Caso Araceli foi arquivado pela Justiça e, por falta de provas, os acusados não foram condenados. Se acontecesse hoje, 51 anos após a morte, 80 câmeras teriam flagrado a menina em Vitória, e laboratórios forenses fariam ao menos uma dezena de testes.

Neste sábado, 18 de maio, o caso do desaparecimento e morte da menina Araceli Cabrera, de oito anos, completa 51 anos. O crime intriga pela grande quantidade de fatos desencontrados até hoje. Polícia, suspeitos e familiares se depararam com diversas versões ao longo desses anos, e o crime permanece sem solução. O processo, depois do julgamento e sem condenação dos acusados, foi arquivado pela Justiça por falta de provas.

A menina com então 8 anos, em 1973, foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada no Espírito Santo. O fato de o culpado nunca ter sido condenados é, em parte, atribuído a falhas nas investigações realizadas na época do crime.

A lisura do trabalho foi inúmeras vezes questionada, sobretudo porque um dos suspeitos denunciado pelo Ministério Público do Espírito Santo era próximo a policiais e acompanhava diligências.

Houve tentativa de incriminar inocentes, pressão para confissões, mortes consideradas suspeitas, fotos da perícia que sumiram. No fim, por falta de provas, a Justiça não condenou nenhum dos acusados.

Cinco décadas depois, se o Caso Araceli acontecesse hoje, o desfecho poderia ser outro? Se depender da tecnologia, a resposta é sim!

De acordo com especialistas, desde a evolução do trabalho da Polícia Científica, em relação às técnicas e equipamentos utilizado, a cobertura do monitoramento por câmeras das cidade poderiam fazer a diferença em um caso como esse, e dar ao processo materialidade e provas que não foram alcançados na época.

O perito oficial criminal Vinicius Medici, do Instituto de Criminalística da Polícia Científica (PCIES), coordena o trabalho dos técnicos em campo, de análise e coleta de vestígios que serão levados para os laboratórios forenses.

De acordo com Medici, o trabalho de um perito diante de um crime ocorrido há 50 anos dependia quase que exclusivamente da análise do que podia ser visto, da descrição do cadáver e relatos. As principais tecnologias utilizadas pela equipe no Espírito Santo surgiram ou foram adquiridas nos últimos 15 anos.

“Até pouco tempo, o trabalho era feito com negro de fumo, um pó aplicado com pincel para revelar vestígios latentes. Para se ter uma ideia, hoje, existe um equipamento chamado ForenScope, que custa cerca de R$ 500 mil. É uma espécie de tablet que faz o tratamento e filtro de luz para auxiliar no encontro de digitais. Ele foi adquirido no ano passado, é mais preciso e menos prejudicial ao perito”.

Assim como na coleta de digitais, encontrar vestígios biológicos como sangue e sêmen também foram facilitados com a tecnologia, mesmo quando o suspeito tenta esconder ou descaracterizar a cena.

“Com o BlueStar e a luz forense, fazemos a pesquisa de sangue latente, ou seja, ele detecta por exemplo o sangue que o suspeito tentou limpar. Utilizamos no estado desde 2010”.

Thayna Andressa de Jesus Prado foi vista pela última vez no dia 17 de outubro. — Foto: Reprodução /  TV Gazeta

Thayna Andressa de Jesus Prado foi vista pela última vez no dia 17 de outubro. — Foto: Reprodução / TV Gazeta

Graças ao trabalho feito com jogos de luz forense, foi possível dar materialidade ao Caso Thayná, adolescente de 12 anos que foi sequestrada, violentada e morta em outubro de 2017.

“O carro do suspeito foi apreendido, o assento traseiro foi retirado e a luz forense revelou manchas sugestivas para sêmen e sangue. Era em um local de difícil acesso e manchas que não seriam vistas a olho nu. Cruzando a nossa coleta de vestígios com o trabalho do laboratório de análises biológicas e de DNA, conseguimos identificar o sêmen do suspeito e o material genético da vítima e de uma vítima anterior que não veio a óbito, ou seja, conseguimos relacionar o suspeito a dois casos”, lembrou.

Quanto mais rápido o trabalho da perícia local entrar em cena, melhor é o resultado e, para isso, o Rafael destaca também a estruturação da equipe, além da tecnologia.

“Quando aconteceu o crime da Araceli existia, salvo engano, um perito local para atender o Espírito Santo inteiro. Hoje, os profissionais são divididos por área, considerando a Grande Vitória e a região das Três Santas, estamos falando de cerca de 25 profissionais, divididos por escalas, que atuam 24h”.

Araceli Cabrera Crespo — Foto: Arquivo/ A Gazeta

Araceli Cabrera Crespo — Foto: Arquivo/ A Gazeta

Medici alerta ainda sobre a importância da criação da cultura de preservação do local de um crime. Segundo ele, por mais que a equipe chegue rápido, essa ideia precisa estar difusa na sociedade.

“No caso da Araceli, há 51 anos, quando o corpo foi encontrado, muito provavelmente, todo mundo se aproximou, tocou no cadáver, andou e modificou o entorno… E tudo isso dificulta uma investigação que já teria as suas limitações por se tratar de um local aberto, úmido, que sofre com a interferência natural do ambiente. Hoje, ainda é difícil as pessoas entenderem isso. A gente sabe que tem o sentimento de um familiar que quer estar junto, ajudar, mas às vezes acaba atrapalhando, contaminando, descaracterizando. No Chile, eles possuem uma taxa altíssima de resolução de casos, é de cerca de 90%, e focam muito na preservação de local, isso faz diferença”, disse.

Os peritos Christiano Honorato e Rafael Depollo são especialistas em reconstrução 3D de local de crime. Com a ajuda de equipamentos como scanners e drones, eles conseguem recriar no laboratório uma maquete que simula o espaço que precisa ser analisado.

A tecnologia chegou ao estado nos últimos dois anos. Entre as vantagens estão a possibilidade de revisitar o local em escala precisa, independentemente de iluminação ou clima, simular situações e até testar hipóteses levantadas em depoimentos.

“Qualquer ambiente, seja casa, comércio, interior de um carro, tanto interno como externo… A gente consegue fazer um escaneamento e recriar um modelo como se fosse uma maquete. É muito rápido, fica pronto em alguns minutos. Depois disso é possível, com a utilização de óculos de realidade virtual, andar pelo ambiente, ver a visão que a pessoa teria se estivesse naquele lugar”, explicou Christiano.

Christiano lembra que, há 20 anos, as perícias no Espírito Santo ainda eram feitas com máquina fotográfica de filme. Existia o setor de fotografia e o cargo de fotógrafo criminal e revelava os filmes.

“A qualidade da foto era muito pior, se queimasse alguma foto só era possível ver depois, mas aí o local do crime já estava liberado, alterado e não dava para voltar e refazer. As ferramentas de capturas da realidade são muito mais fiéis do que se tinha”, contou.

No caso da Araceli ou qualquer outro caso hipotético de um cadáver encontrado em uma região de mata, um dos grandes avanços é a possibilidade de inúmeros exames e a criação de provas inequívocas que poderiam botar uma pessoa na cena do crime.

“Quando a gente reconstrói uma cena e leva para estudo no laboratório, as possibilidades são inúmeras. Como, por exemplo, o local onde um corpo é encontrado, mesmo na mata, com dificuldade de luz, as imagens capturadas uma vez podem ser estudadas. Com calma, é possível ver pegadas que não tinham sido observadas no local, ver objetos que estavam na cena do crime que talvez não foram percebidos no momento ou que não tinham relação a princípio e depois podem virar vestígios”, disseram os peritos.

De acordo com os peritos, um caso que marcou a utilização desse tipo de técnica foi o do paciente Daniel Ribeiro Campos Silva, de 68 anos, baleado na cabeça dentro de um hospital em Vitória, em junho de 2023.

Conseguimos fazer a reconstrução do hospital e traçar a trajetória de alguns projéteis, no terraço, no portão, na parede do quarto… E esses impactos convergiram para uma região de mata morro do Jaburu. A reconstrução 3D remonta o que aconteceu, depois o resultado é passado para investigação e continuidade do trabalho. Depois, peritos foram ao local apontado pela maquete como originário dos disparos e encontraram vestígios de balísticas que posteriormente foram casados com as armas identificadas. O ciclo completo”, lembrou Rafael.

Quatro laboratórios forenses atuariam no caso da Araceli

Caline Airão Destefani, perita oficial criminal da PCIES — Foto: Divulgação/PCIES

Caline Airão Destefani, perita oficial criminal da PCIES — Foto: Divulgação/PCIES

Além dos trabalhos realizados na cena do crime pelos peritos locais de construção 3D, em um possível caso como o da Araceli, o Instituto de Laboratórios de Análises Forenses (ILAF), da Polícia Científica (PCIES), atuaria em quatro frentes, com exames de DNA, toxicológicos e de química e biologia.

Cada um tem a sua função. O laboratório de DNA Forense faz a identificação humana através da amostra de material genético.

“Em um caso hipotético como esse, poderia ser feita a identificação do perfil genético da pessoa que tivesse sido encontrada, mesmo considerando casos em que o corpo esteja em avançado estado de putrefação, impossibilitando a identificação visual”, explicou a perita oficial criminal, Caline Airão Destefani.

Pai de Araceli reconheceu o corpo encontrado, no Espírito Santo — Foto: CEDOC/ A Gazeta

Pai de Araceli reconheceu o corpo encontrado, no Espírito Santo — Foto: CEDOC/ A Gazeta

O pai de Araceli, Gabriel Sanchez Crespo, chegou a voltar atrás e ter dúvidas, um dia após o reconhecimento visual da filha.

O DNA serve não apenas no reconhecimento de vítimas, como ainda ajuda a identificação de criminosos.

“Se fosse encontrado alguma amostra biológica de mais de uma pessoa, poderia ser feito o cruzamento de dados do possível suspeito, além de consultas no Banco Nacional de Perfis Genéticos. Identificar o DNA de um suspeito no local do crime é relacionar ela ao fato de uma maneira difícil de contradizer […]. Vale lembrar que, a técnica de exame de DNA é recente, publicada em 1985 por um geneticista na Inglaterra e hoje utilizada rotineiramente”, contou.

O laboratório de Toxicologia Forense é o responsável pela identificação, análise e quantificação de substâncias ingeridas como medicamentos, drogas de abusos, venenos, entre outros.

Instituto de Laboratórios de Análises Forenses (ILAF), em Vitória.  — Foto: Divulgação/PCIES

Instituto de Laboratórios de Análises Forenses (ILAF), em Vitória. — Foto: Divulgação/PCIES

Já o laboratório de Química Forense usa a metodologia de Toxicologia, entretanto, para a análise de substâncias químicas que podem ser encontradas no ambiente, como algum produto jogado na vítima para dificultar a identificação visual da vítima, acelerantes de incêndio, entre outros.

O laboratório de Biologia Forense trabalha especialmente com crimes sexuais, através de análises de elementos corporais como, por exemplo, da morfologia de espermatozoides, substâncias da próstata, entre outros.

Um caso emblemático, que provocou o trabalho completo do ILAF é o Caso Kauã e Joaquim. As conclusões encontradas pelos peritos levaram o ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves à prisão, acusado de abusar sexualmente, agredir e matar o filho e o enteado, em 2018.

Kauã e Joaquim foram assassinados no dia 21 d abril de 2018 — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Kauã e Joaquim foram assassinados no dia 21 d abril de 2018 — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Na época, o delegado André Jaretta, detalhou um conjunto de indícios que demonstraram o que tinha ocorrido. Amostras biológicas foram colhidas, exames genéticos realizados e houve, inclusive, a identificação de uso de um agente acelerante para dar início ao incêndio no quarto das crianças.

“Se o caso Araceli acontecesse hoje, a perícia conseguiria trazer muitos elementos para contribuir nessa investigação. Com certeza, a realidade da perícia, da prova técnica é totalmente diferente de 51 anos atrás. A ciência trabalha todo dia desenvolvendo tecnologias novas, melhorando, cinco décadas trouxeram um avanço muito grande pra gente, na qualidade do que a gente consegue produzir, mas também na velocidade, equipamentos proporcionam análises muito mais precisas”.

Segundo Caline, a Polícia Científica do Espírito Santo está crescendo e já possui laboratórios que são referências a nível nacional. O de DNA, por exemplo, recebeu elogios do Ministério da Justiça porque foi um dos mais realizou coletas em condenados no país, e também colocou o estado no segundo lugar entre os que mais inseriram perfis genéticos de locais de crimes no Banco Nacional.

“O trabalho que a gente faz hoje é fruto de todo investimento em tecnologia e investimento em pessoas, servidores capacitados, para trabalhar com essas tecnologias, todas utilizadas com protocolos e seguindo recomendações internacionais”, finalizou.

Veja quais tecnologias existem hoje e auxiliam na resolução de crimes e não existiam há 51 anos:

  • DNA Forense: inclui não apenas a identificação da vítima, mas também a possibilidade de encontrar correspondências com suspeitos ou com bancos de dados de DNA;
  • Banco Nacional de Perfis Genéticos: reúne registros, em sua maioria, de pessoas envolvidas em casos violentos e de abuso, auxiliando na investigação criminal e na busca por pessoas desaparecidas.
  • Entomologia Forense: Determinar o intervalo post-mortem e coletar DNA de uma possível violação sexual;
  • Análise de Impressões Digitais Latentes: Novas técnicas e substâncias químicas, como o cianoacrilato (super cola) e os corantes fluorescentes, melhoraram a detecção e visualização de impressões digitais latentes.
  • ABIS: sistema de pesquisa biométrica.
  • Luminol e BlueStar: detecção de vestígios de sangue em objetos encontrados no local, ou em locais possivelmente relacionados.
  • Fotografia Forense em Alta Resolução e 3D: uso de câmeras de alta resolução e a criação de modelos 3D da cena do crime permitem uma documentação detalhada e a possibilidade de revisitar a cena virtualmente.
  • Exames Toxicológicos: o laboratório realiza análises qualitativas e quantitativas em matrizes biológicas para agrotóxicos, drogas, medicamentos e compostos voláteis.
  • Análise da gravação de câmeras de videomonitoramento.

Protocolo de análise dos laboratórios da Polícia Científica:

  • No caso de vítimas de violência sexual, feminicídio e uso de drogas facilitadoras de crime: Alcoolemia Anfetaminas, antidepressivos, antiepiléticos, barbitúricos, benzodiazepínicos, canabinoides, cocaína, opioides, e outros.
  • No caso de intoxicação exógena e morte a esclarecer:
    – Alcoolemia e outros voláteis;
    – Anfetaminas, antidepressivos, antiepiléticos, barbitúricos;
    – Benzodiazepínicos, canabinoides, cocaína, opioides, e outros;
    – Agrotóxicos;
    – Carboxihemoglobina, fosfina, paraquat, cianeto, novas substâncias psicoativas – NPS (a depender do indicativo do histórico);
    – Análises quantitativas (drogas, medicamentos, álcool etílico, carboxihemoglobina).

Araceli poderia ter sido flagrada por 80 câmeras na cidade

Central de Videomonitoramento da Prefeitura de Vitória — Foto: Divulgação/GMV

Central de Videomonitoramento da Prefeitura de Vitória — Foto: Divulgação/GMV

Além do trabalho da Polícia Científica, o avanço tecnológico dos últimos 51 anos pode ser visto também no monitoramento por câmeras da cidade. Atualmente, Vitória possui mais de 900 câmeras, que funcionam 24 horas, monitoradas por uma equipe de inteligência.

“Hoje temos 904, e a ideia é chegar a mil câmeras no mês que vem. Estão distribuídas pela cidade, nas ligações com outros municípios, bairros de maior incidência de criminalidade, pontos com maior concentração de pessoas. Além disso, temos o Cerco Eletrônico, que são câmeras com tecnologia de leitura de placas e identificação de veículos. São 106 faixas que fazem o monitoramento dos veículos nas entradas, saídas e pontos importantes da Capital”, disse o secretário municipal de Segurança Urbana de Vitória, Amarilio Boni.

No dia 18 de maio de 1973, Araceli Cabrera Crespo saiu de casa, no bairro de Fátima, na Serra, e seguiu para a Escola São Pedro, na Praia do Suá, em Vitória.

Ao sair da escola para pegar o ônibus de volta, a menina foi vista por um adolescente em um bar entre o cruzamento das avenidas Ferreira Coelho e César Hilal, em Vitória, que fica a poucos minutos da escola onde a menina estudava.

Esquina entre a rua Ferreira Coelho e César Helal, em Vitória. Imagens de 1977 e 2015. — Foto: Montagem/G1

Esquina entre a rua Ferreira Coelho e César Helal, em Vitória. Imagens de 1977 e 2015. — Foto: Montagem/G1

Essa testemunha disse à polícia, na época, que a menina não tinha entrado no coletivo e ficou brincando com um gato no estabelecimento. Depois disso, Araceli não foi mais vista. À noite, o pai da menina iniciou as buscas.

g1 encaminhou para a Guarda Municipal de Vitória informações sobre os locais onde Araceli transitou e foi vista no dia do seu desaparecimento e a conclusão é que, se fosse hoje, a menina seria identificada em pelo menos 80 pontos da cidade. Inclusive, existe uma câmera em frente ao local onde na década de 1970 era a escola em que Araceli estudava, na Rua General Câmara.

Câmera de videomonitoramento, em Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Câmera de videomonitoramento, em Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta

De acordo com o secretário, o trabalho de inteligência monitora todos os crimes que acontecem em Vitória e essa capacidade tecnológica tem ajudado na elucidação de crimes.

“Nossa inteligência trabalha junto às delegacias de Vitória, de maneira rápida e eficiente, falando diretamente com o delegado responsável, munindo de informações. Fazemos o levantamento e encaminhamos relatórios para a Polícia Civil, que dá andamento ao caso. Inúmeros homicídios já foram elucidados, baixamos a estatística de sequestros que hoje praticamente não existem na Capital. Às vezes, conseguimos até fazer prisões em flagrante”, concluiu Amarilio.

Vigiada também nos ônibus

De acordo com a Ceturb/ES, toda a frota do Sistema Trnascol conta com câmeras — Foto: Frederico Loureiro/Secom

De acordo com a Ceturb/ES, toda a frota do Sistema Trnascol conta com câmeras — Foto: Frederico Loureiro/Secom

Se Araceli fizesse hoje o percurso de casa para a escola em um ônibus Transcol (ônibus que circulam na Região Metropolitana), ela também estaria acompanhada por câmeras. De acordo com a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb/ES), atualmente, mais de 1800 veículos compõem a frota operacional do sistema Transcol e toda a frota conta com câmeras. No interior de cada ônibus existem três, em alguns casos, até quatro câmeras.

O sistema de monitoramento é offline e todas as imagens ficam armazenadas em um cartão de memória por 24 horas.

Relembre o caso

Caso Araceli — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Caso Araceli — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Araceli Cabrera Crespo desapareceu no dia 18 de maio de 1973, após deixar a escola para voltar para casa, mas isso nunca aconteceu. A menina foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada no Espírito Santo.

Dias após o desaparecimento, em 24 de maio, o corpo de uma criança foi encontrado desfigurado e em avançado estado de decomposição em uma mata atrás do Hospital Infantil, em Vitória.

Durante as investigações, provas e depoimentos misturaram fatos com boatos. Diante dos fatos apresentados pela denúncia do promotor Wolmar Bermudes, a Justiça chegou a três principais suspeitos: Dante de Barros Michelini (o Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal. Todos os suspeitos são membros de tradicionais e influentes famílias do Espírito Santo.

Dantinho (à esquerda), Paulo Helal (centro) e Dante Michelini (à direita) — Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Dantinho (à esquerda), Paulo Helal (centro) e Dante Michelini (à direita) — Foto: Reprodução/ TV Gazeta

A versão da morte da menina apresentada pela acusação, que mais tarde terminou no julgamento dos acusados, afirma que Araceli foi raptada por Paulo Helal, no bar que ficava entre os cruzamentos da Rua Ferreira Coelho e a Avenida César Hilal, após sair do colégio.

No mesmo dia, a menina teria sido levada para o então Bar Franciscano, na Praia de Camburi, que pertencia à Dante Michelini, onde foi estuprada e mantida em cárcere privado sob efeito de drogas.

Por causa do excesso de drogas, Araceli entrou em coma e foi levada para o hospital, onde já chegou morta. Segundo essa versão, Paulo Helal e Dantinho jogaram o corpo da menina em uma mata, atrás do Hospital Infantil, em Vitória.

Durante o julgamento, Paulo Helal e Dantinho negaram conhecer Araceli ou qualquer outro membro da família Cabrera Crespo.

Em 1980, o juiz responsável pelo caso, Hilton Silly, definiu a sentença: Paulo Helal e Dantinho deveriam cumprir 18 anos de reclusão e o pagamento de uma multa de 18 mil cruzeiros. Dante Michelini foi condenado a 5 anos de reclusão.

Em 1991, os acusados recorreram da decisão e o caso voltou a ser investigado. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo anulou a sentença, e o processo passou para o juiz Paulo Copolilo, que gastou cinco anos para estudar o processo.

Por fim, ele escreveu uma sentença de mais de 700 páginas que absolveu os acusados por falta de provas. Em 1993, o caso prescreveu sem que ninguém fosse punido.

Mais de três casos de crimes sexuais por dia no estado

Viaduto que fica no final da Praia de Camburi foi pintado em homenagem a Araceli e inaugurado em 2017 — Foto: Divulgação/Prefeitura de Vitória

Viaduto que fica no final da Praia de Camburi foi pintado em homenagem a Araceli e inaugurado em 2017 — Foto: Divulgação/Prefeitura de Vitória

Fonte: G1