Projetos foram desenvolvidos por alunos da Escola Estadual de Tempo Integral Lyra Ribeiro Santos, no bairro Kubitschek. Eles vão representar o Brasil em evento internacional.

Alunos de uma escola pública de Guarapari, verdadeiras feras em Ciências e Física, levaram o conhecimento da sala de aula para além dos muros da escola para ajudar pessoas com baixa visão e baixa audição. De maneira eficiente e com baixo custo, os estudantes criaram uma mochila com sensor de obstáculos e um amplificador auditivo.

Os projetos foram desenvolvidos por dois grupos de alunos da Escola Estadual de Tempo Integral Lyra Ribeiro Santos, no bairro Kubitschek. Pelos trabalhos, eles vão representar o Brasil em um evento internacional.

Lúcia Helena Horta Oliveira, professora da disciplina de Física, supervisionou os trabalhos e explicou como as ideias dos estudantes surgiram.

“O trabalho do professor é orientar. A gente joga uma pergunta. Eles vão fazer uma pergunta e a partir dessa pergunta eles vão descobrir três hipóteses para resolver o problema que seria da comunidade. Como na escola já havia deficientes visuais e auditivos, eles procuraram alguma coisa que pudesse ajudar essas pessoas a melhorar a qualidade de vida delas”, contou a professora.

Os projetos ficaram em 4º e 5º lugares na feira Movimento Internacional para o Recreio Científico e Técnico (Milset), realizada em junho, em Fortaleza, com cerca de 200 escolas participantes.

Tanto o amplificador de som quanto o protótipo visual foram produzidos com materiais reciclados e saíram por menos de R$ 200. Entre os materiais usados estão restos de sucata e canos.

Amplificador auditivo

Amplificador de som criado por alunos de escola pública de Guarapari, ES, para ajudar pessoas com baixa audição — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Amplificador de som criado por alunos de escola pública de Guarapari, ES, para ajudar pessoas com baixa audição — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Um dos grupos desenvolveu o amplificador que pode ser usado por pessoas com baixa audição. Por um microfone, o som é captado, amplificado pelo aparelho e jogado nos fones de ouvido. O protótipo ganhou o nome de Magorna, mistura dos nomes “martelo” e bigorna”, que são ossos do ouvido.

A estudante Lorena de Oliveira disse que o som que sai do aparelho é limpo e fica sem ruídos para não incomodar o usuário.

Mochila para pessoas com baixa visão

O outro grupo de alunos fez o sensor chamado de Vision Assistent Model, ou modelo de assistente de visão, para ser usado por pessoas com baixa visão que precisam do suporte da bengala e de cão-guia para se locomover.

Dentro da bolsa, o aparelho detecta obstáculos em até 180º e emite um som de apito, alertando aos usuários (assista no início da matéria).

Mochila com sensor para ajudar pessoas com baixa visão criada por alunos de escola pública de Guarapari — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Mochila com sensor para ajudar pessoas com baixa visão criada por alunos de escola pública de Guarapari — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Uma das estudantes que participou do projeto, Júlia Aragão, de 15 anos, disse que o objetivo é tornar a tecnologia acessível para ajudar as pessoas.

“Por não ter acessibilidade, eles acabam ficando em casa e isso impede de irem para a escola e para o trabalho. A renda acaba sendo menor e aí eles não podem arcar com um produto mais caro com uma tecnologia como a nossa, que no mercado custa entre R$ 14 mil e R$ 16 mil. A gente pretende abrir uma startup pra disponibilizar esse aparelho e ajudar muitas pessoas”, disse a estudante.

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Protótipo testado e aprovado

Eduardo Jesus Medeiros Gomes, 17 anos, tem baixa visão desde os 5 anos e foi inspiração para os colegas desenvolverem o protótipo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Eduardo Jesus Medeiros Gomes, 17 anos, tem baixa visão desde os 5 anos e foi inspiração para os colegas desenvolverem o protótipo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Eduardo Jesus Medeiros Gomes, de 17 anos, tem baixa visão desde os 5 anos e foi inspiração para os colegas desenvolverem o protótipo visual. Apesar de o produto não ser especificamente para o perfil dele, porque o estudante não utiliza bengala, ele testou a tecnologia e aprovou a iniciativa.

“Ele é bom pra pessoas que têm deficiência visual ou que usam bengala”, disse o estudante.

As ótimas colocações na feira de Fortaleza deram a oportunidade de os alunos da escola de Guarapari participarem de uma outra exposição no México em outubro. Agora, os estudantes buscam apoio, principalmente financeiro, para ingressar em mais uma etapa de demonstração das invenções.

Fonte: G1