A vacina – cujos ensaios clínicos são feitos no Reino Unido e Brasil – tem, uma eficácia inferior aos cerca de 95% anunciados pela concorrência
O laboratório britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram nesta segunda-feira, 23, em comunicado conjunto, que a vacina contra a covid-19 que estão desenvolvendo tem eficácia média de 70%.
Nos testes, a vacina foi administrada de duas formas diferentes: na primeira delas, os voluntários receberam metade de uma dose e, um mês depois, uma dose completa. Nesse grupo de voluntários, a eficácia foi de 90%. Já no segundo grupo, que recebeu duas doses completas da vacina, a eficácia foi reduzida a 62%. Esses dois resultados permitiram obter eficácia média de 70%.
Essas conclusões foram possíveis a partir dos testes de fase 3 – a última etapa dos estudos – realizados na Inglaterra e no Brasil.
Nenhum evento grave relacionado à segurança da vacina foi confirmado e o imunizante não apresentou efeitos colaterais graves em nenhuma das duas formas de aplicação. A eficácia e segurança desta vacina confirmam que será muito competente contra a covid-19 e que terá um impacto imediato nesta emergência de saúde pública”, disse o CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, em um comunicado.
“O mais importante, pelo que soubemos, é que a vacina parece prevenir a infecção, não apenas a doença. Isso é importante porque a vacina poderia reduzir a disseminação do vírus também e proteger os vulneráveis de uma doença grave”, disse Peter Horby, professor da Universidade de Oxford. Ele também ressaltou que a vacina pode ser “armazenada na geladeira, diferentemente das outras vacinas (da Pfizer e Moderna, que precisam ser armazenadas no congelador), o que é uma solução mais prática para o uso ao redor do mundo”.
A análise interina foi possível a partir do registro de 131 casos de covid-19 entre os participantes. Um grupo de voluntários recebeu a vacina contra a covid-19 e outro recebeu uma vacina já aprovada contra meningite.
Embora a eficácia da vacina de Oxford seja menor que a das concorrentes norteamericanas, os dados apresentados nesta segunda-feira aumentam a expectativa sobre as chances de desenvolver várias vacinas eficazes, utilizando diferentes abordagens. Especialistas em saúde pública dizem que o mundo vai precisar de muitas vacinas para atender a demanda global.
A vacina da AstraZeneca usa uma versão modificada de um vírus gripal comum em chimpanzés, combinada com uma proteína encontrada na superfície do coronavírus, para instruir as células do corpo humano a combater o vírus causador da covid-19. Essa tecnologia é diferente da utilizada pela Pfizer/BioNTech e Moderna, baseada no RNA mensageiro, e que necessita de armazenamento a temperaturas abaixo de -70 graus celsius
A AstraZeneca – uma das empresas mais valiosas do Reino Unido – vai se preparar imediatamente para submeter esses resultados às agências regulatórias ao redor do mundo, inclusive a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A empresa também vai solicitar autorização de uso emergencial à Organização Mundial de Saúde (OMS) para acelerar a disponibilidade da vacina em países subdesenvoldidos. Ao mesmo tempo, uma análise completa dos resultados deve ser enviada para publicação em uma revista científica.
Fonte: Jornal de Brasília