Carlos Von afirma que vai apresentar queixa-crime por “acusações levianas e criminosas”. Danilo Bahiense e Capitão Assumção também se procunciaram

A informação da abertura de inquérito pelo Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) para apurar a visita de seis deputados ao Hospital Dório Silva no último dia 12 gerou reação imediata em parlamentares envolvidos.  O deputado Carlos Von (Avante) foi veemente ao informar que não houve nenhum tipo de invasão e disse ainda que vai acionar o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, na Justiça. 

“Amanhã (18) vou apresentar uma queixa-crime contra as acusações levianas e criminosas que o secretário de Saúde do ES divulgou, por meio de nota oficial, em suas redes sociais. Após a divulgação do print da conversa via WhatsApp, em que marcamos a visita ao Dório Silva, a verdade já está sendo restabelecida, provando que não atendemos a nenhum chamado de qualquer outra autoridade política, nem mesmo do presidente Bolsonaro, como mentirosamente o governador e seu secretário afirmaram. Facilmente será comprovado, também, que não houve invasão, basta o MP requisitar as imagens das câmeras da recepção do hospital”.

O parlamentar ainda afirmou que o grupo não forçou entrada no hospital. “Não houve invasão e a entrada foi autorizada. Não houve ingresso nas instalações internas de UTI e de enfermaria. Imagens não foram registradas pelos deputados no interior do hospital. Todas as denúncias recebidas foram constatadas: a verdade é que não há vagas de leitos de UTI, não existem máscaras N-95 para os servidores e não há sedativos para os pacientes”, disse por meio de nota.

Por meio de nota, Danilo Bahiense (PSL) disse que apenas exerceu seu direito como parlamentar. “O deputado estadual Danilo Bahiense destaca que, ao longo deste mandato, tem realizado fiscalizações, direito e dever do político garantidos por lei, não só em hospitais, como também em delegacias da Polícia Civil, batalhões da Polícia Militar e unidades prisionais, prezando por melhores condições e com produção de relatórios com sugestões de soluções. Ressalta que não houve qualquer tipo de invasão à referida unidade de saúde, havendo um pronto recebimento dos valorosos servidores. Suas ações, em mais de 30 anos de vida pública, são pautadas pela legalidade”.

O deputado Capitão Assumção (Patriota) disse que não pode falar muito sobre o tema, já que não recebeu nenhuma informação oficial. No entanto ele reafirmou que estava apenas exercendo seu direito como deputado. “Os deputados andaram por alas guiados pelos servidores, não foram entrando em qualquer lugar. Estavam imbuídos da missão de fiscalizar. A pessoa não vai entrar num leito de UTI de maneira irresponsável. E eu nem entrei, fiquei no estacionamento”, disse o parlamentar que afirmou não ter entrado por estar com suspeita de covid-19.

O deputado Vandinho Leite (PSDB) disse que está tranquilo em relação à investigação e acredita que o processo será arquivado. “No contexto que o ato fiscalizatório foi realizado, estamos tranquilos e acreditamos que o recebimento da denúncia será uma oportunidade inigualável de mostrar ao Ministério Público Estadual as mazelas encontradas no Hospital Dório Silva e a necessidade de sua rápida intervenção para coibir os desmandos ali existentes. Após as devidas averiguações, não tenho dúvidas que a notícia crime será arquivada”.

A direção da Assembleia Legislativa reagiu com cautela. A assessoria da Casa informou que, por enquanto não vai se posicionar, pois ainda não recebeu nenhuma informação oficial do MP-ES. 

Os deputados Torino Marques (PSL), Lorenzo Pazolini (Republicanos) foram procurados para comentar a abertura de inquérito por parte do MP-ES, mas ainda não retornaram. O espaço está aberto à manifestação dos parlamentares.

O outro lado

Sobre a denúncia do deputado Carlos Von sobre a falta de leitos no Hospital Dório Silva, a Secretaria de Estado da Saúde informou que a unidade é de retaguarda e a taxa de ocupação é dinâmica, com altas e novas internações diárias. Informou também que não há falta de equipamentos de proteção para os profissionais de saúde que trabalham no Dório Silva. Sobre a falta de medicamentos, a Sesa informou que a carência é em todo País, mas que isso não comprometeu o atendimento no hospital. Veja abaixo a nota na íntegra:

“A Secretaria da Saúde esclarece que a taxa de ocupação dos leitos na unidade é dinâmica, já que diariamente possui altas médicas e novas admissões de pacientes, e que o hospital é retaguarda para recebimento de pacientes Covid-19, referenciados de outras unidades, e não porta aberta. Ressalta ainda que o hospital está em fase de ampliação de leitos e que chegará a 109 leitos de UTI e 126 de enfermaria exclusivos para atendimento do novo coronavírus.

A Sesa informa ainda que no cenário de transmissão comunitária da doença no Estado, várias medidas estão sendo adotadas em todos os hospitais de referência de atendimento de Covid-19, inclusive protocolos rigorosos de uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e que não há falta desses equipamentos na unidade hospitalar.

Em relação aos medicamentos, a Sesa explica que todos os estados do País enfrentam dificuldades na aquisição de medicamentos sedativos, adjuvantes na sedação e relaxantes musculares utilizados no processo de intubação orotraqueal (IOT) em pacientes portadores de COVID-19, devido à grande procura nessa situação de pandemia mundial.

No cenário estadual, a circunstância ainda não comprometeu o atendimento aos pacientes e, para que permaneça controlada, o Estado tem adotado medidas emergenciais, como compras feitas diretamente pelos hospitais, além das compras realizadas pela secretaria. Além disso, a Sesa, por meio do Conass, tem debatido com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), por meio de um Termo de Cooperação, viabilizar uma compra nacional única com empresas nacionais e internacionais”.

Fonte: Folha Vitória