O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, afirmou, em pronunciamento feito na última segunda-feira (30), que o estado chegou a fase de transmissão comunitária do Novo Coronavírus.
Nesta terça-feira (31), o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, explicou que em três casos novos, não foi possível identificar a origem da transmissão, ou seja, não dá para saber de quem a pessoa pegou o vírus. Diante da nova realidade, o secretário afirmou que “a partir de agora, podemos afirmar com muita segurança para a sociedade, que não é possível flexibilizar as medidas de isolamento social já adotadas”.
Até esta terça-feira (30), o estado registra 85 casos da covid-19. Segundo o secretário, a estimativa é que o número aumente e ultrapasse 100 pessoas infectadas. “Existem marcadores do primeiro caso, do caso 50 e do caso 100. Nós entendemos que, como passamos do caso 50, a tendência agora é aumentar os casos no estado”, relatou.
Segundo Nésio, nesta quarta-feira (1º), a secretaria vai publicar uma norma técnica, informando quais serão os critérios para a realização de testes no Espírito Santo. O secretário afirmou que o aumento dos casos terá relação com a capacidade da realização dos testes na população. “Qualquer caso novo em pacientes graves, por exemplo, vai ser diagnosticado rapidamente”.
O secretário afirmou ainda que, a partir da etapa de transmissão comunitária, não há possibilidade de aderir ao chamado “isolamento vertical”, no qual só pessoas do grupo de risco ficam em isolamento.
“Se eu tenho uma alta taxa de infecção em crianças, adolescentes, adultos jovens, pessoas que têm uma capacidade imunológica suficiente para poder vencer o vírus, e se essas pessoas estiverem em contato com a sociedade, eu vou ter também muitas pessoas que não têm a mesma capacidade de defesa. Então não tem como isolar da sociedade 24% da população hipertensa, ou 8 ou 9% da população idosa, ou pacientes que fazem tratamento para câncer, ou diálise”.
A previsão do secretário é que nos meses de abril e maio, haverá um crescimento amplo dos casos de Coronavírus no estado. “Esse crescimento amplo e franco pode ser mitigado pela orientação correta de estimular o isolamento social e evitar o contato direto entre as pessoas”, pontuou.
“Se os casos explodirem, como ocorreu na Europa e na China, haverá muita gravidade para a população e para a produção e economia. Nós estamos falando da possibilidade de morrerem milhares de pessoas no Brasil, ou no Espírito Santo. […] estamos diante de uma doença nova, que precisa ter a atenção de todos”, finalizou.
Compra de testes no Espírito Santo
Durante uma coletiva de imprensa, realizada nesta segunda-feira (30) via internet, o governador informou que o Estado está comprando, nesta semana, mais 5 mil testes. Outros 50 mil já foram adquiridos pelo governo, mas, segundo Casagrande, só deverão chegar ao Espírito Santo após o dia 15 de abril. Além disso, o Estado recebeu, de uma empresa, cerca de 15 mil testes e pretende comprar outros 30 mil.
De acordo com Casagrande, o objetivo do governo é fazer o maior número de testes possível, para que se tenha um mapeamento da doença dentro do estado. “Nós temos que testar mais e o nosso objetivo é fazer o máximo de testes. Tanto é que o nosso laboratório saiu de 50 testes por dia e ele chega a essa semana podendo fazer 500, 600 testes por dia. Mas ainda não temos esses testes. Estamos comprando esses testes e ganhando outros. O Ministério da Saúde nos envia 800 testes por semana, o que é um número pequeno. Quando a gente produzia pouco, era o suficiente, mas agora que a gente conseguiu adaptar o nosso laboratório com uma condição muito melhor, os testes não são suficientes. Estamos pedindo que o Ministério da Saúde reforce a nossa situação aqui, porque o nosso desejo é testar o máximo”, afirmou o governador.
“Testando o máximo, a gente consegue fazer no Espírito Santo uma radiografia do comportamento do vírus e permitir que a gente planeje mais adequadamente o número de leitos hospitalares que a gente precisa ter. A primeira avaliação nossa é que a gente precisa de 300 leitos de UTI, mais leitos de enfermaria. Mas o tempo vai nos dando dados e esses dados vão orientando o nosso planejamento”, completou”. fonte: folhavitoria/portaldenoticias24horas