No Espírito Santo, apesar de várias prefeituras cancelarem a queima de fogos nas praias, a virada de ano foi marcada por aglomerações em praias do Estado.

esmo com todas as recomendações de distanciamento social para evitar a contaminação pelo coronavírus, as festas de réveillon foram marcadas por aglomerações em vários lugares do país. No Espírito Santo, apesar de várias prefeituras cancelarem a queima de fogos nas praias, o litoral atraiu, principalmente, jovens.

Para o infectologista Crispim Cerutti, o cenário é preocupante e pode ter consequências devastadoras nos próximos dias.

“A gente fica muito preocupado com isso, porque, dado o que se sabe da cadeia de transmissão do coronavírus, os resultados podem ser dramáticos. As pessoas que circulam impunemente e se expõem o tempo todo sem proteção uns com os outros estão se infectando”, disse.

Ele ainda alertou que essas pessoas – em sua maioria, jovens – se infectadas, podem desenvolver um quadro leve da doença. Entretanto, levam o vírus para o ambiente familiar, podendo infectar pacientes mais vulneráveis ao vírus.

“Isso vai resultar num número acentuado de casos, um grande número de óbitos. E muitos dos óbitos são de pessoas que vivem dentro de casa com essas pessoas que estão se expondo, e elas vão ser diretamente responsáveis por isso”, disse.

O infectologista reforça que, com o provável aumento de casos e óbitos causados pela Covid-19, os números podem se tornar nomes e rostos conhecidos.

“Numa análise fria dos números, a gente pode considerar que uma a cada 17 pessoas no estado já foram infectadas e uma a cada 800 já morreram. E isso tende a aumentar. O que vai ser daqui a dois meses se a gente tiver uma morte a cada 500 pessoas? A probabilidade de que seja um membro querido seu é muito grande. As pessoas deveriam pensar antes de se expor da maneira como estão se expondo”, concluiu.

Em meados de dezembro, a pesquisadora capixaba Margareth Dalcolmo, que atua na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), já havia alertado sobre os possíveis efeitos das festas de fim de ano. “Eu acho que a segunda onda chega ao Brasil trazida de maneira perversa como presente de Natal e Ano Novo. Um presente perverso que poderíamos ajudar a evitar”, disse.

Nesta sexta-feira (1º), o Espírito Santo chegou a 5.093 mortes por Covid-19 e 249.271 infectados.

Fonte: G1