do Brasil”, afirma Renato Antunes

As negociações do Rio Branco com os potenciais investidores ficaram em sigilo até esta quarta-feira (24), quando a proposta da SAF foi assinada pelo presidente do clube, Paulo Pachêco, e pelo presidente do Conselho Deliberativo, Marcos Gumiero. Como preza o estatuto, o contrato agora será enviado para deliberação e votação dos sócios em assembleia, o que acontecerá nos próximos dias.

“O objetivo é reconquistar relevância no cenário nacional, fortalecendo o futebol e o orgulho capa-preta”, afirmou o presidente Paulo Pachêco.

SAF é a sigla para Sociedade Anônima de Futebol, que foi criada a partir da Lei 14.193/2021 e permitiu que clubes de futebol pudessem ser transformados em empresas.

O negócio foi estruturado pela Matix Capital, mesma empresa que trouxe a Eagle Holdings, de John Textor, para o Botafogo e a 777 Partners para o Vasco, entre outros clubes. A Matix Capital é referência na estruturação e constituição de SAFs no país. A VPx, consultoria estratégica de Rodrigo Miranda, ex-CEO da Zaitt e Shipp, também participou do processo de planejamento estratégico.

A proposta da T2R Sports é adquirir uma participação de 90% no Rio Branco– o máximo permitido pela Lei da SAF, os outros 10% permanecem com a associação– com a obrigação de investir R$ 50 milhões no clube na próxima década.

Desse valor, R$ 10 milhões serão destinados para infraestrutura do clube, incluindo a construção de um centro de treinamento. Hoje, o Rio Branco paga um aluguel para jogar no estádio Kléber Andrade, que foi vendido pelo clube para o governo do estado. Os outros R$ 40 milhões serão investidos na área esportiva.

O novo presidente do Rio Branco será Renato Antunes, um dos sócios da T2R. Ele afirma que a privatização do clube tem como meta retomar o sucesso futebolístico do time e do Espírito Santo.

“Com a privatização e o investimento no clube, conseguiremos construir um plano de longo prazo e iniciar um ciclo virtuoso de desenvolvimento do futebol capixaba. Nosso estado tem uma demanda reprimida enorme pelo futebol e queremos a partir do Rio Branco construir uma identidade do Espírito Santo no contexto nacional. Nossa proposta é alavancar o sucesso esportivo do clube, retomando sua relevância e valorizando tradição centenária”, afirmou Renato.

Fundado em 1913, o Rio Branco coleciona um histórico de sucessos locais, com 37 títulos do Campeonato Capixaba é a maior torcida do Espírito Santo– segundo estimativas da T2R, quase metade dos capixabas torcem para o clube. Nas últimas décadas, porém, o time tem conquistado poucas premiações de relevância.

Nessa nova fase, marcada pela injeção de capital e nova gestão, os proprietários do Rio Branco querem colocar o time entre os 40 melhores do país no ranking da CBF até 2030, levando o clube à série B do Campeonato Brasileiro.

Também está na mira do clube aumentar as suas fontes de renda, tanto com a atração de patrocinadores quanto com a comercialização de produtos licenciados, ingressos para partidas e planos de sócio-torcedor.

Fonte: Folha Vitória