Resultado positivo de vendas em relação a março é o maior do setor para meses de abril desde o ano 2000, aponta IBGE

As vendas do comércio varejista no Brasil subiram 1,8% em abril, na comparação com março, segundo dados divulgados nesta terça-feira (8), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se da maior alta para o mês desde o ano 2000.

O resultado, que reverte a perda de 1,1% registrada no mês de março, recoloca o setor 0,9% acima do patamar que antecedeu a chegada da pandemia do novo coronavírus no Brasil. O segmento agora acumula crescimento de 4,7% no ano e de 3,6% nos últimos 12 meses.

Segundo Cristiano Santos, gerente responsável pela pesquisa, o mês contou com muitas inversões entre as atividades que compõem a PMC (Pesquisa Mensal do Comércio). “Algumas atividades que estavam indo bem começaram a cair e outras que estavam caindo começaram a crescer. Abril foi um momento em que as grandes lojas de móveis e eletrodomésticos acabaram focando na receita de consumo das famílias”, aponta ele.

Na comparação anual, o volume de vendas no varejo cresceu 23,8% ante abril do ano passado. É a segunda taxa positiva seguida na base de comparação. Cabe ressaltar, no entanto, que o setor amargou em abril do ano passado o maior tombo do índice na série histórica da PMC. 

“Quando olhamos para essas grandes variações, precisamos lembrar que muitas dessas lojas declararam uma perda muito grande de receita. Por exemplo, se uma loja tinha um faturamento de R$ 100 mil e em abril ela só vendeu 10%, depois, se ela crescer 100%, ela passa de R$ 10 mil para R$ 20 mil. Ou seja, o patamar ainda está muito baixo em relação ao cenário que se tinha antes da pandemia”, alerta Santos.

Setores

O resultado positivo foi puxado sete das oito atividades investigadas pela pesquisa, sendo a maior alta apurada por móveis e eletrodomésticos (24,8%).

Outras variações positivas vieram dos setores de tecidos, vestuário e calçados (13,8%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (10,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,7%) e livros, jornais, revistas e papelaria (3,8%),

Em menor ritmo, também cresceram no período as vendas de combustíveis e lubrificantes (3,4%) e de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,9%).

Por outro lado, o único resultado negativo do mês de abril partiu do grupo de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,7%). A queda fez com que o índice geral não fosse maior, já que o setor representa quase metade (49,2%) do volume de vendas pesquisado.

“O consumo das famílias se modificou em termos de estrutura no começo da pandemia. O que tem acontecido é que, em alguns setores, o consumo tem se concentrado em momentos específicos do ano. Antigamente, esses momentos eram muito marcados, como a Black Friday e o Natal, agora o cenário mudou”, explica Santos.

Fonte: R7