Postura é diferente da adotada por São Paulo, por exemplo, que já se antecipou e comprou 46 milhões de doses da Coronavac, que está na fase final de testes

A Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo informou que vai aguardar o Ministério da Saúde adquirir e distribuir aos estados vacinas contra a covid-19 para, a partir daí, iniciar a imunização da população capixaba. A postura é diferente da adotada por São Paulo, por exemplo, que já adquiriu 46 milhões de doses da Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Life Science, em parceria com o Instituto Butantan. A primeira remessa, com 120 mil doses da vacina, chegou ao estado paulista na última quinta-feira (19).

De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado, Luiz Carlos Reblin, as compras de vacinas feitas pelos estados podem causar sobrecarga a eles mesmos e atrapalhar a distribuição. “Imagina se um estado, como o Espírito Santo, adquire essa vacina sem uma aquisição para os municípios vizinhos. Moradores de outros estados muito populosos poderiam pressionar, no Espírito Santo, e tornar a aplicação da vacina inviável da nossa parte”, frisou.

O subsecretário afirmou ainda que outras vacinas poderão ser utilizadas no Espírito Santo, além da Coronavac. Reblin garante que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) já está se preparando para imunizar a população. “Hoje nós temos contrato de fornecimento de seringas e agulhas. Temos já o plano de aplicação pronto”, destacou.

Além da parceria firmada entre o Instituto Butantan e a Sinovac, diversos outros pesquisadores brasileiros participam de estudos com nove laboratórios e centros de pesquisa espalhados pelo planeta, para o desenvolvimento da vacina contra o novo coronavírus.

“A gente está testando aqui no Brasil por conta de uma única simples razão: aqui ainda tem muitos casos, tem muitas pessoas sendo contaminadas. Então a gente não ia conseguir fazer esses resultados de fase 3 esperando pessoas ficarem doentes, por exemplo, na Nova Zelândia, que não tem caso nenhum mais acontecendo”, ressaltou o microbiologista do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Gustavo de Almeida.

Testes

Na última terça-feira (17), foram divulgados resultados de estudos clínicos da Coronavac. Eles mostram que a vacina é segura e tem capacidade de produzir resposta imune 28 dias após a aplicação, em 97% dos casos. A vacina já está na fase final de testes. De acordo com Luiz Gustavo, faltam apenas os resultados do teste de eficácia.

“Agora a gente está esperando que as pessoas que estão participando desses dois grupos adoeçam, que contraiam o coronavírus. E aí a gente vai ver qual a proporção de pessoas que ficaram doentes nesses grupos, se foi uma proporção maior no grupo que tomou placebo ou no grupo que tomou a vacina”, explicou.

Segundo o microbiologista, a aplicação em massa da vacina depende da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que só deve ocorrer se a eficácia for comprovada. Luiz Gustavo acredita que os resultados dos testes de eficácia da Coronavac, vacina que considera mais viável para o Brasil, serão divulgados até janeiro. Com isso, ele estima que a autorização para aplicação em massa só deve ocorrer depois de fevereiro.

“Ainda não vai ser para a população em geral, porque tem sempre aqueles grupos prioritários. Então vai ser quem está na rede de saúde, depois idosos que têm comorbidades. Da população jovem, em geral, vai chegar no final do ano, em 2022, talvez”, frisou.

Sobre outras vacinas em desenvolvimento e estágio avançado de testagem, o microbiologista destaca a da farmacêutica norte-americana Pfizer. O problema, segundo Luiz Gustavo, é que ela precisa ser mantida em baixíssimas temperaturas. “A gente não tem esses ultra freezers em postinhos de saúde, não tem em muitos hospitais. Então, por mais que ela seja eficaz, ela deve ser utilizada principalmente na rede privada”, afirmou.

Fonte: Record TV