Abel Braga voltou a entrar em campo sem um meia e sofreu para fazer bem as transições no ataque; Marcos Felipe, Nino e Felipe Melo foram destaques
É normal? Baseado nos últimos Fla-Flus, pode-se dizer que sim. O Fluminense conseguiu um gol aos 43 minutos do segundo tempo com Jhon Arias e garantiu o 1 a 0 no que foi a terceira vitória seguida sobre o Flamengo, a quinta em sete jogos, neste domingo, no Estádio Nilton Santos. E a receita foi parecida com a utilizada nos outros triunfos recentes: eficiência na frente e, principalmente, garra ao longo dos 90 minutos.
No início parecia que a equipe poderia sucumbir à péssima arbitragem, que perdeu o controle da partida e deixou os ânimos se exaltarem cada vez mais. Mas o Tricolor soube usar isso a seu favor como combustível para crescer. O primeiro tempo foi péssimo, com as mesmas limitações apresentadas nas três primeiras rodadas do Campeonato Carioca. Inicialmente, um monólogo do Flamengo. Depois da parada técnica, algum equilíbrio e as melhores chances, mas com uma transição lenta.
Fato é que Abel Braga não parece ter se convencido ainda sobre a falta de um meia-armador para a equipe. Assim como na partida com o Madureira, a opção foi entrar com apenas André e Yago Felipe no meio. Os dois foram bem na proteção, mas claramente faltou um homem para fazer as jogadas evoluírem. Sem velocidade, os atletas que conseguiam chegar ao ataque muitas vezes ficavam isolados e precisavam recuar para iniciar tudo de novo. Paulo Henrique Ganso quase entrou, mas a expulsão fez o treinador mudar de ideia. E nem sinal de Nathan.
Mas houve uma clara evolução, que pode ter sido causada pela ânsia de vencer o clássico, algo que o Fluminense tem feito bem nos últimos anos, ou pela melhora a medida que o tempo vai passando. O destaque mais importante fica para o setor defensivo, que vinha tendo dificuldades para fechar os espaços no esquema com três zagueiros, mas contou com atuações de gala de Marcos Felipe, Nino e Felipe Melo para se manter seguro.
Outro que foi melhor é o lateral-esquerdo Cristiano. Depois de jogos difíceis em que parece ter sentido o peso do clube, o jogador aparentou estar mais confortável. Ainda há um espaço para evolução, já que os cruzamentos precisam melhorar, mas a apresentação foi boa. Já Samuel Xavier, por outro lado, segue sendo burocrático, um tipo de futebol que, apesar de eficiente muitas vezes, não combina com o estilo de jogo mais insinuante proposto pelo novo treinador.
Mas o grande destaque parece ser Jhon Arias, a grata surpresa do Fluminense nesse início de temporada. Assim como foi contra o Madureira, o meia-atacante saiu do banco de reservas para ser decisivo. Contra o Audax Rio, quando foi titular no time misto, já tinha aproveitado a oportunidade e foi bastante elogiado por Abel Braga. Mais à vontade do que em 2021, o colombiano, enfim, parece pronto para mostrar a que veio.
– Incrível a utilidade que o Arias teve já no jogo passado, jogando por dentro do campo, onde acho que tem uma utilidade melhor. Fez durante um determinado momento um segundo volante. É um jogador de velocidade, tecnicamente bom. Teve uma jogada que ele fugiu e sentiu o ritmo de jogo, estava cansado. Mas está tendo uma utilidade grande – afirmou Abel.
O resultado é importante para o Fluminense iniciar uma rota para a evolução. O futebol apresentado ainda precisa melhorar e não foi nem perto de ser brilhante, mas mostra que a vontade pode sim ajudar a ganhar as partidas. A próxima rodada do Campeonato Carioca também será complicada. Na quinta-feira, o Flu encara o Botafogo no Nilton Santos, às 20h.
Fonte: Lance