Segundo a Defesa Civil estadual, pelo menos 21 pessoas morreram em razão das fortes chuvas, principalmente na área de Muçum

As fortes chuvas provocadas pela passagem de um ciclone extratropical já deixaram 3.084 desalojados e 1.670 desabrigados no estado do Rio Grande do Sul desde o último domingo (3). Isto é, mais de 4.500 pessoas foram obrigadas a sair de sua residência.

O fenômeno também provocou a morte de pelo menos 21 moradores, de acordo com a última atualização da Defesa Civil estadual, às 18h20 desta terça-feira (5). Somente na cidade de Muçum, 15 corpos foram localizados pelo Corpo de Bombeiros.

Em coletiva de imprensa, o governador Eduardo Leite (PSDB) definiu a tragédia como o “maior volume de mortes em um evento climático no estado do Rio Grande do Sul”.

É importante ressaltar que desalojado e desabrigado são conceitos diferentes. O primeiro diz respeito a uma pessoa que foi obrigada a abandonar temporária ou definitivamente sua residência e não está em um abrigo. Isto é, ela se refugiou na casa de um parente, amigo ou conhecido. 

Enquanto o desabrigado é aquele que perdeu a casa em razão do desastre e teve que ir para um abrigo público.

No total, segundo a Defesa Civil, 67 municípios gaúchos e mais de 52 mil moradores foram afetados diretamente pelas fortes chuvas provocadas pelo ciclone extratropical. 

Até a publicação desta reportagem, o órgão não tinha registro de desaparecidos. O coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira, subchefe da Casa Militar — Proteção e Defesa Civil, explica que esse número é volátil. 

O abastecimento do sistema de dados da Defesa Civil depende das prefeituras, que estão diretamente empenhadas no resgate dos municípes, por isso não é possível a atualização das informações em tempo real. 

“Não temos [por enquanto] informação de desaparecidos, mas não podemos afirmar que não tenham pessoas desaparecidas. Tem locais sem comunicação”, afirma o coronel. 

Nas redes sociais, o governador informou que está em contato com o governo federal para que mais helicópteros sejam incorporados ao grupo de resgate no vale do Taquari, a região mais afetada do estado.

“O Rio Grande está em luto. Já são 21 vítimas confirmadas em decorrência das chuvas que começaram no domingo. Estamos consternados com a letalidade desse evento climático e mobilizados para salvar todos que ainda correm perigo. Minha solidariedade em especial aos moradores de Muçum, onde se concentra a maior parte das vítimas”, afirmou Leite.

As equipes de resgate estão concentradas na região do vale do Taquari, onde ficam Muçum e cidades como Roca Sales, Encantado e Lajeado.

Como se forma um ciclone extratropical?

Os ciclones extratropicais são comuns no Brasil durante todas as estações, porém no inverno e no outono há maior incidência no Sul, explica a meteorologista do Climatempo Maria Clara Sassaki ao R7.

“Quando temos o El Niño, também temos maior intensidade dos fenômenos, porque há mais calor e fonte de energia para esses ciclones se desenvolverem”, afirma a meteorologista.

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o ciclone é uma área fechada de baixa pressão atmosférica, onde os ventos giram no sentido horário no Hemisfério Sul. Esse movimento concentra umidade no centro do ciclone, ou seja, na área de menor pressão. Assim, o deslocamento ascendente do ar, que está quente e úmido nesta área, provoca a formação de nuvens carregadas.

O ciclone também é caracterizado por ventos fortes em forma de rajadas e chuva com intensidade de leve a moderada. Na sequência, há diminuição de temperatura e bom tempo.

Maria Clara esclarece que o ciclone que passou pelo Rio Grande do Sul já está no oceano e bem distante. O que temos agora é a massa de ar frio atuando [na região]. Mas a partir de quarta à noite volta a chover no Sul, e a chuva ganha força entre quinta e sexta-feira, com risco de novos transtornos”, afirma. 

Fonte: R7