Cumprindo pena pelo assassinato de Eliza Samudio, atuou seis meses no Acre. De nada adiantaram protestos. Ele seguirá jogando

“Aqui encerro meu vínculo com o nosso Rio Branco! Quero agradecer primeiramente a Deus por essa oportunidade concedida de conhecer o Estado do Acre! Agradeço a Deus pela volta ao futebol! Agradeço a cada torcedor ou não rio-branquense pelo carinho e apoio!”

“Sentirei saudades! Não é uma despedida, mas sim um até breve!”

“Bjos a todos! Partiu Cabo Frio.”

Do lado esportivo, foi um fracasso.

No fraquíssimo campeonato acreano, não conseguiu ser campeão. Foi vice.

Não conseguiu também a classificação para a Série D, a quarta divisão do Brasileiro.

Mas pessoalmente conseguiu vencer.

O goleiro Bruno não tem o que reclamar.

Mesmo ainda cumprindo pena de 20 anos e nove meses, em regime semiaberto, por homicídio, e cárcere privado do seu filho Bruno, ele conseguiu voltar ao futebol.

Enfrentou protestos e desligamento do único patrocinador.

Mas jogou por seis meses no Rio Branco, no Acre.

Só não usava tornozeleira eletrônica nos jogos e treinos.

Foram 18 partidas e até marcou um gol, de pênalti.

Atuou por uma insistência do presidente do clube acreano, Neto Alencar.

Havia o sonho do dirigente que Bruno fizesse sucesso e algum clube se interessaria em contratá-lo, comprando seus direitos.

Mas acabou o contrato e não houve interessados.

Alencar queria voltar a ter patrocinadores.

A rede de supermercados Arasuper avisou que poderia retornar.

Só que com Bruno seria impossível.

O contrato não foi renovado.

O goleiro de 36 anos quer seguir jogando.

Vai tentar se encaixar em um clube pequeno e disputar o Carioca.

Se não conseguir, tem proposta do Humaitá, para seguir na primeira divisão acreana.

Talvez um dado explique essa atração entre o Acre e Bruno.

“Hoje, o Acre é o estado menos seguro para mulheres. O feminicídio é o último grau da violência contra mulher, mas temos vários níveis de agressão, física, psicológica e moral.”

“Se nós lideramos o ranking de feminicídio, você imagina os estágios anteriores”, disse a procuradora de Justiça Patrícia Rêgo, ao site Amazônia Real.

Há três anos, o Acre lidera o ranking de feminicídio do Brasil, considerando proporcionalmente à população feminina no estado, que é de 453 mil mulheres, segundo dados do IBGE de 2020.

Bruno tem certeza.

Sua carreira como jogador de futebol continuará.

Os seis meses que atuou pelo Rio Branco deram essa certeza…

Fonte: R7