Presidente da Fundação prestou esclarecimentos sobre ações da instituição para Comissões na Assembleia
Três anos após o desastre na barragem de Fundão, que atingiu cidades
de Minas Gerais e Espírito Santo, presidente da Fundação Renova, Roberto Silva Waack foi questionado em uma reunião conjunta realizada pelas CPI’s da Licença e da Sonegação, nesta quarta-feira (14/8).
A instituição foi criada em 2016, um ano após o desastre, com o intuito
de mobilizar ações de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão e é alvo de diversas denúncias relacionadas à sua conduta. O presidente da Comissão de Sonegação, Enivaldo dos Anjos, pediu uma auditoria nas contas da Fundação.
Dentre os questionamentos, o relator da CPI da Sonegação e presidente
da CPI das Licenças, Marcelo Santos cobrou explicações sobre o não cumprimento dos prazos instituídos no Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) para indenizar os atingidos pelo desastre, em relação ao uso de empresas terceirizadas para beneficiar
a Samarco, Vale e BHP, bem como as denúncias de superfaturamento e grandes salários.
“A CPI não vê no trabalho da Renova nenhum favor. Entre os inúmeros problemas
após o rompimento da barragem, temos a questão das indenizações. Entendo que há um processo seletivo nos pagamentos. O critério não é muito claro, não é linear. Os atingidos estão hoje com problemas enormes. Precisamos, além de esclarecer os prazos, tomar
medidas plausíveis para solucionar os impasses que esse crime ambiental ocasionou”, denuncia Marcelo.
Segundo o Roberto Waack, sobre os prazos, a Fundação começou agora, três
anos após o desastre, a segunda fase de cadastramento dos atingidos para a distribuição das indenizações.
“Estamos em um processo de identificação da extensão do dano com laudos
técnicos. A previsão é que esta fase termine em agosto e que o pagamento das indenizações sejam realizadas até o final de setembro”, declarou Roberto.
Waack afirma ainda que cerca de R$800 milhões já foram pagos em indenizações,
40% dos atingidos, entre pescadores e agricultores, receberam os valores. Porém não soube esclarecer o número exato de pessoas que ainda faltam. Esta foi uma das informações questionadas pelo Colegiado, que pediu a prestação de contas das ações, quebra de
sigilo bancário, fiscal e telefônico da Renova.
“A Renova apresenta informações confusas, precisamos de respostas objetivas. Eles afirmam que a utilização do tanfloc foi interrompida, mas temos denúncias que não, que 40% já recebeu indenização, que as ações de contenção dos rejeitos estão finalizadas. Precisamos de uma prestação de contas verídica. Por isso, solicitamos a quebra de sigilo da fundação e de toda sua diretoria”, finalizou o presidente das Comissões, Enivaldo dos Anjos.
Durante a reunião, também foram denunciadas a presença de metais pesados na água, além da sugestão da criação de um Portal da Transparência. Atualmente, os relatórios são divulgados por uma empresa independente.
Esclarecimentos
Na próxima segunda (14/8), foi realizada uma nova reunião para novos esclarecimentos. Desta vez, com Mariângela de Lourenço, ex-funcionária da fundação que falou sobre seu modo de operação.