Com base nesse entendimento, alguns medicamentos, como a cloroquina e a ivermectina, que ainda não têm eficácia comprovada, poderão ser usados na fase inicial da doença, caso o médico julgue necessário
O Conselho Regional de Medicina no Espírito Santo (CRM-ES) apresentou, nesta sexta-feira (10), um estudo preliminar que aponta para a importância do tratamento precoce para evitar o agravamento de casos de covid-19. De acordo com o presidente do CRM-ES, Celso Murad, é primordial, no entanto, que esse tratamento precoce seja sempre orientado pelo médico e tenha o devido consentimento do paciente.
Com base nesse estudo preliminar, a autarquia defende o fornecimento, na rede pública e privada, de medicamentos e materiais para que o médico possa prescrever, com autonomia e de forma mais precoce possível, o tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus.
A defesa dessa decisão foi aprovada durante reunião plenária do Conselho, realizada na última quarta-feira (8). A decisão considera que, diante da inexistência de estudos científicos que comprovem a eficácia de determinados medicamentos no combate à covid-19, o médico tem autonomia para prescrever o tratamento que ele julgar ser necessário para salvar vidas, restabelecer a saúde ou aliviar o sofrimento, desde que haja o consentimento do paciente ou de seu representante legal.
O CRM destaca ainda que alguns protocolos terapêuticos, emitidos pelo Ministério da Saúde e por algumas secretarias estaduais e municipais de saúde, vêm apresentando relatos de evolução favorável, com redução dos sintomas e, consequentemente, das internações hospitalares e óbitos decorrentes da covid-19. Segundo o conselho, os relatos são de que o uso de medicamentos com propriedades antivirais se mostrou efetivo nas fases iniciais da doença — até o quinto dia de sintomas.
Alguns desses medicamentos antivirais têm se tornado conhecidos do grande público nos últimos meses, como é o caso da cloroquina e a ivermectina.
“Considerando que tais tratamentos apresentam potencial benefício quando implementados nos primeiros dias da doença, recomendamos que ‘a orientação para que as pessoas aguardem pelo aparecimento de falta de ar ou sintomas de gravidade’ deve ser revista”, destacou o conselho, em sua decisão.
Na próxima semana, Celso Murad e demais representantes do Comitê de Crise do CRM-ES no Enfrentamento do Coronavírus debaterão o assunto com o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
Em entrevista coletiva na noite desta sexta-feira, o governador Renato Casagrande afirmou que não tem nada contra o uso de medicamentos como a cloroquina e a ivermectina serem usados no tratamento da covid-19 no Estado, desde que haja respaldo de especialistas.
“Não vejo problema nenhum. Se a equipe técnica, o comitê científico, definir que esse é um bom caminho, o Estado adotará. O Estado não tem nenhum problema com nenhum medicamento. Eu condeno a politização do uso de medicamentos. Mas se os médicos, os profissionais de saúde que trabalham na ciência, na pesquisa, indicarem que tem um protocolo que pode melhorar ainda mais o atendimento, o Estado adotará”, ressaltou Casagrande.