A Secretaria de Estado da Saúde planeja chegar a 652 leitos de terapia intensiva exclusivos para pacientes com covid-19 até o final de junho

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) deve comprar de hospitais particulares até 180 leitos de UTI para tratar pacientes infectados com o novo coronavírus. A intenção é ampliar a oferta de leitos de terapia intensiva na rede pública de saúde para a fase mais crítica da pandemia, cuja previsão é de começar nesta semana.

Atualmente, segundo levantamento realizado pela Sesa, a rede privada de saúde do Espírito Santo tem disponível 553 vagas em UTI. Já o Estado possui hoje 177 leitos de terapia intensiva para covid-19, para atendimento dos cerca de 3 milhões de capixabas sem plano de saúde — o que representa cerca de 75% da população.

“Estamos fazendo contratos com hospitais privados, sem interferir nos planos de saúde. Nós estamos contratando os leitos ociosos dos hospitais privados para que a gente possa ampliar esse número de leitos nessa segunda fase”, afirmou, no último sábado (25), o governador Renato Casagrande, durante uma entrevista coletiva.

A Secretaria de Saúde espera contar com 652 leitos de UTI para casos do novo coronavírus até o final de junho. Para conseguir chegar a esse número, uma das saídas será adquirir parte dos leitos de UTI dos hospitais particulares.

O governo estadual não especificou quais hospitais venderiam esses leitos. No entanto, a equipe de jornalismo da TV Vitória/Record TV fez um levantamento de vagas disponíveis nos principais hospitais particulares da Grande Vitória e os dados preocupam.

Para se ter uma ideia, 40% dos leitos particulares de UTI do Espírito Santo pertencem ao Grupo Meridional: 207 no total. Entretanto, até a tarde desta segunda-feira (27), apenas dez leitos exclusivos para covid-19 estavam vagos.

“Nós estamos nos reunindo há dois meses praticamente, acompanhando a evolução dessa doença. É uma doença de evolução incerta, já foi adiado várias vezes o período que seria de pico. Mas nós conseguimos aumentar, se for o caso, pelo menos em 40 leitos de UTI imediatamente, de acordo com a demanda”, afirmou o diretor médico corporativo da Rede Meridional, Paulo Lellis.

Ainda assim, a rede, que conta com sete hospitais espalhados pela região metropolitana e norte do estado, avalia vender parte dos leitos de terapia intensiva para o sistema público. 

A reportagem da TV Vitória também questionou outros hospitais particulares da Grande Vitória sobre a possibilidade de venda de leitos para a rede pública. Os hospitais Santa Rita, Santa Mônica e Vila Velha não deram retorno, assim como a Samp.

A Unimed disse que não vai se pronunciar sobre o assunto. Já o Vitória Apart Hospital informou que dados sobre leitos de covid-19 são repassados à Secretaria Estadual de Saúde. A Santa Casa de Vitória disse o mesmo.

“Nós temos uma estratégia na utilização desses leitos. Temos um quantitativo de leitos de isolamento enorme no estado. Então a gente primeiro pega os pacientes e isola os pacientes. A medida que que nós temos confirmado o paciente hospitalizado como positivo, a partir daí a gente coloca dentro de uma UTI privada, para garantir que só aqueles casos mesmo de pacientes positivos estejam ocupando esses leitos no privado, para que a compra desse leito seja efetiva para aquele paciente que precisa”, ressaltou o subsecretário de atenção à saúde, Fabiano Ribeiro.

Outra alternativa para a rede pública ampliar sua rede de atendimento seria utilizar leitos de terapia intensiva dos hospitais filantrópicos do Espírito Santo para atendimento de casos de coronavírus, o que já ocorre no Hospital Evangélico de Vila Velha. Metade dos 16 pacientes internados com a doença na UTI da unidade foi encaminhada pela rede pública.

“Nós criamos um comitê de crise e esse comitê de crise se reúne todos os dias para a gente traçar estratégias para combater essa epidemia. A gente criou mais dez leitos de UTI, então hoje nós temos 50 leitos de UTI ao todo no hospital. Desses, 20 leitos são destinados exclusivamente para os pacientes covid”, explicou o diretor técnico do Hospital Evangélico, Enrico Stucchi.

De acordo com o diretor técnico, apenas quatro vagas na UTI para pacientes infectados estão desocupadas. O hospital possui ainda 30 outros leitos de terapia reservados para as demais enfermidades. No entanto, 25 deles permanecem ocupados.

“Hoje a gente não está com uma situação confortável, mas hoje a gente consegue ter um giro de leitos adequado, hoje a gente consegue ter uma rotatividade muito alta, que é dentro do esperado de um hospital”, destacou.

Fonte: Record