Uma nova variante do SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19, está a ser estudada após lhe ter sido atribuída responsabilidade por um aumento de infeções no Reino Unido.
Milhões de britânicos estão em casa depois de o primeiro-ministro Boris Johnson ter anunciado, este sábado, um confinamento obrigatório em Londres e no sudeste do Reino Unido, impondo medidas mais restritivas para o período de Natal, para controlar o crescimento de uma nova variante do vírus responsável pela Covid-19.
Por que razão a nova variante do vírus está a causar tanta preocupação?
Segundo a BBC, esta preocupação deve-se a três fatores:
- Está a substituir rapidamente outras versões do vírus;
- Tem mutações que afetam partes do vírus importantes
- Algumas dessas mutações podem aumentar a capacidade do vírus de infetar células
Estes fatores contribuem para a crença de que a nova variante se pode espalhar mais facilmente.
A que velocidade?
De acordo com a emissora britânica, a variante foi detetada pela primeira vez em setembro. Em novembro, cerca de um quarto dos casos em Londres eram atribuídos à nova variante. Em meados de dezembro, a variante representa quase dois terços dos casos.
Os matemáticos têm calculado os números de dispersão de diferentes variantes na tentativa de calcular a vantagem que esta pode ter. Mas é difícil distinguir o que é que corresponde ao comportamento das pessoas e o que se deve ao vírus.
Os dados citados pelo primeiro-ministro Boris Johnson indicam que a variante pode ser até 70% mais transmissível. Este número apareceu numa apresentação do Dr. Erik Volz, do Imperial College London, na sexta-feira. Durante a palestra, Volz disse: “É realmente muito cedo para dizer… mas pelo que vimos até agora, está a crescer muito rapidamente”.
Mas ainda há dúvidas sobre se a variante é mais infecciosa. “A quantidade de evidências em domínio público é lamentavelmente inadequada para gerar opiniões fortes ou concretas sobre se o vírus realmente aumentou a transmissão”, disse o professor Jonathan Ball, virologista da Universidade de Nottingham.
Até onde se espalhou?
Acredita-se que a variante surgiu num paciente no Reino Unido ou foi importada de um país com menor capacidade de monitorizar as mutações do coronavírus. A variante pode ser encontrada em todo o Reino Unido, exceto na Irlanda do Norte, mas está fortemente concentrada em Londres, sudeste e leste de Inglaterra.
Dados da Nextstrain sugerem que os casos na Dinamarca e na Austrália tiveram origem no Reino Unido. A Holanda também relatou casos.
Uma variante semelhante, que surgiu na África do Sul, partilha algumas das mesmas mutações, mas parece não estar relacionada.
A variante torna a infeção mais mortal?
Ainda não existem evidências suficientes acerca da mortalidade. No entanto, o aumento da transmissão é suficiente para causar problemas aos hospitais – se mais pessoas são infetadas mais rapidamente, isso, por sua vez, leva mais pessoas a precisarem de tratamento hospitalar.
As vacinas funcionarão contra a nova variante?
Em princípio sim, pelo menos por enquanto.
As vacinas treinam o sistema imunitário a atacar várias partes diferentes do vírus, portanto, mesmo que parte do pico tenha sofrido mutação, as vacinas ainda devem funcionar. “Mas se deixarmos adicionar mais mutações, isso passa a ser uma preocupação”, disse o professor da Universidade de Cambridge, Ravi Gupta.
Fonte Minuto a Minuto