O ministério estima contar com 27,4 mil leitos de UTI no SUS. A taxa de ocupação é de 78%. São ainda 46.663 mil respiradores na rede pública

Frente ao avanço de casos do novo coronavírus no Brasil, o Ministério da Saúde busca alternativas para garantir ampliação de leitos de UTI e equipamentos essenciais ao tratamento de pacientes, como respiradores. A pasta subiu o tom nesta segunda-feira, 16, e disse querer impedir exportações de produtos usados no enfrentamento à doença, além de passar a considerar requisitar leitos ociosos da rede privada para atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

O ministério estima contar com 27,4 mil leitos de UTI no SUS. A taxa de ocupação é de 78%. São ainda 46.663 mil respiradores na rede pública. O acesso aos leitos é apontado como uma das maiores preocupações de autoridades da saúde para combate à pandemia.

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Frente ao avanço de casos do novo coronavírus no Brasil, o Ministério da Saúde busca alternativas para garantir ampliação de leitos de UTI e equipamentos essenciais ao tratamento de pacientes, como respiradores. A pasta subiu o tom nesta segunda-feira, 16, e disse querer impedir exportações de produtos usados no enfrentamento à doença, além de passar a considerar requisitar leitos ociosos da rede privada para atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

O ministério estima contar com 27,4 mil leitos de UTI no SUS. A taxa de ocupação é de 78%. São ainda 46.663 mil respiradores na rede pública. O acesso aos leitos é apontado como uma das maiores preocupações de autoridades da saúde para combate à pandemia.PUBLICIDADE

Somando redes pública e privada, o Brasil tem 55,1 mil leitos e 65.411 respiradores. Além de reforçar leitos e equipamentos, o governo quer evitar uma curva fora do esperado de casos da doença no País, para impedir um colapso do sistema de saúde, como visto no norte da Itália.

Para Diogo Leite Sampaio, vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), é “difícil” dizer que a oferta atual de leitos e equipamentos é satisfatória, pois dependerá da evolução do número de casos que o Brasil tiver pela frente. “Não dá para dizer que seja suficiente. Se atingir um pico (de casos) não vai ser suficiente nunca. O que o Ministério da Saúde nos disse é que está procurando forma de importação rápida de suprimentos. Não só respiradores, mas máscara, medicamento”, disse Sampaio.

Na opinião de Sampaio, o mais importante é pensar em formas de reduzir a desigualdade no acesso aos leitos de tratamento intensivo, além de planejar ações para cenários de surto da doença, como cancelar cirurgias mais leves, montar hospitais de campanha e locar estruturas da rede privada.

O governo federal custeará a instalação de 2 mil leitos específicos para combate à covid-19 nos Estados. A proposta é usá-los apenas para o novo coronavírus. Serão R$ 396 milhões investidos para locar os equipamentos exigidos para montar os leitos e mais R$ 260 milhões para manutenção por 6 meses destas estruturas, diz o ministério.

Como o Estado antecipou, o governo decidiu no último fim de semana instalar os primeiros 540 leitos. A primeira leva será distribuída conforme a população de cada Estado, desde que cada unidade federativa recebe ao menos 10 leitos. Em São Paulo, Estado mais populoso, serão instalados 118 quartos.

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Especialistas e o governo evitam apontar um número de casos que faria o sistema brasileiro de saúde colapsar. Eles dizem que depende do tamanho da curva de casos que forem registrados ao longo das próximas semanas.

Para o vice-presidente da AMB, as medidas que estão sendo tomadas até o momento pelo governo brasileiro são “acertadas”. “São formas de impedir a curva, o pico de crescimento rápido da doença. Se conseguir segurar essa curva, o sistema de saúde brasileiro vai conseguir suportar o atendimento”, disse.

Além de ações governamentais, Sampaio reforça que é preciso engajamento da população em medidas de prevenção. “Lavar as mãos parece besteira, mas não é. A gente precisa mudar um pouco a cultura no País para impedir um pico de casos, que aí sim é inviável”, disse.

O vice-presidente da AMB observa ainda que muitos respiradores do SUS estão defasados, mas afirma que o governo promete buscar os produtos o quanto antes. Ele aponta ainda que, se houver um surto da doença, a estrutura da rede privada deve ser usada no SUS.

Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, a instalação dos primeiros leitos específicos para novo coronavírus dará maior segurança para enfrentar os primeiros casos. “O sistema começar a atender pacientes do novo coronavírus e observar como a doença avança”, explica. Ele afirma ser difícil apontar se os 2 mil leitos serão suficientes. “Mas tranquiliza (o envio da primeira leva). Se preciso, vamos ter de reavaliar este número”, disse. O secretário afirma que o valor é similar ao usado pelo governo durante a pandemia de H1N1 (Influenza A), em 2009.

O governo já havia ameaçado impedir a exportação de equipamentos de proteção individual, como máscaras e luva. A medida, no entanto, foi lida como blefe entre pessoas da indústria, pois serviu para acelerar a compra destes produtos.

Além da instalação já programada de leitos de UTI, que contam com respiradores, monitor multiparamétrico (para medir sinais vitais) e outros produtos, a pasta deseja receber da China equipamentos que deixaram de ser usados, pois o número de casos novos reduziu naquele país.

“Estamos em contato com embaixada chinesa, para colocar o Brasil como voluntário para receber equipamentos”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo.

O governo estuda ainda parceria com empresa de turismo para usar navios de cruzeiro no Rio de Janeiro como local de atendimento de pacientes. Segundo Gabbardo, o governo não teria gasto para locar o espaço, tendo apenas de bancar a equipe de assistência à saúde.

Segundo Sampaio, da AMB, as entidades médicas e o ministério discutem a melhor forma de alocar profissionais de saúde. Nesta terça-feira, 17, houve reunião sobre o tema. O governo quer convocar estudantes do último ano da área de saúde, aposentados, além de médicos cubanos por meio do Mais Médicos. As entidades defendem que os cubanos atuem sob a supervisão de brasileiros. A ideia para estudantes é que eles auxiliem as equipes médicas, por exemplo, no contato com as famílias.

Estadão Conteúdo