A agência determinou a interdição cautelar de 25 lotes da vacina contra a covid-19 Coronavac em fábrica não inspecionada

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou neste sábado (4) 25 lotes da vacina Coronavac, num total de 12 milhões de doses.

A medida é cautelar e proíbe a distribuição e o uso desses lotes porque eles foram envasados em uma planta não aprovada pelo órgão na avaliação de uso emergencial da vacina. A decisão tem validade de 90 dias.

Segundo a Anvisa, os lotes foram envasados em uma unidade da empresa chinesa Sinovac, parceira do Instituto Butantan, que não passou por inspeção ou teve análise da agência.

O órgão publicou em edição extra do Diário Oficial da União duas resoluções sobre as providências que estão sendo adotadas.

Em comunicado sobre a decisão, a agência explicou que recebeu do Instituto Butantan na noite desta sexta (3) a informação de que a unidade fabril responsável pelo envase não foi inspecionada e não foi incluída na autorização de uso emergencial da vacina.

O Butantan informou à agência reguladora que além dos lotes já interditados, outros 17 também envasados no local não inspecionado estão em tramitação de envio e liberação ao Brasil -eles totalizam mais 9 milhões de doses. Resolução publicada pela agência também proíbe temporariamente a distribuição desses lotes.

Vacinas envasadas em locais não aprovados na autorização de uso emergencial são considerados produtos não regularizados, segundo a Anvisa.

Em nota, a agência diz que avaliou documentos apresentados pelo Butantan e consultou bases de dados internacionais sobre as condições de boas práticas de fabricação da empresa responsável pelo envase das doses, mas que não encontrou essas informações até o momento.

A complexidade da produção de vacinas, fabricadas sob condições rigorosas, somada ao desconhecimento sobre o cumprimento das boas práticas de fabricação da empresa pela Anvisa “indicam a necessidade de adoção de medida cautelar para evitar a exposição da população a possível risco iminente”, afirmou o órgão.

As medidas cautelares não têm caráter punitivo, “mas sim, medidas sanitárias para evitar a exposição ao consumo e uso de produtos irregulares ou sob suspeita”, segundo o comunicado, que frisa que a medida tem caráter de precaução.

Durante o período de interdição, afirmou o órgão, serão avaliadas as condições de boas práticas de fabricação da planta fabril não inspecionada.

Além disso, serão feitas tratativas junto ao Butantan para regularização desse novo local na cadeia fabril da vacina.

Informa, ainda, que 6 milhões de doses da vacina do Butantan, que fazem parte de um lote de 12 milhões de imunizantes formuladas no site fabril da zona oeste de SP, aguardavam liberação da Anvisa. Na última quinta-feira (2), segundo o instituto, o órgão regulatório liberou e as mesmas foram expedidas na sexta-feira (3).

“Esse pedido de liberação ao órgão regulatório aconteceu por uma mudança em uma das etapas do processo de formulação da vacina, que pode ocorrer no decorrer da fabricação. A fábrica onde é feita a formulação e o envase da CoronaVac são todas certificadas pela Anvisa, desde o final de 2020.”

Procurado, o Ministério da Saúde informou que ainda não foi notificado oficialmente pelo Instituto Butantan. “No entanto, todas as providências cabíveis já estão sendo adotadas para que as vacinas não sejam aplicadas”, diz a pasta.

Em nota, o ministério informa ainda que mantém contato com a Anvisa e já pediu a suspensão da aplicação das doses referentes aos lotes ao Conass e Conasems, conselhos que representam secretários estaduais e municipais de saúde.

“Também está sendo feita a checagem de todos os lotes referidos que ainda estão no Centro de Distribuição e Logística do Ministério, bem como os que já foram enviados aos estados e ao Distrito Federal”, completa.

Fonte: Tribuna online