Profissionais da saúde afirmam que, caso a situação continue como está, nem mesmo o atendimento para outras doenças graves estará disponível nos hospitais
O crescente registro de novos casos de covid-19 tem feito forte pressão no sistema de saúde capixaba. A ocupação de leitos de UTI já ultrapassou os 90% e agora os pacientes que possuem a forma grave da doença estão ficando em filas de espera em busca de um leito.
Quem demorou para conseguir uma internação em UTI foi a dona de casa Márcia Regina Ribeiro. Ela lembra que os primeiros sintomas eram leves, como dor nas costas, mas depois a situação piorou.
“Eu comia e vomitava, eu tentava comer e vomitava. Sentia muita dor no corpo e na nuca e depois eu fui só enfraquecendo”, lembrou.
Márcia ficou internada em dois pronto-atendimentos da Grande Vitória até conseguir uma vaga em um hospital de Vila Velha. Ela contou que tentaram transferir ela para o sul do Estado, mas por medo, a família não autorizou.
A dona de casa acabou desenvolvendo a forma grave da doença e chegou a perder as esperanças. Ela lembra que os médicos diziam que fariam de tudo para salvar a vida dela, mas não poderiam garantir nada.
Ocupação de UTIs capixabas
Nesta sexta-feira (02), a ocupação de leitos de UTI exclusivos para o tratamento da covid-19 em todo o estado chegou a 91%. Enquanto isso, os leitos de enfermaria estão 88% ocupados. Os números estão cada vez mais próximos do limite, o que deixa os profissionais cada vez mais preocupados.
“Infelizmente esses leitos são finitos, a capacidade é finita, o número de profissionais que são habilitados para cuidar disso é um número finito. A gente tem lidado, inclusive, com profissionais que não são especialistas e que tem se proposto a estar lá como intensivista para ajudar a cuidar. É um cenário caótico”, afirmou a médica intensivista Carolina Sarmento.
Atualmente, em 18 hospitais capixabas, 100% dos leitos de UTI exclusivos para covid-19 estão ocupados. No Norte do estado a situação é ainda mais grave pois não há nenhuma vaga de UTI disponível na região.
O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, explicou o critério utilizado para o preenchimento de uma vaga e ressaltou a importância do Samu neste processo.
“Se o paciente estiver muito grave, intubado e com risco de vida, os municípios que possuem cobertura do Samu, o serviço entra em contato direto com o serviço móvel de urgência que faz a regulação desse paciente com direito à vagas em hospitais de referência. Quando o médico regulador solicita a vaga para um hospital, o hospital possui um período de horas para saber se ele aceita ou não aquele paciente. Esse processo vincula a central de leitos e a central do Samu”, explicou o secretário.
Para Carolina, o momento é de cooperação de toda a população, para que internações são sejam mais uma realidade.
“Pelas próximas semanas vai piorar, a gente não tem estimativa de melhora para esse cenário e quanto mais a gente fizer para tentar não levar a disseminação adiante e melhorar a chance de não precisar internar em UTI, estaremos sendo inteligentes e precavidos”, disse a médica.
O cenário traz preocupação de todos os lados e de acordo com os profissionais da saúde, até mesmo quem precisar de atendimento médico, por causa de outras doenças, e precisar de atendimento intensivo, pode não encontrar nos próximos dias.
Sobre a formação de filas de espera, a Secretaria de Saúde informou, por meio de nota, que até às 17 horas desta sexta-feira, existem 73 pacientes aguardando vagas na enfermaria, sendo que deste total, 45 estão na espera há menos de 24 horas.
Dos pacientes, 23 estão aguardando há mais de 24 horas e e cindo estão há mais de 48. Sobre a espera de UTI, a Central de Regulação registrou cinco pacientes em espera.
Fonte: Tv Vitória