Ó Virgem Imaculada, Mãe de Deus e Mãe nossa, que vos dignastes abrir neste Santuário a fonte das vossas graças mais singulares, eis-me prostrado aos pés de vossa veneranda e milagrosa imagem. Suplico-vos, ó Nossa Senhora da Penha, com a mais filial confiança, livrai-nos, a mim e aos que me são caros, dos males que nos afligem, e concedei-nos os favores de que necessitamos.

Ó Mãe de Misericórdia, pela Sagrada Paixão de Vosso Divino Filho, pelas dores e angústias de vosso coração materno, tende compaixão de mim, não me deixeis sair deste vosso Santuário sem que primeiro tenhais apresentado ao vosso caro Jesus as minhas ardentes súplicas.

Abençoai-me, ó minha Mãe; espero em vós e não esperarei em vão!

(Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai).


O papel de Nossa Senhora na história da salvação

Vejamos então: “Como Cristo veio até nós? Veio por Si? Veio sem qualquer relação conosco, sem nenhuma cooperação da humanidade? Pode Ele ser conhecido, compreendido, considerado, prescindindo das suas relações reais, históricas e existenciais, que a sua aparição no mundo necessariamente comporta?” Responde o Beato, lógico que não. “O mistério de Cristo está inserido num desígnio divino de participação humana. Ele veio até nós por meio da geração humana. Quis ter Mãe; quis encarnar-se, mediante a participação vital de uma Mulher, da Mulher bendita entre todas, por meio da Virgem Maria”. (Papa Paulo VI, 24 de abril de 1970).

Com essas palavras de sua santidade o Beato Paulo VI, o mesmo quer esclarecer que sem a figura humana de Maria não compreendemos também a figura humana de Jesus. Recorda-nos o recente Concílio Vaticano II na Constituição Dogmática sobre a Igreja, que Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação do homem com fé livre e obediência. (Lumen Gentium, n. 56).

Cristo veio até nós, “por Maria; recebemos dela, encontramo-lo como a flor da humanidade aberta, sobre o caule imaculado e virginal, que é Maria: assim germinou esta flor […]. É por Ela que nós o temos na Sua primeiríssima relação conosco. Ele é homem como nós, é nosso irmão pelo ministério materno de Maria. Se quisermos, portanto, ser cristãos, devemos também ser marianos, isto é, devemos reconhecer a relação essencial, vital e providencial que une Nossa Senhora a Jesus, e que nos abre o caminho que leva a Ele”. (Papa Paulo VI, 24 de abril de 1970).

A forte presença de Maria

Aqui vale ressaltar o perigo que corremos quando falamos da contribuição de Maria na história da salvação. Devemos tomar o devido cuidado para não cairmos nem no maximalismo – no exagero da pessoa de Maria, como se ela fosse a salvadora – nem no minimalismo, ou seja, que ela não tem contribuição nenhuma, é mais uma mulher em meio às demais. Temos de colocá-la no seu devido lugar da história da salvação.

É inegável a contribuição de Maria para com nossa salvação, Deus a escolheu para que tivesse sua contribuição, e esse fato não pode ser negado. Podemos constatar essa verdade pelas palavras do saudoso São João Paulo II, na encíclica Redemptoris Mater, quando ele diz: “Existe uma correspondência singular entre o momento da Encarnação do Verbo e o momento do nascimento da Igreja. E a pessoa que une esses dois momentos é Maria: Maria em Nazaré e Maria no Cenáculo de Jerusalém” (Redemptoris Mater, n. 24).

Aqui, concluo essa reflexão com as palavras ainda de São João Paulo II: “A Virgem Maria está constantemente presente na caminhada de fé do povo de Deus” (Redemptoris Mater, n. 35). Por isso, mesmo que “a Igreja mantém em toda a sua vida, uma ligação com a Mãe de Deus que abraça, no mistério salvífico, o passado, o presente e o futuro; e venera-a como Mãe da humanidade” (Redemptoris Mater, n. 47).