Apesar da melhora no índice, ele ainda é considerado alto e profissionais da saúde relatam que a procura por UTIs continua alta no estado

Depois de mais de um mês com a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para covid-19 superando os 90%, o Espírito Santo voltou a ter um índice inferior a esse patamar nesta terça-feira (20). Segundo o Painel Ocupação de Leitos Hospitalares, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), atualmente 88,04% das vagas nas UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) estão preenchidas.

A ocupação desses leitos estava acima de 90% desde o dia 16 de março, quando foi registrada uma taxa de 91,05%. Dez dias depois, ela chegou a 96,11%. Mesmo com a abertura de novos leitos, promovida pelo governo do Estado, esse índice continuou oscilando nos últimos dias e, na segunda-feira (19), chegou a 90,77%.

Atualmente, a rede pública hospitalar dispõe de 1.062 leitos de UTI exclusivos para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Desse total, 935 estão ocupados.

Apesar da melhora no índice de ocupação, ele ainda é considerado alto. Nos hospitais particulares, essa taxa também supera os 80% — atualmente é de 80,89%. Das 293 vagas de UTI existentes na rede privada, 237 estão preenchidas. No Espírito Santo, existem 37 hospitais particulares, mas apenas 25 estão repassando os dados para a Secretaria Estadual de Saúde.

O médico intensivista Otílio Canuto trabalha em um hospital de Vila Velha que atende pacientes infectados com o novo coronavírus. A unidade hospitalar dispõe de dez leitos de UTI para o tratamento da doença, mas todos já estão ocupados. O médico, no entanto, diz que já sente uma diferença.

“A gente vê uma tendência de queda. O que a gente consegue ver agora é que os Pronto Atendimentos lá fora estão solicitando menos vagas ou estão tendo menos pacientes regulados para a UTI. Então a tendência é de queda neste momento. Ainda está cheio, nós estamos com todos os leitos lotados e, sempre que surge uma vaga, logo essa vaga é preenchida”, ressaltou.

Mesmo assim, o médico intensivista conta que os pacientes que chegam à UTI têm desenvolvido casos mais graves da covid-19, que demandam um maior tempo de internação. “São pacientes muito graves, que demandam muito da gente. A maioria está intubada. Então a gente entende que esses pacientes precisam ficar muito mais tempo na UTI. A nossa média, desses pacientes mais graves, é de 10 a 15 dias. Alguns ficam de 40 a 45 e já tivemos pacientes com 60 dias de internação”, relatou.

“A gente está vendo agora, com o isolamento social que foi feito, um índice de queda. Se isso continuar, talvez possa dar uma desafogada na UTI. Não precisar escolher qual o paciente tem maior chance de viver, para vir para a UTI. Isso é desanimador. Então a nossa expectativa é que melhore, mas a gente pensa que só vai melhorar com o distanciamento social, com a higienização das mãos, com a vacinação e o uso de máscara”, completou.

Já a técnica de enfermagem Cecília Augusta Vicentini, que atua na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Serra Sede há seis anos, avalia que passou pelo pior período da pandemia nos últimos dois meses. “Acredito que foram, nesses dois últimos meses, que a gente viu mesmo o quão devastador é esse vírus na sociedade. A gente tem visto, nesses últimos dias, jovens que a gente julgava, um ano atrás, que não seriam pacientes que agravariam ou que evoluiriam a óbito e, infelizmente, a gente tem vivenciado. Para mim, estes últimos dois meses têm sido o período mais triste no combate ao covid-19”, destacou.

Fonte: Folha Vitória