Tribunal Federal alegou que a decisão do tenista de não se vacinar contra a Covid-19 representa um risco para o país
O tenista Novak Djokovic foi deportado da Austrália, nesse domingo (16), depois que o Tribunal Federal confirmou a decisão do governo de cancelar seu visto, alegando que sua decisão de não ser vacinado contra a Covid-19 representava um risco para o país.
O jogador sérvio embarcou em um voo da Emirates com destino a Dubai, poucas horas após a decisão, disse uma testemunha para a Reuters.
Djokovic disse após a decisão que ficou extremamente desapontado, pois isso significava que ele não poderia participar do torneio, que começa na próxima segunda-feira (17).
“Respeito a decisão do tribunal e vou cooperar com as autoridades competentes em relação à minha saída do país”, acrescentou pouco antes de ser visto no aeroporto de Melbourne.
“Agora vou tirar um tempo para descansar e me recuperar”, disse o jogador, cuja carreira pode ser seriamente afetada após a decisão.
Djokovic foi autorizado a deixar o centro de detenção onde estava detido no último sábado e assistiu à audiência online de quatro horas dos escritórios de seus advogados.
Em suas conclusões no tribunal no sábado, o ministro da Imigração, Alex Hawke, argumentou que a presença de Djokovic no país era “provavelmente um risco à saúde”.
Ele disse que o tenista alimentou o “sentimento antivacina” e poderia atrapalhar a campanha para a vacinação de reforço, já que a variante Ômicron do coronavíru se espalha rapidamente pelo país.
“Agitação civil”
A presença do campeão na Austrália pode até “provocar um aumento da agitação civil”, acrescentou o ministro.
Apesar de chamar o risco de o próprio Djokovic infectar os australianos de “insignificante”, o ministro disse que seu “desrespeito” pelas regras de saúde da Covid-19 é um mau exemplo.
Neste domingo, no tribunal, os advogados de “Djoko” descreveram a detenção e a possível deportação de seu cliente como “ilógicas” e “irracionais”.
Barrado na Austrália e contra a vacinação: as polêmicas de Djokovic
Mas não conseguiram convencer os três juízes da Justiça Federal, que por unanimidade rejeitaram a apelação, sem possibilidade de recurso.
Novak Djokovic foi preso na chegada à Austrália em 5 de janeiro e inicialmente colocado em detenção administrativa.
O jogador, que contraiu a Covid-19 em dezembro, esperava uma isenção para entrar no país sem estar vacinado, mas as autoridades não aceitaram esta explicação.
O governo australiano sofreu um revés humilhante em 10 de janeiro, quando um juiz bloqueou a deportação de Djokovic, restabeleceu seu visto e ordenou sua libertação imediata.
Mas o ministro da Imigração contra-atacou na sexta-feira e cancelou seu visto pela segunda vez sob seus poderes discricionários, citando “razões de saúde e ordem pública”.
Em comunicado publicado na última quarta-feira, o tenista admitiu ter preenchido incorretamente sua declaração de entrada na Austrália.
“Incompetência”
O 86 vezes campeão da ATP, que foi visto na Sérvia e na Espanha duas semanas antes de sua chegada, alegou “erro humano”.
Os australianos estão enfrentando algumas das restrições mais duras do mundo contra a Covid-19 há quase dois anos.
Além disso, com a perspectiva de eleições em maio, o contexto político ficou muito carregado.
Nos últimos dias, a pressão aumentou sobre o primeiro-ministro conservador Scott Morrison, a quem a oposição trabalhista acusou de “incompetência”.
O governo australiano comemorou sua vitória legal neste domingo. “A forte política de proteção de fronteiras da Austrália nos manteve seguros durante a pandemia”, disse o ministro da Imigração, Alex Hawke, em comunicado.
“Os australianos fizeram grandes sacrifícios para chegar a este ponto e o governo de Morrison está firmemente comprometido em proteger essa posição”.
Uma posição diferente da do presidente sérvio Aleksandar Vucic. “Eles acreditam que com dez dias de maus-tratos humilharam Djokovic. Eles se humilharam, Djokovic pode voltar ao seu país de cabeça erguida e olhar todos nos olhos”, disse ele.
Para a ATP, que administra o circuito profissional de tênis masculino, a decisão do tribunal “encerra uma série de eventos profundamente infelizes”.
O lugar de Djokovic na mesa final do Grand Slam da Austrália será ocupado pelo italiano Salvatore Caruso (150º do mundo).
Fonte: R7