Pesquisadores apostam em tecnologias alternativas às vacinas injetáveis, aplicadas com seringas, para facilitar o transporte e o acesso aos imunizantes. Uma das formas que vêm sendo estudadas são as vacinas em versões intranasais e orais.

Hoje existem 8 candidatas a vacinas contra covid-19 por via nasal e mais duas por via oral sendo testadas em humanos com respostas imunológicas de longa duração, segundo dados do painel da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Vacinas que estão sendo aplicadas no mundo todo –como as das empresas Pfizer, Moderna e Sinovac– precisam ser transportadas e armazenadas a baixas temperaturas. Em alguns casos, precisam ser aplicadas em duas doses, com intervalos de tempo que variam de 15 dias a 3 meses, o que torna as campanhas de vacinação mais demoradas.

As novas propostas de vacinas pretendem oferecer mais facilidade para aplicação, transporte e armazenamento. Estas são chamadas de vacinas de nova geração.Publicidadex

Vacinas intranasais

Essas vacinas ganham atenção devido ao seu potencial de gerar imunidade sistêmica e por alcançarem os tecidos da mucosa dos pulmões, onde o coronavírus se replica. O imunizante intranasal pode ser “autoadministrado”, o que pode agilizar a vacinação.

O laboratório chinês Beijing Wantai Biological desenvolve uma dessas vacinas. Os estudos estão na 2ª fase. Se comprovada sua eficácia, a previsão é que até setembro de 2021 o imunizante esteja pronto.

Outras 2 das 7 candidatas a novas vacinas estão um passo à frente. Uma delas é da farmacêutica Altimmune (EUA). A AdCovid, como foi batizada, usa o adenovírus para induzir uma resposta imune, que inclui a produção de anticorpos no sangue. O imunizante é estável em temperatura ambiente por vários meses, o que permite distribuição sem refrigeração.

A outra candidata é desenvolvida pelo CIGB (Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia) de Cuba. O imunizante Mambisa está sendo desenvolvido em plataforma de tecnologia de antígenos recombinantes. Esta tem como principais vantagens a segurança e a possibilidade de doses múltiplas para reforçar a resposta ao longo do tempo. Cuba já tem uma vacina aplicada em via nasal registrada pela OMS, a HeberNasvac, contra a Hepatite B crônica.

Outras vacinas da nova geração contra a covid ainda estão na 1ª fase de testes. O Brasil tem uma em desenvolvimento pela USP (Universidade de São Paulo). Os pesquisadores pretendem realizar testes em humanos a partir de julho deste ano.

Israel e Nova Zelândia aprovaram o NORS (não listado pela OMS), uma vacina em spray nasal de óxido nítrico desenvolvida no laboratório SaNOtize, no Canadá.

Vacinas orais

Uma vacina contra a covid-19 aplicada por via oral pode acelerar campanhas de imunização e permitir distribuição rápida e em larga escala, principalmente porque permite que as pessoas tomem a vacina em casa. “Ela se torna ainda mais valiosa caso seja recomendada a renovação anual, como a vacina contra gripe padrão”, disse Nadav Kidron, presidente da Oramed.

Segundo a OMS, existem duas vacinas orais em fase de testes pelo mundo. Uma delas é a vacina da Vaxart, dos Estados Unidos, que já concluiu a 1ª fase de estudos. O laboratório está avaliando como a 2ª fase será aplicada. Também está em estudo a Oravax, da farmacêutica Premas Biotech, da Índia, que foi considerada eficaz com uma única dose em estudo piloto em animais. Deve iniciar o ensaio clínico no 2º trimestre de 2021.

Esta reportagem foi produzida pelas estagiárias em jornalismo Águida Leal e Ellen Travassos sob supervisão do editor Nicolas Iory

Fonte: R7