O Hospital Estadual Dório Silva, localizado no município da Serra, realizou, na tarde desta segunda-feira (07), a primeira captação de múltiplos órgãos. A doação foi feita pela família de uma mulher de 33 anos que teve morte encefálica confirmada nesse domingo (06).
Foram captados o coração, os dois rins, as duas córneas e o fígado, sendo uma doação dupla de rim e fígado. O coração foi encaminhado para um hospital do Rio de Janeiro. Os demais órgãos foram encaminhados aos centros de transplantes na Grande Vitória.
O médico coordenador da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos
e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Dório Silva, Antônio
Carlos Peçanha, conta que apesar da dor da perda da família, eles
responderam sim à doação.
“A paciente chegou ao hospital com uma
doença grave e toda equipe médica se envolveu demais, tentamos de tudo.
Diante de toda tristeza por causa da perda, a família compreendeu a
importância de mantê-la viva por meio de outros pacientes”, explicou.
Já a diretora geral do hospital, Katiana Erler, destacou a importância da doação de órgãos. “A doação de hoje irá possibilitar que outras famílias tenham mais vidas. Várias vidas serão transformadas por causa deste ‘sim’. Estamos multiplicando vidas!”, afirmou.
Lista de espera no Espírito Santo
Em todo o Estado, até esta segunda-feira, quatro pessoas aguardam por uma doação de coração, 31 esperam por um fígado, 232 por córneas e 864 pessoas aguardam por transplante de rins.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES), Maria Machado, explicou que a captação dos órgãos acontece somente após constatação de morte encefálica, ou seja, quando há completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Esse diagnóstico é realizado por uma equipe profissional por meio de exames de imagem, exames clínicos e exames laboratoriais. Após a confirmação da morte encefálica, a família é comunicada sobre a situação irreversível e tem a possibilidade de decidir sobre a doação dos órgãos de seu ente.
“Quando e constatado o diagnóstico de uma morte encefálica, uma equipe do hospital acolhe essa família e dá a ela a possibilidade de fazer a doação dos órgãos do seu ente querido”, disse a coordenadora.
A coordenadora destacou ainda o empenho da equipe da CIHDOTT do Dório Silva, que conduziu a entrevista e acolheu a família em um momento delicado e de muito sofrimento. “Esta família disse sim para a doação dos órgãos de seu familiar. Hoje, 57% das famílias capixabas dizem ‘não’ e é somente com o sim das famílias doadoras que os mais de mil pacientes que estão aguardando por um órgão na fila podem ter um novo recomeço”, ressaltou.