Ex-treinador do Athletico-PR, Fabiano Soares foi um dos primeiros brasileiros a conseguir a licença da Uefa para poder trabalhar na Europa. O ex-jogador de Botafogo e Cruzeiro começou a trilhar o caminho fora das quatro linhas logo que pendurou as chuteiras pelo Racing de Ferrol-ESP, em 2004.

Sua primeira experiência como técnico foi pelo Compostela, clube no qual tinha sido ídolo e capitão, que havia caído para as últimas divisões por problemas econômicos.

Depois de passar pelo Estradense-ESP, ele foi chamado por Vinícius Eutrópio para ser auxiliar-técnico do Estoril, clube que pertencia à Traffic – empresa brasileira de marketing esportivo – e estava na segunda divisão portuguesa.

Pouco tempo depois, Eutróprio saiu e Fabiano também não queria ficar, mas ficou porque tinha uma cláusula de rescisão contratual. Marco Silva, que era o gerente de futebol, depois virou treinador e o brasileiro permaneceu como auxiliar.

Em 2014, ele foi efetivado como treinador principal do clube, que virou sensação em Portugal.

“A equipe começou a dar certo. Subimos para a primeira divisão e depois chegamos dois anos seguidos na Liga Europa. Foi um período muito bom. Nós vendemos 8 jogadores naquele período”, explicou ao ESPN.com.br.

Os principais objetivos do clube eram manter-se na primeira divisão e conseguir negócios lucrativos na transferências de atletas.

“O Léo Bonatini foi a venda mais cara da história do clube para o Al Hilal (Arábia Saudita). O Bruno César veio um pouco desacreditado e começou a jogar muito bem. Quando abriu o mercado, o Jorge Jesus o levou para o Sporting. Mesmo caso do Matheus [filho de Bebeto], que tinha um pouco de dificuldades na adaptação, mas também foi bem. O Diego Carlos [zagueiro do Sevilla] também foi nosso jogador antes de ir para o Nantes”, recordou.

Fabiano chegou a ser o único treinador brasileiro a trabalhar na primeira divisão em uma liga relevante na Europa. Na temporada 2016/17 a situação mudou. Ele acredita que pagou o preço pela crise do clube e pelo próprio sucesso que ajudou a construir.

“A Traffic tentou vender a equipe, mas não conseguiu. Em dezembro tive problemas com o corpo técnico. No Estoril eu não perdi dois jogos seguidos. Estávamos em oitavo e tínhamos vendidos vários jogadores. Quando o Estoril se classificou à Liga Europa algumas pessoas começaram a dizer que eu deveria estar em terceiro na Liga. Eu sai, o time perdeu 11 jogos seguidos e quase caiu. No ano seguinte acabou rebaixado”, lamentou.

Ida ao Athletico-PR

Após deixar o Estoril, em dezembro de 2016, Fabiano Soares foi indicado ao presidente do Athletico-PR, Mário Celso Petraglia, que o contratou depois da demissão de Eduardo Baptista.

“Ele falou com o Paulo Autuori

, que tinha sido meu treinador e conhecia o meu trabalho, que falou para me contratar. O Atlhetico estava lá embaixo e em pouco tempo consegui reverter isso. Fizemos pressão alta e jogamos em campo contrário. Roubávamos muitas bolas. Foi uma situação muito boa”, afirmou.

Fabiano assumiu o time na 14ª posição do Brasileiro e terminou a competição no 11º lugar, três pontos atrás da Chapecoense (primeiro time que se classificou à Libertadores). O treinador foi um dos responsáveis por lançar o volante Bruno Guimarães ao time principal.

“Infelizmente perdemos quatro pênaltis no torneio, se tivéssemos acertado pelo menos um a gente conseguiria ir para a Libertadores. No fim foi até bom porque o Tiago Nunes venceu a Sul-Americana do ano seguinte”, analisou. Logo após a rodada final do Nacional, Paulo Autuori deixou o Athletico-PR. Mesmo com contrato até o final de 2018, Fabiano resolveu tomar o mesmo caminho.

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“Seria importante ter começado uma temporada para poder implementar os valores e o Athletico te dá muito tempo de treinamento porque não joga o Estadual. Mas por ética profissional e respeito eu sai junto porque foi o cara quem me trouxe”, afirmou.

O treinador disse que recebeu algumas ofertas, mas preferiu voltar para Europa para fazer uma reciclagem. Ele fez estágio de alguns dias no Real Madrid antes de assumir o Jeonnam Dragons, em 2019.

“Eles não falam inglês, e era complicado porque tinha que usar tradutor. Os jogadores coreanos são obedientes taticamente, mas é difícil. Foi uma experiência que fez crescer como treinador”, ponderou.

Agora, Fabiano busca novas oportunidades no mercado para 2020.

“Eu quero ficar um pouco mais no meu pais e trabalhar no brasil. Acho que fiz um bom trabalho no Athletico e gostaria de voltar ao brasil. A minha meta a princípio é voltar ao Brasil”, finalizou.