Erika Nunes afirmou em entrevista que não percebeu que Paulo Roberto Braga já estava sem vida; ela ficou presa duas semanas

Erika de Souza Vieira Nunes, 43, presa após levar o parente Paulo Roberto Braga, 68, a uma agência bancária do Rio de Janeiro para retirar um empréstimo, em abril, disse não ter percebido que o idoso já estava morto durante o atendimento no caixa.

“Não consigo perceber. Eu acho que nem eu, nem muita gente percebeu que ele faleceu. Como você dá um papel para um morto assinar? Se ela [a atendente da agência] tivesse percebido algo, não tinha dado”, afirmou Erika em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, em edição deste domingo (5).

Erika de Souza Vieira Nunes, acusada de levar o tio morto ao banco, em entrevista exclusiva ao Fantástico

Erika de Souza Vieira Nunes, acusada de levar o tio morto ao banco, em entrevista exclusiva ao Fantástico. (Reprodução/Fantástico/TV Globo)

“Eu não sou esse monstro”, desabafou, bastante emocionada. “Foram dias horríveis [na prisão]. Longe da minha família. Foi muito difícil o que eu vivi”, completou.

Imagens de câmeras de segurança recolhidas pela polícia mostram Erika tentando amparar a cabeça de Paulo Roberto durante a entrada na agência bancária. Segundo ela, o idoso ainda estava consciente na chegada ao banco.

“Eu perguntei se ficava melhor segurando (a cabeça). Ele fez que sim”, disse.

Erika foi presa em flagrante por tentativa de estelionato e vilipêndio a cadáver —tratar de maneira desrespeitosa o corpo— no dia 16 de abril. A polícia entendeu que o idoso já estava morto quando foi levado pela mulher para sacar um empréstimo de R$ 17 mil.

Segundo Erika, foi o idoso, ainda consciente, quem pediu para fazer o empréstimo.

“Nossa relação era ótima. Ele era independente, andava, fazia o que ele queria, tinha uma mente boa. Ele não era cadeirante e eu não era cuidadora dele.”

Ao longo da investigação, ela também passou a ser acusada pela Polícia Civil pelo crime de homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.

No dia 2 de maio, a Justiça do Rio de Janeiro determinou a soltura de Erika, atendendo pedido de revogação de prisão preventiva feito pela defesa.

Em sua decisão, a juíza Luciana Mocco, titular da 2ª Vara Criminal da Regional de Bangu, afirmou que “o clamor público não é requisito previsto em lei para a decretação ou manutenção da prisão”.

A Justiça acatou a denúncia da Promotoria, tornando Erika ré. Ela responde pelos crimes em liberdade.

Relembre o caso

Imagens de câmeras de segurança e da agência bancária mostram Paulo Roberto chegando ao local conduzido por Erika em uma cadeira de rodas, com a cabeça tombada e aparência apática.

Erika chega a amparar o pescoço do idoso ao passar pela segurança. Depois, solta a cabeça, que volta a tombar para o lado.

Durante o atendimento, funcionários do banco chamaram o Samu, pois Paulo Roberto não respondia a estímulos. Os socorristas confirmaram que ele estava morto. Laudo do IML (Instituto Médico Legal), contudo, diz que não é possível determinar se o idoso morreu antes ou depois de entrar na agência.

A juíza Rachel Assad da Cunha, durante audiência de custódia, no dia 18 de abril, converteu a prisão em flagrante para preventiva. Ela justificou que “em momento algum a custodiada se preocupa com o estado de saúde de quem afirmava ser cuidadora”. Erika teve a liberdade concedida pela Justiça no dia 2 de maio.

Fonte: A Gazeta