Mãe de Íris, Márcia Rocha aguarda fim da investigação: “De qualquer forma, nada vai trazer minha filha de volta”
Sem diminuir a dor de perder de uma só vez a filha Íris Rocha de Souza e a neta, que nasceria em pouco mais de um mês, a servidora pública aposentada Márcia Rocha, de 60 anos, falou sobre a prisão do ex-namorado da vítima, Cleilton Santana dos Santos, de 27 anos.
“Se a polícia concluir que foi ele, só quero que ele pague pelo que fez. Foi muita crueldade, gente. Uma brutalidade. Minha filha sofreu muito, foi deformada. Minha filha era tão linda por dentro e por fora. Ela confiava nele, acreditava nas palavras dele”.
– Quando você conheceu Cleilton, qual a impressão que você teve dele?
Márcia Rocha – “Ele parecia ser uma pessoa de boa índole, que gostava da minha filha, falava baixo. Não havia nada que fizesse com que a gente desconfiasse dele inicialmente. Não era muito de sorrir, não era expansivo como a Íris, mas ela dizia que ele a tratava bem.”
– Eles terminaram depois de quanto tempo de relacionamento e ela te contou o motivo?
“Eles começaram a namorar em abril e, até então, ela nunca tinha me falado nada que desse a entender que algo não estava bem.
Mas, em outubro, ela chegou lá em casa e disse que tinha sido agredida por ele.
Eu perguntei ‘O que é isso, minha filha?’ Ela estava toda roxa. Foi então que ela contou que ele tinha dado um mata-leão nela por causa de uma coisa que ele não gostou que ela falou, que ele ficava achando que era mentira.
Nesse dia, ela disse que tinha pedido a medida protetiva contra ele e que tinha terminado tudo. Eu falei “fica aqui com a mamãe, que eu vou cuidar de você”.”
– Ele insistia para voltar?
“Ela não me falava muito sobre isso, mas pelo que amigas falaram, sim. Acho que tentava me poupar. Eu perguntava, pedia para que ela não ficasse sozinha com ele.”
– Eles ainda mantinham contato?
“Acredito que ela tenha falado com ele, sim. Ela falava que iria conversar com ele sobre a pensão. Eu ainda pedi para que ela deixasse para conversar sobre isso depois que a Rebeca nascesse.”
– Ela estava com tudo pronto para o nascimento da bebê?
“Estava toda feliz. Falando que faltavam poucas coisinhas para comprar. Estava contando os dias para ganhar a neném.”
– Amigos disseram que depois que começou o relacionamento, ela mudou o comportamento e o jeito de se vestir. Você acredita que foi também por pressão dele?
“Eu tenho certeza disso, porque foi ela que me contou depois de ter pedido a medida protetiva. Ela disse que ele não deixava ela vestir mais roupas decotadas ou curtas. Ela nunca mais foi à praia de biquíni, não vestia mais short num parque, como ela gostava.
Ela mudou, pois ele tirou isso dela, esse brilho, essa luz e alegria por onde passava. Ela acreditou que esse era o preço que tinha que pagar para ter, talvez, uma família que ele dizia que iria dar a ela.”
– Na ocorrência, Íris dizia que ele era policial militar. Ele dizia isso também para vocês?
“Era o que ele falava para ela. Inclusive, ele tinha uma arma dentro de casa. A gente só ficou sabendo agora que ele não era PM.
Ele falou, ainda, que tinha pegado uma licença para ficar com ela até a neném nascer. Ele dizia que estava feliz com a bebê, mas o estranho é que não queria contar para as pessoas sobre a gravidez. Foi muita mentira.”
– O que espera agora com a prisão do Cleilton?
“Temos que esperar que a polícia conclua as investigações, mas até o momento tudo leva a crer que ele tenha feito isso, pois ele já agrediu minha filha antes.
Eu não quero que ninguém sinta essa dor imensa, infinita, que sinto hoje. Esse buraco no peito é dilacerante. Nenhum mãe merece passar por isso, gente.
Por favor, eu só peço que a justiça seja feita, que ele seja preso, que o culpado fique preso. Que não possa ser solto.
Só quero que quem fez isso pague pelo que fez, pois foi muita crueldade, gente. Uma brutalidade gigantesca.”
– Sabe se teria algum motivo para ela ter saído com ele no dia em que sumiu?
“A gente não sabe o que ele falou, se ele buscou a Íris no local. Vamos aguardar a investigação da polícia ainda.
De qualquer forma, nada vai trazer minha filha de volta. Ela era uma menina muito estudiosa, dedicada, que se entregava de corpo e alma ao que fazia. Ela me pedia para ficar muitas vezes com o filho para que pudesse trabalhar e ir às aulas do mestrado.
E realmente até hoje quando encontro alguém do trabalho dela, todos são só elogios. Falam que ela era muito inteligente, competente, falava inglês fluente. Minha filha tinha tantos planos. Alguém levou tudo.”
Fonte: Folha do ES