O Dia Nacional do Livro, celebrado nesta terça-feira (29), foi instituído em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional, em 1810, pelos reis de Portugal que, dois anos antes, haviam fugido das tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte para o Brasil.
Na bagagem, a família real trouxe caixas contendo milhares de peças da Real Biblioteca Portuguesa, que deram origem à Biblioteca Nacional do Brasil, hoje considerada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) uma das 10 maiores do mundo e a maior da América Latina.
Deve-se, porém, a um brasileiro, de ascendência judaica, a criação de outra importante biblioteca nacional, hoje pertencente à Universidade de São Paulo (USP). José Ephim Mindlin foi jornalista, advogado e empresário, mas sua verdadeira paixão foram os livros, que colecionava aos montes. Em mais de 70 anos, Mindlin adquiriu, catalogou e colocou em sua estante 31 mil títulos, que correspondem, segundo a Universidade de São Paulo (USP), a 60 mil volumes aproximadamente.
No acervo existem obras raras, como exemplares de Marília de Dirceu, de 1810, de Thomas Antonio Gonzaga, a obra completa de Machado de Assis, em suas raras primeiras edições, um exemplar igualmente raro de O Guarani, de José de Alencar, que Mindlin chegou viajar à França para comprar e que quase se perdeu na sua volta ao Brasil.
O crítico literário e escritor Manuel da Costa Pinto disse sobre Mindlin que, em tudo que falava, transparecia o amor pelos livros. “Ele me contou que sempre que recebia alguém em sua casa para conversar, sentava com a pessoa e esperava a sua reação diante dos livros. Se o visitante não olhasse para os livros, ele encerrava a conversa em 10 minutos. O livro significava tudo para ele”, afirmou Costa Pinto.
A partir desta terça-feira, por três dias consecutivos, o telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil, vai exibir uma série de reportagens comemorando o Dia Nacional do Livro. O Repórter Brasil vai diariamente ao ar às 20h15.
O primeiro programa da série fala justamente da Biblioteca Brasiliana,
doada por José Mindlin, sua mulher, Guita, e formada também pelo acervo
dado por um amigo do casal chamado Rubens Borba Moraes. Os três já são
falecidos. Antes de morrer, Moraes entregou seu acervo para Mindlin,
para que ele pudesse concretizar o antigo sonho de constituir essa
biblioteca hoje pertencente à USP.
Editora artesanal
O segundo capítulo mostrará uma editora artesanal de livros de São Paulo que usa antigos linotipos e uma máquina de costura para confeccionar suas obras, em um momento em que tudo é digital e instantâneo.
O último capítulo é uma homenagem ao leitor, representado por um homem que até os 9 anos de idade era analfabeto. Hoje, Sidnei Rodrigues é um grande devorador de obras literárias e viu sua vida se transformar depois que passou a ler. Rodrigues diz que lê um livro a cada seis dias, em média. Sua profissão: vigia de uma faculdade particular na capital paulista. “Eu falo para todo mundo com muito orgulho que os livros abriram para mim as portaspara uma outra vida.”
Na semana passada, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) distribuiu, em São Paulo, 6 mil livros para seus passageiros, visando estimular a leitura. O objetivo é que o usuário, depois de ler a obra, a devolva e pegue outra, fazendo circular os livros entre milhares de passageiros.
Nesta terça-feira, os shopping centers da capital paulista decidiram incentivar a doação de livros, oferecendo estacionamento gratuito em troca de uma obra literária. Os livros serão destinados para a organização não governamental (ONG) Casa do Zezinho.
Com o mesmo objetivo, nos 19 terminais de ônibus da capital paulista, o Dia do Livro será marcado com a distribuição de obras literárias entre os passageiros. O objetivo da campanha, que foi denominada Livro na Faixa, é estimular o hábito da leitura entre os passageiros de ônibus.