As condições atípicas levaram o Rubro-Negro a não desempenhar o futebol que está acostumado. E isso não deve ser motivo para preocupação em tempos de coronavírus
O Maracanã, vazio, não deveria ter recebido jogo na tarde de sábado (Foto: Paula Reis / Flamengo) COMPARTILHE 0 0 Matheus Dantas 15/03/2020 08:00 Rio de Janeiro (RJ)
Arquibancadas
vazias no Maracanã e preocupação quanto à pandemia do coronavírus no
mundo: estes foram os principais aspectos que levaram o Flamengo
apresentar um futebol abaixo do nível esperado neste sábado. O time de
Jorge Jesus, mesmo nestas condições atípicas, venceu a Portuguesa,
mantendo-se na liderança do Grupo A, A situação na tabela pouco importa,
assim como a realização das próximas partidas. Como pediu o treinador, o
Carioca deve ser paralisado até que volte a existir condições para
jogar bola.
A ausência da Nação no Maracanã ajuda a explicar o
nível de intensidade e de concentração do Flamengo – abaixo do que nos
acostumamos a ver com Jorge Jesus na beira do gramado. Além dos
jogadores, o próprio Jorge Jesus esteve menos participativo durante os
90 minutos, nas instruções passadas ao time.
– Nós sentimos falta
do apoio, sentimos que vocês são muito importantes para nós. A ausência
de vocês hoje nos mostra o quanto são importantes nas vitórias. Como
disse, a equipe entrou desfalcada pela falta do calor (da torcida), mas
também pela questão do coronavírus. Estamos todos preocupados pois não
sabemos o que temos – afirmou o treinador após a vitória no Maracanã.
Jorge Jesus: ‘Dou os
parabéns à equipe da Portuguesa. Agora, quem joga assim, pode demorar
mais ou menos tempo, mas não ganha. Pode empatar.’
O cenário do jogo também
passou pelo adversário, que desde o apito final abdicou da posse e se
colocou atrás da linha da bola com todos os jogadores de linha. Os
zagueiros do Flamengo pisaram no campo de ataque durante os 90 minutos,
mas, diante de uma rival postado todo em frente à área, faltou
repertório à equipe da Gávea para criar chances claras. No primeiro
tempo, foram só duas.
O gol marcado por Maicon, com desvio em
Rafinha, reforçou o cenário. A solução encontrada pelo Mister foi
“povoar a área”, colocando Vitinho para atuar próximo a Bruno Henrique,
depois Lincoln. Michael entrou pela direita.
Foram muitas bolas
levantadas na área. Não era o futebol vistoso que o time do Flamengo
costuma apresentar, mas, de tanto insistir, o resultado veio.
– Parecia
que seria a primeira derrota do Flamengo comigo, no Maracanã, mas é
aquilo que confio muito nessa equipe e nesses jogadores. Um gol a gente
vai fazer. Estava quase acabando e eu dizia para mim: “Posso não ganhar,
mas perder não vou pois vamos fazer um gol.” E pronto. As coisas
aconteceram depois, fizemos mudanças táticas, colocamos mais jogadores
dentro da área – finalizou o Mister, que soma 39 vitórias e nove empates
em 52 jogos pelo Fla.
Diante deste cenário, poucas avaliações
poderão ser levadas desta partida contra a Portuguesa. Opções táticas,
atuações dos substitutos de Diego Alves, Filipe Luís, Gerson ou Gabriel
Barbosa, apresentação de Diego… Tudo isso fica em segundo plano, uma
vez que o Flamengo aguarda – com a preocupação destacada por Jorge Jesus
– os resultados dos testes feitos no clube na sexta.
O fato é
que a bola já não deveria ter rolado no Maracanã para Flamengo e
Portuguesa, mesmo sem torcida, e não deve voltar a rolar até que, no
Brasil, tenha-se a situação do coronavírus controlada. A manutenção do
confronto colocou em risco não só os jogadores – como o governador
Wilson Witzel deixou claro -, mas todos os profissionais envolvidos na
operação da partida.
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Fonte: Lance